Segurança Armas, drogas e aviões: R7 detalha a planilha de gastos do PCC nos últimos anos Redação11 de dezembro de 20230137 visualizações Uma investigação do MPSP (Ministério Público de São Paulo) sobre uma família suspeita de lavar dinheiro para o PCC (Primeiro Comando da Capital) levou à descoberta de planilhas que mostram que a facção movimentou cerca de R$ 500 milhões entre abril de 2018 e julho de 2019. Entre os gastos da organização criminosa estão a aquisição de aviões, a compra e o transporte de drogas e armas, além do pagamento em dólar de suborno a agentes de segurança. Os arquivos foram encontrados em um pendrive na casa de Odair Lopes Mazzi Júnior, conhecido como Vini, Vinícius, Dezinho ou Argentina. O suspeito está preso desde julho, quando foi detido em um resort de luxo em Pernambuco. O R7 teve acesso às planilhas apreendidas pelo MPSP, que mostram que dezenas de carregamentos de cocaína foram entregues na “mão do Vini”. As drogas teriam sido distribuídas em pontos de venda na cidade de São Paulo e na Baixada Santista. “Vini consta como recebedor da maioria das cargas de entorpecentes que chegam à capital e à Baixada Santista, o que demonstra que ele é peça fundamental no tráfico de drogas do PCC, atividade mais lucrativa para a facção, que financia suas mais diversas práticas criminosas”, aponta o documento do MPSP. Nos arquivos encontrados na casa de Odair são contabilizadas, inclusive, as drogas apreendidas pela Polícia Civil. A planilha mostra que em 1º de junho de 2019 houve a perda de 200 “pipocas”, nome utilizado pelo PCC para cocaína. A apreensão, à época, foi feita pelo Denarc (Departamento Estadual de Investigações sobre Entorpecentes). Os arquivos também revelam que a quadrilha compra parte da pasta base de cocaína do Peru, que tem como destinatário justamente Dezinho. Os gastos internacionais são registrados em dólar. As planilhas da organizaçãoEntre os arquivos encontrados no pendrive apreendido pelo MPSP na casa de Odair, estava uma planilha nomeada como “fechamentos semanais”. No documento, os promotores públicos encontraram as movimentações financeiras da alta cúpula do PCC em detalhes. Além dos pagamentos de fornecedores internacionais, a planilha mostra um gasto de US$ 280 mil em “asa”, entendido pelo MPSP como a compra de uma aeronave por parte da quadrilha. Em outra semana, mais um gasto chamado “compra de asa” foi lançado na planilha com o valor de US$ 270 mil. O documento também mostra os gastos do PCC em dólares e em reais, levando em consideração a taxa de câmbio da época de cada lançamento. O arquivo descreve ainda uma compra de US$ 104 mil com “risco do fornecedor”. Ou seja, caso o material fosse apreendido (não foi detalhado se era arma ou droga) pelas autoridades, o PCC não arcaria com o prejuízo. A planilha revela, na sequência, a compra de 58 pistolas em apenas uma semana. O MPSP estima que, entre as semanas 36 e 47 dos documentos, o PCC tenha gasto US$ 313.400 em armas — mais de R$ 1,5 milhão, na cotação atual. O suborno de agentes de segurança é discriminado no arquivo com o pagamento de US$ 35 mil em 5 de abril em 2019. No total, o PCC contabilizou, em 47 semanas, a entrada de US$ 92.334.396 em seus cofres — mais de R$ 453 milhões. Denúncia por lavagem de dinheiro Os arquivos encontrados no computador de Odair, segundo o MPSP, demonstram que o suspeito possui cargo de confiança dentro da estrutura da quadrilha. Além disso, as investigações da promotoria levaram à denúncia da ex-mulher do criminoso, Carolina Mazzi, e de dois de seus irmãos: Diego Mazzi e Natasha Mazzi. Segundo a denúncia, Carolina e Natasha utilizam uma famosa empresa de procedimentos estéticos paulista para lavar o dinheiro do tráfico de drogas. Interceptações telefônicas também identificaram que Diego, que trabalha no mercado financeiro, dava dicas ao grupo para não ser pego pelas autoridades. Odair, Carolina, Diego e Natasha foram denunciados pelo MPSP por lavagem de dinheiro e organização criminosa. No fim de setembro, o TJSP (Tribunal de Justiça de São Paulo) aceitou a denúncia por lavagem de dinheiro, tornando os citados acima réus. À Record as defesas de Odair e Natasha afirmaram, em outubro, que os clientes são inocentes das acusações por parte do MPSP. Os advogados de Carolina, por sua vez, informaram que não tiveram acesso ao material completo da ação. Já a defesa de Diego não retornou os contatos da reportagem. Fonte: r7