Após pagers, ‘walkie-talkies’ do Hezbollah explodem em Beirute e no sul do Líbano; 9 morrem

Um dia após milhares de pagers do Hezbollah explodirem, vários “walkie-talkies” do grupo extremista também foram detonados nesta quarta-feira (18), em Beirute e no sul do Líbano. Nove pessoas morreram e 300 ficaram feridas, segundo o Ministério da Saúde libanês.

Criados na Segunda Guerra Mundial, os “walkie-talkies” são dispositivos de troca de mensagens de voz entre si via ondas de rádio.

A agência de notícias Associated Press afirmou que vários sistemas de energia solar de casas em Beirute também explodiram e que alguns “walkie-talkies” foram detonados durante funerais de vítimas do ataque aos pagers na terça-feira.

Houve relatos de dezenas de pequenas explosões pela capital libanesa, e várias imagens feitas pela cidade nesta manhã mostram focos de incêndio e “walkie-talkies” detonados (veja abaixo).

O caso, o segundo similar em 24 horas, aumentou as tensões na região e repercutiu na Organização das Nações Unidas (ONU). O secretário-geral da ONU, Antonio Gueterres, condenou o uso de ‘objetos civis’ como arma de guerra, e o governo libanês pediu uma reunião no Conselho de Segurança, que será realizada na sexta-feira (20).

Líbano, Irã e Hezbollah acusaram Israel, que ainda não havia se manifestado até a última atualização desta reportagem. Após o caso, no entanto, o Ministério da Defesa de Israel afirmou que o foco da guerra está mudando para o norte do país (que faz fronteira com o Líbano, onde o Hezbollah atua), segundo a imprensa local.

Fontes do governo libanês disseram à agência Reuters que os dispositivos atingidos nesta quarta também foram adquiridos há cinco meses, na mesma época em que o grupo comprou os pagers que explodiram na terça, em um ataque coordenado que matou 12 pessoas e feriu quase 3.000.

Os pagers — dispositivos de recebimento de mensagem por texto usados nas décadas de 1980 e 1990, antes de os celulares existirem — eram usados pelo grupo extremista como forma de comunicação para evitar rastreamento por Israel, já que, ao contrário de celulares, os pagers não têm GPS.

O Hezbollah, grupo extremista fundado no Líbano, tem atacado o norte de Israel desde o início da guerra na Faixa de Gaza, em outubro de 2023. Assim como o Hamas, o Hezbollah é financiado pelo Irã. Nas últimas semanas, as tensões entre o grupo extremista e Israel aumentaram, após um ataque do grupo a cidades israelenses no norte.

Explosão de pagers

As explosões dos pagers na terça-feira ocorreram em um intervalo de cerca de uma hora em locais como lojas, praças e supermercados. Doze pessoas, entre elas uma menina de 4 anos, morreram, e cerca de 3.000 ficaram feridas.

O governo do Líbano e o Hezbollah acusaram Israel de ter implantado explosivos dentro dos pagers, antes mesmo de que os aparelhos fossem comprados pelo grupo extremista.

Israel não se pronunciou, e os EUA negaram terem tido qualquer participação no ataque. Mas a imprensa norte-americana afirmou, com base em fontes de diferentes governos, que o Mossad, o serviço de inteligência de Israel, foi quem planejou e executou o ataque.

Segundo o jornal “The New York Times”, a suspeita é que Israel implantou explosivos em um lote de pagers encomendado pelo Hezbollah. Os explosivos foram implantados através de um chip, eram indetectáveis e tinham um algoritmo específico para serem ativados, segundo disse nesta quarta a TV libanesa Al Mayadeen.

A publicação afirmou, em reportagem na terça, que uma carga explosiva com menos de 50 gramas foi colocada próxima à bateria, junto a uma espécie de interruptor. Isso possibilitaria que os pagers fossem detonados remotamente.

Os equipamentos haviam sido importados ao Líbano da Gold Apollo, fabricante de pagers com sede em Taiwan. A Gold Apollo, no entanto, informou que os aparelhos foram fabricados por uma empresa sediada em Budapeste. Os pagers foram produzidos pela BAC Consulting KFT, sediada na capital da Hungria.

Fonte: G1

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