Criado apenas pelo pai, que é acusado de sequestrá-lo, o adolescente que foi reencontrado pela avó após 15 anos no último mês tirou a primeira carteira de identidade. Nesta quarta-feira (28), acompanhado da avó, a dona de casa Maria Salvadora, de 60 anos, o rapaz esteve na sede do Detran, no Centro do Rio, e fez o documento.
Durante todos esses anos, o adolescente – que hoje tem 16 anos – não tinha documento. Apenas, xerox da certidão de nascimento. Ele também nunca foi à escola – ele foi alfabetizado em casa.
Após duas horas de espera, ele recebeu o documento. Emocionado, ele desabafou:
Após tirar a documentação, o rapaz também poderá frequentar a sala de aula.
A Secretaria de Educação de São Gonçalo afirmou que o adolescente terá uma vaga garantida em uma unidade de ensino na região onde ele mora com a avó. O rapaz cursará o EJA (Educação de Jovens e Adultos), que é uma modalidade da educação básica destinada a jovens e adultos acima de 15 anos que não tiveram acesso e/ou não concluíram o Ensino Fundamental.
Desde que se lembra, pergunta pela mãe, a dona de casa Viviane Machado Modesto da Silva, que está desaparecida desde os primeiros anos de sua infância, após ser vista pela última vez com ex-marido Marcos Paulo da Silva Pinto.
Mãe segue desaparecida
Em outubro de 2008, o jovem estava na iminência de completar 2 anos de idade quando foi levado pelo pai, Marcos Paulo da Silva Pinto. Durante todo esse tempo, ele foi criado apenas pelo pai e a madrasta e nunca teve contato com a mãe.
Há um mês, após receber um telefonema com a localização, sua avó materna o encontrou em uma casa humildade de um bairro de Cachoeiras de Macacu, na Região Serrana do Rio, e agora segue na luta para tentar desvendar o paradeiro da filha. O caso foi revelado com exclusividade pelo g1 e pelo RJ2.
O RJ2 foi até Cachoeiras de Macacu, a 100 quilômetros do Rio. No local, a reportagem achou Marcos Paulo na varanda de uma casa, sem conseguir falar. O adolescente conta que passava necessidades com ele, inclusive fome.
“Se alguém tivesse me dado ouvido, a minha filha poderia estar aqui. Mas, não me deram voz. Agora, depois de todos esses anos, só quero saber o que aconteceu com ela. Se ela estiver morta, de onde tiver saberá que nunca desisti dela e que estou com o meu neto e vou cria-ló. Mas, se ela estiver viva, verá o meu esforço”, conta dona Maria Salvadora.
Fonte: G1