Brasil Após sofrer abuso sexual na infância, mulher se torna policial e prende próprio agressor em SC Redação4 de fevereiro de 2025037 visualizações Aos 9 anos, Jessica Martinelli foi vítima de um crime, que continuou ocorrendo por cerca de dois anos e meio. Aos 15, denunciou o abuso sexual, mas encontrou inúmeras dificuldades com cada autoridade que contatou. Aos 25 anos, após se tornar policial civil em Chapecó, no Oeste de Santa Catarina, ela conseguiu prender o próprio agressor, um amigo da família. Aos 33, escreveu um livro, lançado no final de 2024, para contar essa história. Ela resolveu relatar o que aconteceu também para trazer conforto a outras pessoas que tenham sofrido crimes semelhantes. Crime e denúnciaOs abusos ocorreram quando Jessica tinha entre 9 e 11 anos e meio e só pararam depois que a amizade entre o agressor e a família dela rompeu. O homem tinha 33 anos quando os crimes começaram. Jessica, porém, não sentia uma abertura da própria família para contar a eles o que aconteceu. “Mas eu tinha necessidade de desabafar. Então eu desabafava com amigas do colégio, ou uma vizinha minha”. Uma dessas amigas contou para a mãe e essa mãe veio conversar com Jessica e a encorajou a relatar os abusos a alguém mais próximo. “Eu contei para quem eu confiava, que é a minha irmã”. Nessa época, Jessica já estava com 15 anos. No mesmo dia, ela e a irmã foram à delegacia para denunciar o caso. Mas encontraram muitas dificuldades para que as autoridades levassem o caso a sério, segundo ela. “Eu tive que repetir milhares de vezes a mesma coisa, sabe?”, lamentou. Ela acredita que tudo o que aconteceu na juventude dela seja um dos motivos que a levou à escolha da profissão. “Eu olhava as fotos das mulheres policiais e eu via uma coisa que eu queria muito ter, que era a força. Essa força, essa coragem”. “Não é que eu entrei para polícia para prender. Porque eu não ia imaginar que um processo ia levar 10 anos. É que as coisas foram acontecendo. E deixar bem claro que as coisas só foram acontecendo porque eu ia movendo as coisas, senão não ia acontecer”. Jessica trabalha na Polícia Civil há oito anos. PrisãoO agressor foi preso em 22 de dezembro de 2016. Jessica estava junto com a equipe na hora. “Os meus colegas o revistaram, mas fui eu que bati a porta da cela. E a sensação realmente de encerramento de um ciclo de 10 anos. Um ciclo muito doloroso, que nenhuma vítima deveria ter que passar”, resumiu. Como o agressor foi julgado com base em uma norma anterior, ele já está em liberdade. “Eu acabei entrando na lei antiga, que eram os crimes contra os costumes. Hoje são crimes contra a dignidade sexual”. ConselhosPara quem passou por um abuso, ela tem aconselhamentos. Ela disse que é importante poder contar para alguém de confiança. “Não deixe isso armazenado, pensando ‘eu não vou contar para alguém e isso vai passar’. Porque não passa. Vai ter um momento que você vai estourar”. “Aconselho também a denunciar. Eu acredito que a prisão do teu autor faz com que isso auxilie no ciclo da cura”. Fonte: G1