A imprensa internacional repercutiu a decisão da Justiça brasileira na quarta-feira (26) de tornar Jair Bolsonaro e outros sete ex-integrantes de seu governo réus, acusados de tentativa de golpe de Estado.
O jornal americano “The New York Times” disse que a decisão dos juízes do Supremo Tribunal Federal marca um “esforço significativo para responsabilizar Bolsonaro pelas acusações de que ele tentou de fato desmantelar a democracia do Brasil ao orquestrar um plano amplo para dar um golpe”.
Segundo o New York Times, a investigação das autoridades revelou o quão perto o Brasil chegou de retornar a uma ditadura militar após quase quatro décadas como uma democracia moderna”.
“O esquema, de acordo com os promotores, também incluiu semear dúvidas infundadas sobre a confiabilidade das urnas eletrônicas do Brasil nos meses que antecederam a votação de 2022. Bolsonaro alegou que só poderia perder se a eleição fosse fraudada a favor de seu oponente.”
O jornal americano destacou que, se condenado, Bolsonaro pode pegar de 12 a 40 anos de prisão, embora analistas políticos esperem uma sentença menor.
“Uma condenação também o tornaria permanentemente inelegível para concorrer a um cargo sob a lei atual.”
O jornal também destaca os esforços de Bolsonaro e seus aliados de buscar apoio do presidente americano, Donald Trump.
O jornal americano de finanças “Wall Street Journal” disse que o julgamento de Bolsonaro “deve aprofundar as tensões políticas em um país que está dividido antes da eleição presidencial de outubro de 2026, dizem cientistas políticos, especialmente se o ex-presidente for condenado e preso”.
“Um populista que se apresenta como um gladiador da direita nas guerras culturais do Brasil, Bolsonaro venceria por pouco a eleição presidencial contra Lula, mostrou uma pesquisa recente do instituto de pesquisas Paraná Pesquisas do Brasil. A aprovação do trabalho de Lula caiu para uma baixa histórica de 24% no mês passado, em parte devido a preocupações com a inflação, de acordo com a pesquisa Datafolha”, destacou o Wall Street Journal.
Assim como o New York Times, o Wall Street Journal também noticiou a tentativa de aproximação de bolsonaristas com os EUA, afirmando que Eduardo Bolsonaro “disse no início deste mês que buscaria asilo político nos EUA, onde espera construir apoio político para seu pai”.
O Wall Street Journal destacou que “não houve comentários de Trump ou de qualquer funcionário do governo sobre os problemas de Bolsonaro ou se os EUA poderiam encontrar uma maneira de ajudá-lo”, mas o jornal falou sobre as recentes manifestações de Elon Musk contra Alexandre de Moraes.
Perdão de presidente aliado
O jornal britânico “The Guardian”, disse que os ataques de 8 de janeiro — que fizeram parte do julgamento que tornou Bolsonaro réu — “foram supostamente incitados como parte de uma tentativa desesperada de devolver Bolsonaro à presidência, contra a vontade pública, criando tumulto que justificaria uma intervenção militar”.
O Guardian diz que Bolsonaro busca formas de voltar a poder concorrer nas eleições do ano que vem.
O Guardian também disse que “o populista de extrema direita também está contando com o apoio de seu mais importante aliado estrangeiro, o presidente dos EUA, Donald Trump, em sua busca para evitar a prisão e garantir sua sobrevivência política”.
O também britânico “Financial Times” destacou que o julgamento de Bolsonaro poderia começar nas próximas semanas e que especialistas jurídicos acreditam que um veredito é provável antes do final do ano.
O jornal argentino “La Nacion” publicou um artigo do jornal brasileiro O Globo no qual analisa o cenário eleitoral brasileiro diante do julgamento de Bolsonaro.
O artigo é intitulado “A aposta de Jair Bolsonaro, com um olho no processo e outro nas eleições de 2026”.
“Ele poderia tentar continuar com a mesma velha história, mas sua agora confirmada inelegibilidade para concorrer, a deserção de seu filho Eduardo e o andamento das inúmeras frentes judiciais nas quais ele é alvo de investigações e que terminarão em processos criminais, como o atual, tornam esse discurso menos crível para uma massa de apoiadores cada vez menos disposta a segui-lo cegamente.”
“Bolsonaro também está olhando principalmente para o futuro, tentando mapear cenários que lhe permitiriam reverter uma provável condenação e possível prisão, e até mesmo se vingar daqueles que ele considera seus perseguidores.”
Fonte: G1