Complexo de Israel: comunidades do RJ têm traficante que persegue quem não pratica sua religião

por Redação

Na última quinta-feira (24), moradores do Rio viveram uma manhã de terror. Trabalhadores e crianças a caminho da escola ficaram encurralados em ônibus, carros e atrás de muretas da principal avenida da cidade. Eles tentavam se proteger de um tiroteio intenso entre a polícia e traficantes. Três pessoas inocentes morreram.

Os bandidos ocupam o Complexo de Israel, um conjunto de favelas onde um traficante se cerca de conforto, enquanto persegue e pune quem não pratica a mesma religião que ele.

Rotina de medo e violência
O Complexo de Israel é o nome dado a um conjunto de favelas na Zona Norte do Rio, que foi criado pelos traficantes da facção Terceiro Comando Puro. Durante a pandemia, o grupo expandiu seu território, assumindo o controle de cinco favelas.

Como todas as facções criminosas, impõem uma rotina de medo e violência aos mais de 130 mil moradores que vivem ali, mas vai além: no Complexo de Israel, religiões diferentes da seguida pelo chefe do tráfico não são toleradas.

O dono do Complexo de Israel Álvaro Malaquias Santa Rosa, o traficante Peixão. Ele é um dos criminosos mais procurados e tem sete mandados de prisão. Peixão se diz evangélico não permite a prática de religiões de matrizes africanas nas comunidades e até celebrações católicas foram proibidas.

Em um vídeo, um traficante da facção aparece agredindo violentamente uma freira.

Um levantamento da Polícia Civil mostra que o grupo de Peixão é suspeito de desaparecer com pelo menos 28 pessoas desde 2017. Até hoje ninguém foi encontrado.

Vida de luxo financiada pelo crime
Nas ruas, além de barricadas, os criminosos abriram valas enormes para impedir a passagem da polícia, além de usar câmeras e drones para monitorar as comunidades.

No último dia 10, as polícias Civil e Militar entraram em uma das comunidades para tentar prender o Peixão, mas ele fugiu.

A polícia descobriu que rede criminosa financia uma vida de luxo e bem-estar exclusiva para os criminosos, possuindo imóveis com piscina, sauna e até uma lagoa artificial.

Reação do governo
Na operação no Complexo de Israel, a polícia admitiu que não tinha dados de inteligência para prever o tamanho da reação dos criminosos, mas o governador do Rio nega falhas na política de segurança pública.

Cláudio Castro defende uma ação conjunta de prefeituras do estado e do governo federal para enfrentar as facções criminosas.

O Ministério da Justiça e Segurança Pública disse, em nota, que não tem medido esforços para auxiliar os estados, especialmente o Rio de Janeiro, no combate à criminalidade, e que marcou uma reunião no Rio na próxima terça-feira. A nota diz ainda que o ministro Ricardo Lewandowski tem atendido a todos os pedidos do governador Cláudio Castro de renovação da permanência da Força Nacional no estado.

O Ministério informou que apresentou ao presidente Lula uma proposta de emenda à Constituição para dar mais poderes à União nas ações de segurança pública.

Em relação à planilha de pagamentos de propina supostamente feitos por traficantes do Complexo de Israel, a Polícia Militar disse – em nota – que há uma investigação em andamento na Corregedoria Geral da corporação, e que essa investigação está sob sigilo.

Também em nota, a Polícia Civil disse que investiga e atua no combate aos delitos praticados pelos traficantes do Complexo de Israel. A nota, porém, não responde ao nosso questionamento sobre o pagamento de propina a policiais.

Fonte: FANTASTICO

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