Banco Central deve anunciar o quinto aumento seguido da taxa básica de juros nesta quarta

O Copom (Comitê de Política Monetária), do Banco Central, deve anunciar após reunião no fim da tarde desta quarta-feira (20) o quinto aumento seguido desde setembro do ano passado da taxa básica de juros da economia brasileira. A elevação da Selic deverá atingir 1 ponto percentual, passando dos atuais 13,25% para 14,25% ao ano, como foi sinalizado no último encontro do comitê.

Com isso, a taxa vai atingir o maior patamar registrado desde outubro de 2016. A expectativa agora do mercado é em relação ao comunicado, que pode indicar até quando irá o ciclo de alta.

A reunião é a segunda com o comando do presidente do BC, Gabriel Galípolo, que tomou posse no começo do ano, e com os diretores indicados pelo governo Lula.

O ciclo de alta da Selic começou em setembro do ano passado. Em novembro, a elevação foi de 0,50, passando para 11,25%, e chegou a 12,25% em dezembro. Em janeiro deste ano, houve outra alta de 1 ponto percentual, e a taxa chegou a 13,25% ao ano.

O aumento da Selic é uma forma de controlar a inflação. Quando os juros aumentam, o crédito fica mais caro, desestimulando a produção e o consumo. No entanto, taxas maiores dificultam o crescimento econômico.

“A decisão será condizente para a convergência da inflação para o redor da meta e a ancoragem das expectativas. Para reiterar esse firme compromisso, esperamos altas adicionais de 0,50 ponto percentual em maio e 0,25 ponto percentual em junho para fechar 2025 em 15% ao ano”, afirma Everton Gonçalves, diretor de economia, regulação e produtos da ABBC.

Para Arnaldo Lima, economista e RI da Polo Capital, depois desse aumento, o Copom deverá fazer mais dois ajustes nas reuniões de maio e junho, finalizando o ciclo de aperto monetário em 15%.

“O Comitê deve destacar que, apesar do aperto monetário já implementado, o mercado de trabalho continua aquecido, impulsionando o consumo e elevando a pressão sobre os preços, especialmente no setor de serviços. Além disso, o aumento dos preços de alimentos e combustíveis adicionam fatores de risco ao quadro inflacionário”, afirma Lima.

Meta de inflação
A meta do Banco Central é de inflação de 3% no ano, com tolerância de 1,5 ponto porcentual para mais ou para menos. Em fevereiro, o IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor), que mede a inflação oficial do país, foi de 1,31%, maior índice para o mês desde 2003, acumulando nos últimos 12 meses 5,06%.

Na ata da sua última reunião, o Copom afirmou que o cenário para a inflação de curto prazo é adverso, com destaque para a alta dos preços de alimentos, influenciados pela estiagem e o ciclo do boi e com tendência de propagação.

Taxa de câmbio
No entanto, com a queda do dólar, que fechou a R$ 5,67 nesta terça-feira (19), na sexta sessão consecutiva de recuos, houve melhora no cenário para a inflação.

“Projetamos a taxa Selic em 15,50% em junho, após altas de 1,00, 0,75 e 0,50 ponto percentual nas próximas três reuniões do Copom. Se a taxa de câmbio ficar relativamente estável nos próximos meses e a desaceleração econômica se intensificar, o Copom poderá aumentar sua taxa básica de juros pela última vez em maio (ao invés de junho)”, afirma relatório da equipe da XP.

Entenda a Selic
A taxa básica de juros é uma forma de piso para os demais juros cobrados no mercado. Ela serve como o principal instrumento do BC para manter a inflação sob controle, perto da meta estabelecida pelo governo. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam alternativas de investimento.

Quando o Copom aumenta a Selic, o objetivo é conter a demanda aquecida, e isso causa reflexos nos preços, porque os juros mais altos encarecem o crédito e estimulam a poupança. Já quando os juros básicos são reduzidos, a tendência é que o crédito fique mais barato, com incentivo à produção e ao consumo.

A Selic é usada nos empréstimos entre bancos e nas aplicações que as instituições financeiras fazem em títulos públicos federais.

É a taxa Selic que os bancos pagam para pegar dinheiro no mercado e repassá-lo em empréstimos ou financiamentos. Por esse motivo, os juros que os bancos cobram dos consumidores são sempre superiores à Selic.

Fonte: r7

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