É o que indica uma nova pesquisa realizada pelas AMB e APM, 53% dos médicos brasileiros já sofreram pressão e interferência de planos de saúde
Recentemente, a Associação Médica Brasileira (AMB) e a Associação Paulista de Medicina (APM) divulgaram uma pesquisa1 realizada com 3.043 médicos de todas as regiões do país, a qual revelou a pressão que os profissionais da área de saúde recebem dos planos de saúde. Mais da metade dos profissionais relatam haver tentativas ou interferências nos tratamentos, restrições quanto à autorização de exames e dificuldades para internar pacientes, e revelam ainda que sofreram pressão para antecipar altas médicas. Os dados da pesquisa foram coletados entre 25 de fevereiro e 09 de março de 2022.
Já não bastassem essas dificuldades, enfrentadas por profissionais e pacientes todos os dias, as operadoras de planos de saúde buscam novas propostas para enfraquecer ainda mais os diretos dos beneficiários, visando apenas o lucro. São os atendimentos segmentados propostos por alguns planos de saúde, com coberturas de alguns tratamentos e outros não, diante dos quais mais de 70% dos médicos consultados são contrários, pois preveem reflexos negativos para os consumidores.
Sobre a proposta de restringir-se a lista de procedimentos de cobertura obrigatória, editada pela ANS, 83,4% dos médicos que responderam à pesquisa são contrários e 86,5% preveem prejuízos aos pacientes, caso seja implantada.
“Consideramos que os dados encontrados pela pesquisa são gravíssimos. Eles mostram o desrespeito e a violação do trabalho dos médicos, e também o descaso com a saúde dos beneficiários de planos de saúde”, diz o médico César Eduardo Fernandes, presidente da AMB.
Para o presidente da Associação Paulista de Medicina (APM), José Luiz Amaral, as pressões e tentativas de interferência por parte das operadoras de saúde são algo grave e que podem comprometer o resultado de um tratamento médico. “Impacta brutalmente. Por exemplo, se eu não recebo uma autorização para internar alguém que precisa, um determinado tratamento pode ser procrastinado ou nem realizado, agravando a situação clínica do paciente. Ou, se o paciente precisa estender a internação, e o plano não autoriza. Como um médico pode oferecer um tratamento integral nessas condições? — questiona Amaral.
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