Datena admite que ‘escolheu eleição errada’ e defende internação compulsória caso a caso na Cracolândia

por Redação

O tucano José Luiz Datena abriu a entrevista à GloboNews nesta quinta-feira (29) afirmando que não irá desistir da candidatura à Prefeitura de São Paulo. Mais adiante, admitiu que “escolheu a eleição errada”, a “mais difícil” para estrear na política.

“Não tenha dúvida, eu considero muito ter saído na eleição errada. Primeiro que é a eleição mais difícil”, afirmou o candidato do PSDB.

E emendou: “Escolhi a eleição errada também porque nas outras eu estava com 25%, 30% já de saída. Se eu tivesse intenção, na realidade, de sair para uma eleição considerada certa, eu teria saído nas outras eleições, só que o que aconteceu nas outras eleições… Eu fui sacaneado, percebi que tinha sacanagem no meio do caminho e deixei. Até agora, o PSDB cumpriu tudo o que disse que iria cumprir comigo”.

Datena disse também que fazer política é “cansativo” e que, se não for eleito prefeito, talvez nem chegue a se candidatar ao Senado, cargo que era o seu principal desejo.

Quando questionado sobre ausência de metas claras em seu plano de governo, afirmou que “é melhor pedir um cheque em branco [ao eleitor] do que roubar tanto dinheiro do povo” e que seu programa não é “etéreo”, e sim “simples”.

“É melhor pedir um cheque em branco do que roubar tanto dinheiro do povo. Se o povo vota em mim é porque confia em mim. Eu prefiro pedir um cheque em branco porque o povo confia em mim do que, de repente, despejar uma série de números em cima da população e desaparecer com o dinheiro da prefeitura”, ressaltou.

“Se é etéreo ou não, com certeza a gente vai cumprir as metas que estão nele. Ele não é etéreo, porque gente de capacidade fez esse plano de governo. A gente vai procurar crescer, ainda, mais pessoas com capacidade para melhorar o plano, mas eu prefiro também ouvir o povo e acrescentar mais detalhes [posteriormente]”.

Cracolândia
Sobre como pretende lidar com a Cracolândia, o tucano afirmou que não será o prefeito sozinho que vai resolver o problema e defendeu que a gestão municipal lidere uma coalizão para enfrentá-lo: “Todos os atores do sistema de segurança têm que atuar. Polícia Militar, Polícia Civil, Guarda Civil Metropolitana, Ministério Público e Justiça. Tem que ter até Polícia Federal para identificar quem são os barões do crime”.

No que se refere à internação compulsória dos usuários, Datena disse que, “quando o cidadão não tiver condição de decidir se pode ser internado ou não, que me desculpe, mas aí eu seria favorável. Com o apoio da ciência, de que o cara que já não consegue mais discernir se pode usar droga ou não, aí, sim, internação compulsória”.

“Dependente químico precisa ser tratado com carinho”, finalizou.

Tarifa zero
O candidato foi questionado sobre já ter se posicionado contra a tarifa zero de ônibus aos domingos na capital e afirmou que ela é “uma mentira”. “Não é que eu seja contra a tarifa zero, mas ela é uma mentira deslavada. Com tanto subsídio que esse cara dá para o transporte público, e mais infiltração de bandidos no transporte público, com tanto dinheiro que esse cara dá para o transporte público, tarifa zero é uma ova.”

E indagou: “Você acha que o transporte coletivo é um negócio ruim aqui em São Paulo? Por que só três famílias – isso o lado dentro da regra, dentro da lei, tirando o PCC -, por que só três famílias, Pavani, Constantino e Ruas continuam administrando o transporte coletivo há 60 anos? E você não pode tirar, você vai relicitar como essas tarifas? Os caras são donos de garagens. Então, não dá para mexer com esses caras, mas não merecem tanto subsídio assim”.

“O que eu digo que a tarifa zero é mentirosa porque o prefeito dá muito subsídio, paga demais e inventa em época de eleição. Porque ele não deu tarifa zero desde o começo, quando ele começou a dar subsídios para essas empresas”, resumiu.

Sobre sua proposta de oferecer à população uma “tarifa justa”, o tucano disse que pretende “chegar a um cálculo, isso com técnicos da área. Esses caras conseguem manter, com um subsídio menor, uma tarifa justa que eu não sei quanto seria hoje e, mesmo assim, ganhar dinheiro com isso. Não estou querendo que eles transportem as pessoas de graça a semana toda, estou querendo que eles cobrem um preço justo, que eu não especificamente quanto seria hoje, mas sem um subsídio fora da régua”.

Saúde
Para zerar as filas de exames para saúde na cidade de São Paulo, Datena planeja estender o horário de atendimento das UBSs em duas horas.

“A minha ideia é fazer com que as UBSs funcionem pelo menos mais duas horas por dia por causa do trânsito complicado de São Paulo. Em vez de parar às 19h, para às 21h. ‘Quanto você vai usar?’ R$ 600 milhões, isso eu sei. É profundamente necessário. Esse trânsito caótico, as pessoas não chegam nas UBSs, não dá tempo. Fazer funcionar ambulatórios de hospitais que não funcionam, trabalhar melhor o contato com os governos federal e estadual…”

E acrescentou: “Pretendo que dois ou três equipamentos de saúde funcionem 24 horas em cada uma das 32 subprefeituras. Dá para fazer, tem dinheiro”.

Questionado sobre o fato de a gestão de Ricardo Nunes (MDB) não estar cumprindo a legislação a respeito de abortos legais, o tucano disse que isso é um “crime”. “Tem que retomar. Se é legalizado, é necessário. Está colocando em risco a vida de quantas mulheres aí? Não tendo o método legal de fazer, vão procurar esses picaretas que existem por aí correndo o risco de morrer, o que é um absurdo, lamentável. Tirar um serviço desses é desumano.”

Datena é o quarto a participar da série de entrevistas da GloboNews com os candidatos a prefeito da capital paulista no “Central das Eleições”. As sabatinas foram conduzidas por Natuza Nery. Aconteceram ao vivo, começaram às 22h30 e tiveram 1h30 de duração.

Os comentaristas Gerson Camarotti, Julia Duailibi, Andréia Sadi, Daniela Lima e Mônica Waldvogel fizeram perguntas aos candidatos.

A última a ser sabatinada será Tabata Amaral (PSB), nesta sexta-feira (30).

Fonte: G1

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