A psicóloga Nina Pintan, 31, de Goiânia (GO), não aguentava mais ver a ousadia de pessoas estranhas, simplesmente tocando em seus filhos, os gêmeos Clarice e Eduardo, de 1 ano, sem autorização. Depois de um episódio em que ficou muito irritada em um supermercado, ela teve a ideia de escrever um recado, com letras garrafais, e colar no carrinho, dizendo: “Não toque nos bebês”. Em um vídeo, ela mostrou o cartaz e explicou a situação que a motivou a fazer isso. Compartilhado nas redes sociais, o post viralizou.
Ela explicou, em entrevista a CRESCER, que, desde que decidiu engravidar, se programou para cuidar dos bebês sem ajuda externa, só ela e o marido. Mesmo quando descobriu que esperava gêmeos, em uma gestação natural, ela não mudou de ideia. No início, Nina teve dificuldades com a amamentação, mas, ainda assim, seguiu adiante, e conseguiu. “Nunca quis terceirizar os cuidados deles”, afirma. “Posso falhar em qualquer outro papel, em qualquer outra função, mas na função de cuidar dos meus filhos, esta não é uma opção”, reforça. Ela até contratou uma pessoa para ajudar em casa, com as outras tarefas, mas faz questão de assumir os cuidados com os gêmeos.
Como mãe de crianças pequenas e, sobretudo, de gêmeos, Nina já está habituada a lidar com a curiosidade das pessoas, perguntando se são idênticos, se foram planejados, se ela engravidou naturalmente. “Até aí, tudo certo. Mas quando as pessoas que eu não conheço encostam neles, não acho legal”, disse ela. “Acho que é muito importante ensinar a eles, mesmo que não entendam agora, que o corpo deles tem limites, que as pessoas não podem chegar tocando ou fazendo o que quiser”, observa.
Ela explica que já aconteceu diversas vezes, em diferentes situações, de as pessoas chegarem para tocar nos bebês e ela ou o marido dizerem, educadamente, para não fazerem isso. Porém, no dia do supermercado, a que ela se refere no vídeo, a paciência foi embora. “Eu tinha ido comprar umas frutas e fui para a fila preferencial do caixa com os dois. Aí, uma senhora veio e ficou interagindo. Sem problemas”, lembra. Nina achou tão fofo, que quis registrar o momento. “Quando abaixei para olhar para o celular, ela deu um toquinho na mão da Clarice, que estava na frente. Aquilo me irritou tanto, que eu deixei as frutas lá e vim embora”, conta. “Dois dias depois, eu precisava comprar as frutas e já estava estressada com a situação. Na hora, peguei a primeira folha que vi, a caneta, e escrevi. Aí, filmei”, acrescenta.
A princípio, Nina postou a filmagem apenas nos stories, mas a fisioterapeuta dela adorou e disse que queria compartilhar. Então, ela postou nos reels do Instagram para facilitar e o vídeo explodiu. “Eu não imaginava que geraria toda essa repercussão”, diz ela. Com a viralização, a mãe recebeu diversos comentários e alguns a deixaram horrorizada. “Tinha um monte de gente falando: ‘Ah, então, não sai de casa’ ou ‘Coloca em uma bolha’. O ponto é que eu não quero colocar meus filhos em uma bolha. Quero, sim, que eles vivenciem todas as experiências”, diz ela. “Só não quero pessoas estranhas pegando neles. É simples”, explica.
Além disso, como ela conta, no vídeo, que se estressou e deixou as frutas, muitas pessoas a criticaram, dizendo que, por ser psicóloga, ela não deveria ter reagido daquele jeito. “Psicólogo também é gente e reage. Sou psicóloga, mas, se tenho uma noite mal dormida, vou ficar mais cansada, posso ter uma tolerância um pouco menor às situações. Sou humana”, desabafa.
Fonte: revistacrescer