‘Guerra dos bonés’: entenda como adereço virou protagonista de embate entre governistas e bolsonaristas

por Redação

Deputados do PL organizaram na segunda-feira uma manifestação contra o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva no plenário da Câmara, durante a cerimônia de abertura do ano legislativo. Os parlamentares usaram um boné com a frase “Comida barata novamente, Bolsonaro 2026” e gritaram “nem picanha, nem café”, com a carne embalada nas mãos, em referência a alimentos que puxam a alta da inflação, tema que tem pressionado a popularidade da gestão Lula.

A ideia da distribuição dos bonés foi do líder do PL, Sóstenes Cavalcante (RJ). O movimento ocorreu em resposta a ministros da gestão petista e aliados, que adotaram o acessório na cor azul e com o slogan “O Brasil é dos brasileiros” durante a eleição da cúpula do Congresso, no sábado. Na ocasião, os ministros Alexandre Padilha (Relações Institucionais), Carlos Fávaro (Agricultura), Camilo Santana (Educação), que se licenciaram do cargo para participar da votação, aderiram ao boné, além do líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (PT-AP). Na segunda-feira, deputados da base e Padilha voltaram a exibir a peça, que ganhou uma versão também em amarelo.

A frase usada pelos governistas foi sugerida pelo novo ministro da Secretaria de Comunicação da Presidência, Sidônio Palmeira, e buscou fazer um contraponto ao boné vermelho — cor do partido Republicano nos EUA — usado pela campanha de Donald Trump e que estampa o bordão “Make America Great Again” (“Faça os EUA grandes novamente”).

— A ideia foi minha, mas eu pedi a frase para o Sidônio. Ele que entende. Eu fico agoniado em ver gente batendo continência para outro país e outras bandeiras — disse Padilha no sábado.

Nos últimos meses, a peça que virou símbolo de Trump foi incorporada por aliados de Bolsonaro. O ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro e outros parlamentares do PL gravaram lives exibindo os bonés trumpistas na época da posse do presidente americano. O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) também compartilhou uma foto com o acessório nas redes sociais em janeiro.

Na segunda-feira, Sóstenes ironizou a reação ao governo:

— A ideia foi do Sidônio (Palmeira, ministro da Secom). Tudo que ele fizer, nós vamos copiar e fazer melhor.

A oposição a Lula tem apostado na pauta da inflação para fazer frente ao governo em meio à queda na aprovação da gestão federal registrada pela pesquisa Genial/Quaest, principalmente no segmento de menor renda. No levantamento, pela primeira vez o apoio ao governo (47% dos entrevistados) ficou numericamente atrás do percentual de desaprovação (49%).

Disputa no gogó
Além do boné, a oposição também aproveitou a sessão para provocar a gestão Lula com palavras de ordem. Após a abertura da sessão pelo presidente do Congresso, Davi Alcolumbre (União-AP), os parlamentares passaram a gritar:

— Lula, cadê você? O povo está querendo o que comer.

Em resposta, do lado esquerdo do plenário, a base do governo também puxou um coro.

— Sem anistia — responderam os parlamentares, em referência ao projeto de lei que propõe anistiar envolvidos nos atos golpistas de 8 de janeiro de 2023, em tramitação no Congresso.

Em resposta à confusão, Alcolumbre chamou a atenção dos parlamentares:

— Queria pedir, na defesa do Congresso e em respeito a esta sessão, com a presença de autoridades, por favor, a cordialidade de todos e todas.

Fonte: OGLOBO

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