Após 24h de apagão elétrico, governo ainda não identificou motivo de queda generalizada

Mais de 24 horas depois de 25 estados do país e o Distrito Federal registrarem um apagão, o governo federal ainda não conseguiu identificar o motivo que fez quase todo o Brasil ficar sem luz. Até o momento, o Executivo cita apenas que houve sobrecarga em parte do sistema nacional de energia e falha técnica, sem explicar como isso teria acontecido.

Na manhã de terça-feira (15), todas as regiões do Brasil registraram falta de energia elétrica. Em algumas cidades, o apagão durou alguns minutos. De acordo com o governo, entre 27 e 29 milhões de brasileiros foram afetados.

O Ministério de Minas e Energia afirmou em nota que, a partir de dados do Operador Nacional do Sistema (ONS), registrou uma ocorrência às 8h31 na rede de operação do Sistema Interligado Nacional (SIN) que provocou a “separação elétrica das regiões Norte e Nordeste das regiões Sul e Sudeste do país”, com a interrupção de pelo menos 16 mil megawatts de carga.

Após esse episódio, o ONS decidiu, por conta própria, fazer uma “ação controlada” nas regiões Centro-Oeste, Sul e Sudeste. Isso foi necessário para “evitar propagação da ocorrência”, de acordo com o órgão. Houve corte de carga controlado de 2.900 megawatts, o que evitou um desligamento maior nessas regiões.

O fornecimento de energia foi normalizado em todo o país cerca de seis horas após o início do apagão. Segundo o Ministério de Minas e Energia, o Sistema Interligado Nacional voltou a funcionar totalmente às 14h49.

Ainda na terça, o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, disse que uma sobrecarga no Ceará teria dado início ao apagão. Ele também comentou que outro evento, ainda não identificado pelo governo, teria contribuído para a queda de energia em todo o país.

“Foi um fato que causou a interrupção na região Norte e Nordeste e, por uma contingência planejada do ONS, minimizou a carga das regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste, para que não houvesse a interrupção total nessas regiões”, explicou Silveira em entrevista à imprensa.

“Um dos eventos já apontados pelo ONS aconteceu no norte do Nordeste, mais precisamente na região do Ceará. O outro evento possível ainda não está detectado pelo ONS. Os dados técnicos serão passados no momento adequado. Serão passados nas próximas 48 horas”, acrescentou o ministro.

Nesta quarta-feira (16), o ministro da Casa Civil, Rui Costa, disse que o apagão foi consequência de “erro técnico, falha técnica”.

“Foi erro técnico, falha técnica. Precisa identificar o que foi que aconteceu, e espero que o mais rápido possível nós consigamos dizer à sociedade”, afirmou Costa em entrevista à Empresa Brasil de Comunicação (EBC).

Ele ressaltou que o Brasil tem “sobra de energia” e que, portanto, não há razão para o episódio ocorrido na terça. “Não há razão para esse apagão. A gente viveu alguns apagões no Brasil em períodos onde nós tínhamos crise de geração de energia, ou seja, reservatórios de água estavam em baixa. Você tinha mais demanda que oferta, o que levava ao colapso no sistema”, comentou.

“Não é o caso neste momento, nós estamos com sobra de energia. Os reservatórios estão todos cheios, nós temos um parque eólico e solar gerando muita energia. Não há razão, nem de oferta, nem de demanda”, completou Costa.
A pedido do Ministério de Minas e Energia, a Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) vão investigar se houve dolo no apagão registrado em todas as regiões do país.

“Como eu tenho absoluta convicção de que o ONS, até pela sua característica técnica, não vai ter condição de dizer textualmente se esses eventos foram eminentemente técnicos ou se houve falha humana, ou até dolo, eu estou oficializando o Ministério da Justiça para que seja encaminhado à Polícia Federal o pedido de instauração de inquérito para que apure com detalhes o que poderia ter ocorrido, além de diagnosticar apenas onde ocorreu. Tanto a Polícia Federal quanto a Abin, para apurar eventuais dolos no ocorrido de hoje”, disse Silveira.

Fonte: r7

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