Apesar de inflação menor, mais pobres ainda sentem alimento e transporte, diz Ipea

As famílias de renda muito baixa perceberam uma desaceleração na inflação na passagem de dezembro para janeiro. Porém, os gastos com alimentos e transportes ainda pesaram no bolso.

Os dados foram divulgados nesta terça-feira (14) pelo Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada).

O Indicador Ipea de Inflação por Faixa de Renda mostra que o aumento nos preços passou de 0,71%, em dezembro, para 0,47%, em janeiro. Isso para as pessoas de renda muito baixa. Para o grupo de renda alta, a inflação acelerou de 0,50%, em dezembro, para 0,56%, em janeiro.

No caso dos menos favorecidos economicamente, o encarecimento dos produtos de farinha de trigo e, consequentemente, dos panificados foi o principal responsável pelo resultado negativo no ramo dos alimentos.

Foi o que analisou a técnica Maria Andreia Parente Lameiras, na Carta de Conjuntura do Ipea:

“Mesmo diante da queda de preços das carnes (-0,47%) e de aves e ovos (-1,2%), a alta dos cereais (3 5%), das hortaliças (6,4%) e das frutas (3,7%) e os reajustes dos produtos da cadeia do trigo — farináceos (0,98%) e panificados (0,55%) — explicam o impacto deste grupo para a inflação em janeiro, especialmente para as famílias de menor renda”.

Já a respeito dos transportes, o aumento de tarifas de ônibus e da gasolina foi o vilão da classe de renda mais baixa em janeiro. Por sua vez, os mais ricos se beneficiaram com a queda de passagens de avião e corridas de aplicativo.

“O aumento das tarifas dos ônibus urbano (0,91%) e interestadual (2,1%) e a elevação da gasolina (0,8%) foram os principais focos inflacionários, em janeiro, para as classes de renda mais baixa. Já para a faixa de renda mais alta, a queda das passagens aéreas (-0,51%) e dos transportes por aplicativo (-17%) ajudou a reduzir o impacto provocado pela alta dos combustíveis e das despesas de emplacamento, seguro e manutenção veicular”, analisou Lameiras.

Com o resultado, a inflação acumulada em 12 meses alcançou 7,05% na faixa de renda alta, e ficou em 6,18% na faixa de renda muito baixa.

“Para a classe de renda alta, mesmo com os reajustes de alimentos, transportes e comunicação, a maior contribuição à inflação, em janeiro, veio dos reajustes do grupo despesas pessoais, refletindo os aumentos dos serviços pessoais (0,75%) e de recreação (0,89%), cuja parcela do orçamento gasto por estas famílias na aquisição destes serviços é proporcionalmente bem maior que a observada nas faixas de renda mais baixa. Deve-se registrar ainda que, para todas as faixas de renda, parte desta alta inflacionária, em janeiro, foi atenuada pelas deflações das roupas (-0,7%) e dos artigos de higiene pessoal (-1,3%).”
Maria Andreia Parente Lameiras
O IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo), que mede a inflação no país e é usado pelo Ipea para fazer o cálculo da inflação por faixa de renda, desacelerou de 0,62%, em dezembro, para 0,53%, em janeiro. A taxa acumulada em 12 meses ficou em 5,77% em janeiro.

O indicador do Ipea separa por seis faixas de renda familiar as variações de preços medidas pelo IPCA.

Os grupos vão desde uma renda familiar menor que R$ 2.015,18 por mês, no caso da faixa com renda muito baixa, até uma renda mensal familiar acima de R$ 20.151,76, no caso da renda mais alta.

Fonte: Com informações da Agência Estado

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