Ataques a escolas no Brasil mataram 46 pessoas em 20 anos

Ataques a escolas no Brasil mataram 46 pessoas em 20 anos. Segundo levantamento do Instituto Sou da Paz, desde outubro de 2002 foram registrados 25 casos com 139 vítimas, sendo 46 mortos e 93 feridos.

Na manhã desta segunda-feira (19), a estudante Karoline Verri Alves, de 15 anos, entrou para as estatísticas. Ela foi morta a tiros por um ex-aluno, de 20 anos, no Colégio Estadual Professora Helena Kolody, no município de Cambé, a cerca de 400 km de Curitiba.

No ataque, o namorado da vítima, Luan Augusto, também foi baleado e socorrido em estado gravíssimo de saúde. Mas o jovem não resistiu aos ferimentos e morreu na madrugada desta terça-feira (20).

Após os disparos, funcionários da escola conseguiram imobilizar o atirador e retiraram a arma de suas mãos. Ele foi preso em flagrante pela polícia.

De acordo com o Instituto Sou da Paz, as armas de fogo — como no caso de Cambé — causaram 35 mortes em escolas ao longo dos últimos 20 anos, enquanto as armas brancas foram responsáveis por 11 assassinatos. Isto é, os ataques a tiros geraram três vezes mais mortes do que as ocorrências com armas cortantes ou perfurantes.

“O estudo mostra que a disponibilidade de armas em residências favorece esse tipo de crime e aumenta a letalidade, pondo em evidência quão crucial é o controle do acesso e do armazenamento dessas armas para redução da letalidade desses eventos, já que ferimentos com armas brancas e de pressão são menos graves e têm mais chances de defesa, socorro e recuperação da vítima”, diz Carolina Ricardo, diretora-executiva do Instituto Sou da Paz.

Perfil de agressores
O grupo de agressores, segundo o estudo, é formado exclusivamente por meninos e homens. A maior parcela é de alunos (57%) e ex-alunos (36%). Em pelo menos dois casos, o agressor estava havia meses sem ir às aulas e nenhuma providência de busca ativa foi feita por parte da escola, o que contribui para o isolamento e a radicalização desses estudantes, ao ficarem longe do ambiente escolar.

Com relação à idade dos agressores, a média é de 16 anos, sendo os mais velhos de 25 anos e o mais novo um menino de 10 anos — um estudante da 4ª série da Escola Municipal Alcina Dantas Feijão, em São Caetano do Sul, na Grande São Paulo, que atirou contra a professora em 2011.

Uma pesquisa da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) sobre ataques a escolas, divulgada em março, também revela que eles são predominantemente brancos e com comportamento misógino, um sentimento de aversão às mulheres.

Outros traços marcantes da personalidade desse grupo são o gosto pela violência e o culto às armas, bem como uma espécie de isolamento social, com relações sociais em grupos restritos, além da tendência a evasão escolar.

Policiais e câmeras não evitam ataques
Após ataques a escolas, é comum governos e prefeituras anunciarem medidas para reforçar a segurança, como o aumento de rondas escolares pela Polícia Militar, a presença de agentes nas unidades e a instalação de câmeras de segurança.

Psicólogos afirmam que esses mecanismos oferecem sensação de segurança à comunidade escolar em um primeiro momento, porém não evitam os ataques.

Os especialistas dizem que essa onda de violência entre os jovens é uma questão complexa e é reflexo de uma gama de fatores, como o bullying, os efeitos pós-pandemia e os grupos extremistas que incentivam o ódio nas redes sociais. Por isso, é fundamental o trabalho integrado das áreas de educação, saúde, assistência social e segurança.

Para o Instituto Sou da Paz, é essencial a criação de programas para os alunos com o intuito de estimulá-los a entender e lidar com suas emoções, frustrações, respeitar a diversidade e desenvolver uma boa convivência.

O treinamento com professores e funcionários também é importante para a identificação de mudanças de comportamento como uso de mídia violenta, fixação e manuseio de armas de fogo, agressões físicas, sintomas de transtorno mental, agressividade e uso de expressões pejorativas ao falar com mulheres e meninas.

Fonte: r7

Notícias Relacionadas

Operação mira furto em condomínio de luxo em Niterói; bandido usou máscara realista para entrar no local

Saiba quem eram as quatro pessoas da mesma família que morreram após carro bater de frente em caminhão no Rodoanel

Jovem português que ordenou ataques no Brasil é acusado de homicídio