A volta ao trabalho presencial e, em alguns casos, a adoção do sistema híbrido já se refletem na economia e podem ser vistas no melhor desempenho de um dos setores que mais foi atingido pela crise durante a pandemia da Covid-19: o de restaurantes, bares, lanchonetes e padarias. Em abril, o volume de transações realizadas nesses estabelecimentos registrou alta de 19,1%, em comparação ao mesmo período de 2021.
Os dados são dos ICR (Índices de Consumo em Restaurantes), levantamento desenvolvido pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) em parceria com a Alelo, empresa de serviços financeiros, especializada em benefícios corporativos. Os cálculos são feitos a partir das operações realizadas com os cartões Alelo Alimentação e Alelo Refeição, em todo território nacional.
O segmento responsável pela alimentação fora de casa, que também os considera os serviços de entrega (delivery) e a retirada em balcão/para viagem (pick-up), apresentou crescimento de 4,5% no valor gasto. No mesmo período, o número de estabelecimentos que efetivaram pelo menos uma transação permaneceu praticamente estável, com pequena queda, de 0,1%.
O desempenho dos setores é avaliado desde o início da pandemia, levando em consideração a inflação no período. “Pelo terceiro mês consecutivo notamos um aumento na quantidade de vendas dos restaurantes, bares, padarias e lanchonetes. Mesmo que esses números ainda estejam distantes do cenário observado antes da pandemia, mostra uma recuperação importante para o setor, com o faturamento também apresentando resultados otimistas”, diz Cesario Nakamura, presidente da Alelo.
Se forem analisadas as variações na comparação de 2022 com 2019, período pré-pandemia, os resultados dos ICR de abril indicam queda no consumo nos restaurantes e demais estabelecimentos voltados à alimentação: diminuição de 32,6% no faturamento, de 44,0% na quantidade de vendas e de 8,3% no número de estabelecimentos que realizaram ao menos uma transação.
Supermercados
Com a volta aos escritórios, há menos pessoas preparando a própria comida. O faturamento dos supermercados mostra isso, com uma queda de 15,3% em abril, segundo os ICS (Índices de Consumo em Supermercados). Esses índices monitoram as operações de consumo realizadas em estabelecimentos como supermercados, quitandas, mercearias, hortifrutis e sacolões, entre outros.
Além da diminuição do valor gasto pelos consumidores, os ICS revelam que o segmento encerrou o mês de abril com queda de 2,1%, no número de estabelecimentos que realizaram pelo menos uma transação. Em relação à quantidade de transações, houve queda de 15,1%. Todas as comparações são com abril de 2021.
Na análise do comportamento de consumo em supermercados, na comparação entre 2022 e 2019, os ICS apontam um ligeiro avanço no faturamento (0,9%), e aumento de 8,4% no número de estabelecimentos que registraram ao menos uma transação. Entretanto, houve queda de 7% na quantidade de vendas.
Para os pesquisadores da Fipe, os resultados dos indicadores de consumo de abril de 2022 reforçam o contraste entre o desempenho dos dois segmentos nos últimos 12 meses: os supermercados, embora tenham consumo equiparável ao nível pré-pandemia, apresentam nítida retração no consumo. As divergências na evolução de consumo dos dois segmentos podem repercutir em mudanças nos hábitos e no comportamento dos consumidores, como na migração dos gastos e uma maior disposição em pagar por serviços (incluindo bares e restaurantes), por exemplo.
Regiões
Todas as regiões do país apresentam resultados negativos na variação do valor gasto em restaurantes na comparação de abril de 2019 com abril de 2022, mas é possível notar um maior impacto na região Nordeste, com uma queda de 38,8%. Na região Centro-Oeste, a queda foi de 33,6%, na Norte, de 33,5%, na Sudeste, de 32,4%, e na Sul, de 30,9%.
Os estados que tiveram as maiores diminuições nos valores gastos nos estabelecimentos de alimentação foram o Ceará, com queda de 46,1%, Maranhão, com diminuição de 43,7%, Rio de Janeiro, com 43,1%, Bahia, com 42,5%, Amazonas (39,7%), Rio Grande do Sul (37,9%) e Pernambuco (37,2%).
Quedas menos expressivas foram observadas em Minas Gerais (31,0%), São Paulo (29,6%), Paraná (27,7%) e Santa Catarina (26,8%).