Uma cliente fez uma compra de frutas e verduras em uma unidade do Bourbon Zaffari, no Rio Grande do Sul, mas logo suspeitou que as sacolas com os alimentos tinham peso menor do que o registrado na balança do estabelecimento. A desconfiança começou quando a consumidora, identificada apenas como Duda (@dudafetnezer.live), percebeu que a etiqueta de uma cabeça de alho marcava 400 g (R$ 13 reais). Por causa disso, ela pesou novamente todos os itens em uma balança doméstica e confirmou uma diferença de quase 240 gramas. O registro da situação foi compartilhado no TikTok e repostado em outras redes sociais. No X, o vídeo já acumula 1,9 milhão de visualizações.
No post, a consumidora diz que quer fazer um alerta a consumidores para que prestem atenção na hora das compras. Ela relatou que só percebeu que tinha algo errado em casa. O vídeo mostra o processo de pesagem em casa e a confirmação da suspeita da cliente. “Não prestei atenção lá, me liguei só em casa, cheguei e pesei tudo. Todas as frutas e verduras têm entre 230, 240 gramas a mais. É isso, gente, preste atenção e cuidado”, disse.
A publicação rendeu diversos comentários e surpreendeu os internautas. “Mulher, tu alugou um condomínio inteiro na minha cabeça agora. Eu quero acreditar que a balança do Zaffari estava desregulada”, escreveu uma pessoa. “A balança deve estar desregulada, mas não é certo o consumidor passar por isso”, rebateu outra.
Após a repercussão, a cliente compartilhou um segundo vídeo com o desfecho do caso. Segundo ela, depois de retornar ao mercado com os itens, o Bourbon Zaffari confirmou que a balança estava errada e fez um reembolso no valor de R$ 28, correspondente à diferença da compra anterior.
Apesar da correção do erro, ela voltou a falar sobre o impacto da falha para outros consumidores que podem ter tido alteração no valor das suas compras no mercado. “A questão não é nem o troco, mas sim quantas pessoas passaram por ali ontem e eu não sei se isso é de agora ou não. Então, é só um alerta que fica para quem vai, para quem frequenta. Eu frequento muito e sinto por isso está acontecendo”, finalizou.
Nos comentários, os usuários corroboraram o alerta da cliente: “28 de cada, imagina no final de um dia, semana… Tem que reclamar, sim”, afirmou uma internauta. “Muito legal isso que tu fez, agora mais pessoas ficarão em alerta para esse tipo de situação”, disse outra.
O que diz o Zaffari
Procurado por PEGN, o grupo Zaffari informa que “os procedimentos de pesagem de alimentos em todas as 41 lojas de sua rede supermercadista são realizados rigorosamente dentro da legislação”. Segundo a empresa, os equipamentos são aferidos pelo Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro), que exibem o selo do órgão e possuem lacres invioláveis conforme estabelecido por lei.
“As balanças são unicamente acessadas pela Toledo do Brasil, fornecedora de reputação internacional credenciada pelo Inmetro. Portanto, a empresa não possui acesso ao equipamento nem autonomia para realizar reparos, manutenção ou qualquer tipo de interferência”, diz a nota.
O grupo ainda explica que todas as balanças da rede são verificadas mensalmente pela fornecedora credenciada, recebendo “laudos técnicos individuais que certificam as condições do equipamento”. Quanto ao caso mencionado, a empresa diz que as balanças da loja foram conferidas e aprovadas no dia 23 de janeiro de 2025 e na última terça-feira (11/2), onde foi certificado o funcionamento correto dos equipamentos e ausência de irregularidades. No entanto, a empresa pontua que está realizando uma sindicância interna para apurar o caso.
Quais são os deveres do empreendedor
De acordo com o professor de Direito da Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), Maurício Lacerda, o artigo 19 do Código de Direito do Consumidor (CDC) estabelece que os fornecedores são responsáveis pelos “vícios de quantidade do produto”. Caso haja erro na pesagem do alimento, por exemplo, o especialista aponta que o consumidor pode exigir o abatimento do preço, a complementação do peso ou medida, a substituição do produto ou a restituição do valor pago pelo item.
Para reportar a disparidades, o cliente pode reunir provas que comprovem a situação, conversar com o gerente do estabelecimento e até mesmo denunciar a um órgão de defesa do consumidor. “O direito de reclamar por vícios aparentes ou de fácil constatação é de 30 dias quando é um fornecimento de produto ou serviço não durável, que é o caso de alimento perecível”, aponta.
Lacerda ressalta a importância das empresas seguirem a legislação no que diz respeito ao padrão dos equipamentos de pesagem dos produtos. No Brasil, o uso de balanças está sujeito às normas e regulamentações do Inmetro. “Há um dispositivo específico que obriga o mercado a ter uma balança que tenha passado por critérios de avaliação”, reitera.
Fonte: PEGN