CPMI do 8 de Janeiro deve acabar sem o depoimento de peças-chave

por Redação

Quatro meses após ter sido instalada, a Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de Janeiro deve encerrar os trabalhos sem ouvir personagens que são considerados peças-chave do episódio que terminou com a depredação dos prédios públicos da praça dos Três Poderes. Havia a expectativa de que os parlamentares ouvissem, nesta quinta-feira (5), o subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, do Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal. No entanto, a reunião foi cancelada diante da expectativa de baixo quórum para a oitiva.

A decisão de cancelar a audiência partiu do presidente da comissão, deputado Arthur Maia (União-BA). Além disso, há a expectativa de que os gabinetes se dediquem nos próximos dias à preparação do relatório final e dos votos em separado. A previsão é que o parecer elaborado pela senadora Eliziane Gama (PSD-MA) seja apresentado em 17 de outubro e submetido à votação do colegiado no dia 18.

Segundo Maia, após a leitura do parecer, os parlamentares de oposição terão 40 minutos para apresentar um voto em separado. O presidente da CPMI anunciou que não haverá pedido de vista, ou seja, não vai acatar mais tempo para analisar o relatório e não vai votar requerimentos durante a reunião de 18 de outubro.

Por enquanto, Eliziane tem um esboço do que deve ser o texto do relatório e trabalha para definir quais serão os indiciamentos feitos a partir dos depoimentos na comissão e de análise de documentos. Nos bastidores, há a expectativa de que a senadora inclua no relatório o indiciamento de pessoas ligadas ao governo Bolsonaro, mesmo que não tenham prestado depoimento à CPMI.

É o caso, por exemplo, do general Walter Braga Netto, ex-ministro da Defesa e da Casa Civil do governo Jair Bolsonaro. O militar chegou a ter a oitiva agendada duas vezes, mas o depoimento não aconteceu. Na última tentativa, o presidente do colegiado, Arthur Maia, decidiu cancelar a reunião que ouviria o ex-ministro. Ainda assim, parlamentares da base governista acreditam que os depoimentos aos quais a comissão teve acesso são suficientes para ligar os atos de vandalismo ao grupo do ex-presidente.

Já pela parte da oposição, houve a tentativa de convocação de personagens do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), como o ministro da Justiça, Flávio Dino, e o coronel Sandro Augusto de Sales Queiroz, que era chefe do Batalhão de Pronto Emprego da Força Nacional no dia 8 de janeiro. Os requerimentos de convocação, no entanto, foram derrotados em votações.

A oposição também articula a apresentação de um relatório paralelo, elaborado pelo ex-diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) e agora deputado federal, Alexandre Ramagem (PL-RJ). A intenção é pedir o indiciamento de Dino e do ex-ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI) general Gonçalves Dias por supostas omissões durante a invasão das sedes dos Três Poderes.

Depoimentos e documentos da CPMI
No início do trabalho, a senadora Eliziane Gama alegou que a comissão reconstituiria a cronologia dos atos de vandalismo. Assim, o primeiro depoimento foi o do ex-diretor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Silvinei Vasques, em que ele falou sobre as operações da corporação que obstruíram rodovias no segundo turno das eleições de 2022.

Também foram ouvidos o delegado da Polícia Civil do Distrito Federal Leonardo de Castro; George Washington de Oliveira Sousa, um dos condenados por planejar a explosão de uma bomba perto do aeroporto de Brasília; o ex-ajudante de ordens de Bolsonaro Mauro Cid; e o ex-secretário de Segurança Pública do Distrito Federal e ex-ministro da Justiça Anderson Torres.

Fonte: r7

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