BC manda recado ao governo, cobra execução de metas fiscais e sinaliza novas quedas dos juros

O BC (Banco Central) divulgou nesta terça-feira (19) a ata da última reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). No documento que analisa o andamento da economia nacional, os diretores da autoridade monetária definem a perseguição das metas fiscais como determinante para o futuro da inflação e para os próximos passos da política monetária.

“Tendo em conta a importância da execução das metas fiscais já estabelecidas para a ancoragem das expectativas de inflação e, consequentemente, para a condução da política monetária, o Comitê reafirma a importância da firme persecução dessas metas”, ressalta o texto.

O trecho do documento, publicado nesta terça-feira (19), surge como um recado indigesto para o governo federal, em meio às divergências entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, sobre o compromisso de zerar a dívida pública no próximo ano.

No final do mês de outubro, Lula afirmou que a meta fiscal do Brasil para 2024 “dificilmente” será zero, porque não há interesse em “cortar investimentos prioritários”. A repercussão negativa forçou Haddad a assumir um novo compromisso com o déficit zero. “O que eu puder fazer para que esse equilíbrio seja atingido, eu vou fazer, incluindo antecipar medidas de 2024 para 2023”, declarou o ministro.

Queda dos juros
Mesmo com a preocupação fiscal evidenciada nas últimas atas, os diretores do Banco Central projetam novos cortes de 0,5 ponto percentual da taxa básica de juros, atualmente em 11,75% ao ano, o menor nível em quase dois anos, após quatro baixas consecutivas de igual magnitude.

“Os membros do Comitê concordaram, unanimemente, com a expectativa de cortes de 0,5 ponto percentual nas próximas reuniões e avaliaram que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz a ata.

A avaliação leva em conta que a taxa Selic é o principal instrumento da política monetária para determinar a inflação em uma economia. Isso acontece porque os juros mais altos encarecem o crédito, reduzem a disposição para consumir e estimulam novas opções de investimento pelas famílias.

Diante da sequência de baixa dos juros, o Copom nota que houve “progresso desinflacionário relevante”, mas observa que ainda vê com cautela o processo de devolver a inflação para o centro da meta de 3,5%, estabelecida pelo CMN (Conselho Monetário Nacional).

Para convergência efetiva, os diretores do BC afirmam que ainda será necessário manter uma política monetária contracionista. “Ainda há um caminho longo a percorrer para a ancoragem das expectativas e o retorno da inflação à meta, o que exige serenidade e moderação na condução da política monetária. […] Além disso, a incerteza, em particular no cenário internacional, que tem se mostrado volátil, prescreve cautela”, destaca o documento.

Fonte: r7

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