A cada nova confusão no debate à prefeitura de São Paulo, os candidatos pleiteiam o endurecimento das regras durante o encontro. Após o episódio da cadeirada neste domingo (15), as campanhas de Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) consideram que as regras já são as mais rígidas possíveis e criar outras não evitaria novas agressões.
A punição prevista e aplicada foi a expulsão de Datena após a violência física contra o adversário.
Já a campanha de Pablo Marçal (PRTB) quer mais mudanças para o próximo embate, organizado pela RedeTV e UOL na manhã desta terça-feira (17), menos de dois dias depois da agressão.
Até então, já estava proibido filmar e não havia plateia dentro do estúdio. A imprensa também não foi autorizada a acompanhar o debate dentro do local de gravação. Os candidatos não poderiam deixar os seus púlpitos e cada um podia ter junto dele apenas um assessor de imprensa, dois assessores de campanha e um segurança.
Agora, a equipe de Marçal pede que dois seguranças possam acompanhar o candidato – e que um deles fique próximo do púlpito. Os responsáveis pelo debate desta terça não responderam à campanha se permitirão a entrada de mais seguranças.
A campanha do candidato do PRTB também pediu que Datena seja impedido de participar dos próximos encontros, mas não foi atendida, e o tucano já confirmou presença no próximo encontro, assim como todos os outros adversários.
Já Guilherme Boulos (PSOL) não quer novas regras, mas defende um “pacto de civilidade” entre os adversários antes do início do próximo embate e vai chamar os candidatos “que têm compromisso com a democracia” para propor um padrão mínimo de comportamento antes do início do embate.
Perguntado se concordava que Datena deveria ser impedido de participar dos próximos encontros, Boulos disse que não. “O primeiro que deveria ter repreendas, considerando o histórico dos cinco debates que tivemos, é o Marçal. Ele desrespeitou as regras sistematicamente, atacou a honra das pessoas, inventou mentiras. À medida que uma pessoa que atua como ele está presente nos debates, o Datena também deve estar”, respondeu após uma agenda de campanha na tarde desta segunda-feira (16).
Procuradas, as equipes de Tabata e Nunes também afirmaram que não pretendem pedir que Datena seja impedido de debater.
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo vão se encontrar em outras seis oportunidades até a realização do primeiro turno da eleição, marcado para 6 de outubro.
Nesta terça-feira, há duas rodadas de perguntas entre os adversários, no primeiro e no terceiro bloco. Cada um escolhe para quem vai direcionar o questionamento.
Novas regras
O primeiro episódio de violência entre os candidatos aconteceu no debate do Estadão/Faap há um mês, em 14 de agosto. Uma discussão entre Boulos e Marçal resultou em um tapa do psolista em uma carteira de trabalho usada pelo ex-coach para provocar o adversário político.
No debate seguinte, organizado pela Veja, os candidatos Boulos, Datena e Nunes decidiram não comparecer.
Os candidatos toparam voltar aos debates após redefinir as regras. No encontro realizado pela TV Gazeta e o Canal MyNews, o debate não teve plateia e só foram autorizados dois assessores por candidato.
Os candidatos também eram obrigados a permanecer nos púlpitos e não podiam se aproximar dos adversários. Assessores podiam conversar com os candidatos apenas nos intervalos e não estava autorizado uso de celular ou qualquer outro material.
Além disso, o candidato que desrespeitar as regras deveria levar advertência e, no caso de descumprimento de regras, ser retirado do debate.
Não foi suficiente. Provocado repetidas vezes por Marçal, Datena acabou indo até o púlpito do adversário, os dois trocaram xingamentos e o tucano ameaçou agredir o ex-coach, mas sem chegar às vias de fato.
Os seguranças foram acionados, Datena foi formalmente advertido, e o direito de resposta de Marçal foi retirado. Mas ninguém foi expulso.
Fonte: G1