Caso Anic: corpo de advogada ainda tinha aliança com nome do viúvo e próteses de silicone

Uma aliança em nome de Benjamim Cordeiro Herdy, de 78 anos, encontrada nesta quarta-feira, em uma das mãos de uma mulher, morta e enterrada em pé sob uma camada de barro e concreto, em Teresópolis, na Região Serrana, foi o primeiro indício de que o corpo era o da advogada Anic de Almeida Peixoto Herdy, de 55, que sumiu no dia 29 de fevereiro. Os dois foram casados por 20 anos. Mas esta não foi a única pista obtida pela polícia. A vítima vestia as mesmas roupas que Anic usava quando despareceu. Ela estava sepultada na garagem da casa onde morava o técnico de informática Lourival Correa Netto Fatica.

Assassino confesso da advogada, ele prestou depoimento por videoconferência, nesta quarta-feira, e disse que havia assassinado a vítima e a enterrado na sapata construída para sustentar um muro. Além disto, a exemplo da advogada, o corpo do sexo feminino encontrado na sepultura improvisada tinha ainda próteses de silicone. Na tarde desta quinta-feira, a suspeita virou realidade. Um exame de arcada dentária, feito no cadáver por uma odontolegista, confirmou, a partir da ficha dentária de Anic, que a mulher morta era mesmo a advogada desaparecida.

Além da aliança, das roupas, e das próteses de silicone, a perícia feita no local onde o corpo feminino foi desenterrado, constatou que havia uma algema em um dos pulsos do cadáver. O corpo também estava com um fitilho de plástico no pescoço, o que pode indicar que houve algum tipo de esganadura. A causa exata da morte, no entanto, só poderá ser conhecida após o resultado do laudo de necrópsia.

— Vamos esperar o laudo para saber a causa da morte, caso o exame não seja inconclusivo — ressaltou o delegado Nei Loureiro, da 105ªDP (Petrópolis).

Anic sumiu no fim da manhã do dia 29 de fevereiro último, após sair a pé de um shopping, em Petrópolis. Segundo investigações da 105ª DP, ela teria entrado em um carro dirigido por Lourival. O técnico de informática confessou que os dois foram para um motel, em Itaipava, no município de Petrópolis. Segundo a defesa de Lourival, ele alegou ter assassinado Anic em um dos apartamentos do estabelecimento. Em seguida, enrolou o corpo em um lençol e o retirou dali em um carro, que seguiu para a casa de Teresópolis, onde sepultou a vítima.

No mesmo dia do crime, Lourival usou o telefone de Anic para passar uma mensagem endereçada ao empresário e professor Benjamim Cordeiro Herdy. Na ocasião, ele não se identificou e disse estar com a vítima em seu poder, exigindo R$ 4,6 milhões para a liberar. O resgate foi pago dia 11 de março, mas Anic nunca retornou para casa. No dia 14 de março, a família registrou o caso na 105ª DP. Dias depois, Lourival foi preso.

A defesa de Lourival concedeu entrevista coletiva, no dia 24, e afirmou que o técnico de informática escreveu uma carta alegando que o mandante do crime seria Benjamim Cordeiro Herdy. Procurados na ocasião, os advogados de Benjamim e Anic enviaram uma nota classificando a atitude de tentar imputar o marido como mandante da morte da própria esposa como um ato de desespero e crueldade. O documento também dizia que Lourival e seus procuradores seriam demandados na esfera cível criminal e disciplinar por conta do ocorrido.

Já o Ministério Público do Rio de Janeiro disse que iria apurar as informações prestadas pela defesa do técnico de informática. Nesta quarta-feira, policiais estiveram na casa de Benjamim para arrecadar chips e câmeras que supostamente teriam gravado conversas entre o esposo de Anic e Lourival.

Fonte: OGLOBO

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