Após dez meses, a Justiça soltou nesta semana o motorista do Porsche amarelo que estava preso por perseguir, atropelar e matar um motoboy em 2024 em São Paulo.
Em contrapartida, ele terá de usar tornozeleira eletrônica, ficará com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) suspensa, está proibido de deixar a capital paulista por mais de uma semana sem avisar a Justiça, também não poderá sair do Brasil, devendo entregar o seu passaporte.
A decisão é de sexta-feira (30) (saiba mais abaixo por quais motivos a Justiça mandou soltá-lo).
O empresário Igor Ferreira Sauceda, de 28 anos, estava detido preventivamente pelo assassinato de Pedro Kaique Ventura Figueiredo em 29 de julho. O condutor do carro de luxo atingiu a moto da vítima por trás a 102,3 km/h na Avenida Interlagos, na Zona Sul de São Paulo, segundo laudo pericial.
A velocidade máxima permitida para a via é de 50 km/h. Câmeras de segurança gravaram o momento em que o Porsche persegue o motoboy e o derruba. O motivo: instantes antes, o motoboy havia quebrado o retrovisor do lado do condutor do automóvel esportivo (veja vídeo abaixo.)
O motoboy chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos e teve a morte confirmada num hospital. Ele sofreu politraumatismo e hemorragia cerebral, segundo o Instituto Médico Legal (IML). A vítima tinha 21 anos. Segundo a perícia, Pedro tinha ingerido bebida alcoólica momentos antes de pilotar sua moto.
Motivos da soltura
A 3ª Vara do Júri concordou com o pedido da defesa do réu, que alegou que seu cliente não ameaçou testemunhas e colaborou com a investigação da polícia _antes, esses eram alguns dos argumentos usados pelo Ministério Público (MP) para pedir à Justiça a manutenção da prisão de Igor.
Igor havia sido levado detido ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na região metropolitana. Por meio de nota, a Secretaria da Administração Penitenciária (SAP) confirmou que Igor deixou a unidade prisional neste sábado (31):
“A Secretaria da Administração Penitenciária informa que a pessoa citada deixou hoje o Centro de Detenção Provisória II de Guarulhos em virtude de revogação da prisão preventiva expedida pelo Poder Judiciário”, informa o comunicado.
Procurado para comentar o assunto, o advogado Carlos Bobadilha Garcia Neto, informou por meio de nota que “a defesa pede a compreensão de todos e esclarece que nāo vai se manifestar nesse momento, limitando sua atuação seguindo estritamente o devido processo legal.”
Em outras ocasiões, os advogados de Igor alegaram que o atropelamento de Pedro foi um acidente. E que, por esse motivo, o motorista tem de responder a processo por homicídio culposo, sem intenção de matar.
Réu responderá em liberdade
Em fevereiro deste ano a Justiça havia marcado a audiência de instrução do caso no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste da capital. Essa etapa do processo serve para ouvir testemunhas e depois interrogar o réu, que agora responderá em liberdade. Após isso, será decidido se ele irá ou não a júri popular pelo crime.
De acordo com a acusação feita pelo Ministério Público, Igor teve a intenção de matar Pedro. A Promotoria o acusa por homicídio doloso triplamente qualificado por motivo fútil, emprego de meio cruel e recurso que dificultou a defesa da vítima.
A Promotoria chegou a pedir à Justiça um “valor mínimo de indenização a ser pago aos familiares da vítima”. Isso porque, de acordo com o MP, “Pedro era casado e sua esposa estava grávida na data do crime”.
Fonte: G1