São Paulo Segurança Cracolândia registra aumento de 66% em roubos e 45% de furtos em um ano Redação30 de janeiro de 2023045 visualizações Durante o ano de 2022, 43 furtos e 25 roubos ocorreram por dia na região da Cracolândia, no centro de São Paulo. Os dados são do 77° Distrito Policial, da Santa Cecília, e no 3° Distrito Policial, de Campos Elíseos, que atendem a área, e foram divulgados pela SSP (Secretaria de Segurança Pública). Roubos e furtos apresentaram, respectivamente, alta de 66% e 45% no último ano nessa região. Os números são superiores aos contabilizados na capital com 140.864 roubos (+9,5%) e 236.145 furtos (+25,7%). Especialistas afirmam que a Operação Caronte, a flexibilização das medidas sanitárias de enfrentamento à pandemia, o retorno das atividades no comércio e o desfalque no número de agentes de segurança são as principais razões do aumento de crimes contra o patrimônio. Segundo Rafael Rocha, sociólogo e coordenador de projetos do Instituto Sou da Paz, as operações policiais, especialmente em maio, pulverizaram o fluxo da Cracolândia pelo centro da cidade. Essas ações, para o pesquisador, dificultam a oferta dos serviços de saúde e assistência social aos usuários, além de atrapalhar o próprio trabalho da polícia. “As pessoas estão espalhadas pelo centro. Tem dezenas de grupos circulando, cometendo pequenos crimes e entrando em confronto com os comerciantes. Além disso, o atrito constante com a polícia não parece efetivo ao analisar os péssimos indicadores de criminalidade”, afirma o sociólogo. Para Alan Fernandes, membro do FBSP (Fórum Brasileiro de Segurança Pública), a Operação Caronte teve sucesso no combate ao tráfico de drogas. Entretanto, as pessoas envolvidas com comércio ilegal de entorpecentes migraram para outro tipo de crime: o roubo, em especial de celulares. Em 2021, a SSP registrou 5.593 roubos e 10.836 furtos na região da Cracolândia. No ano posterior, os números aumentaram de forma expressiva para 9.292 e 15.806, respectivamente. Além das ações policiais, os especialistas dizem que a flexibilização das medidas sanitárias e a retomada das atividades comerciais no centro de São Paulo influenciaram esse cenário. Com mais pessoas circulando nas ruas, mais vítimas estão suscetíveis à criminalidade. Outra problemática indicada por Alan Fernandes é o desfalque no efetivo policial. “O número vem caindo paulatinamente, e está chegando a níveis baixos. Nos últimos anos, a procura pela carreira de policial tem sido menor. Mesmo quando as vagas não estão disponíveis, não conseguem atrair o público.” Pacote de medidasO Governo de São Paulo e a prefeitura da capital lançaram nesta terça-feira (24) um novo pacote de medidas a ser implantado na Cracolândia em mais uma tentativa de acabar com o fluxo de usuários de drogas e de traficantes na região. Na área da segurança, serão instaladas 500 câmeras com inteligência artificial pelo centro, e o mesmo número de policiais atuará em operação delegada — um reforço do policiamento com agentes voluntários durante suas folgas. De acordo com o pesquisador e membro do FBSP, com a implementação da tecnologia, a população se sente mais observada e segura, enquanto os criminosos ficam inibidos de praticar delitos. Entretanto, a longo prazo as câmeras não são o suficiente para garantir a segurança. É necessário investir mais no efetivo policial. O sociólogo Rafael Rocha também ressalta que é imprescindível promover mais investigações e ampliar o serviço de inteligência, aliados ao monitoramento da Cracolândia. “Os autores da cena de uso estão se movimentando espacialmente. Estamos em um momento de reorganização do crime”, alerta. Outro ladoA SSP, por meio de nota, informa que “tem conhecimento da situação e desenvolve ações na região central, voltadas ao combate à criminalidade, com um trabalho integrado entre as polícias. Somente no começo deste ano, equipes do 7º Batalhão de Polícia Militar Metropolitano (BPM/M) prenderam 72 pessoas em flagrante”. “Desde o dia 11 de janeiro deste ano, a Polícia Militar de São Paulo realiza a Operação Impacto, que tem o objetivo de ampliar a ação ostensiva, potencializar a percepção de segurança e reduzir os indicadores criminais, por meio de reforço operacional direcionado e do planejamento estratégico baseado no uso de inteligência policial e geoprocessamento de dados. Até a última quarta-feira (25), isso resultou em 3.500 detidos; 6,8 toneladas apreendidas e 810 veículos recuperados no Estado”, ainda afirma a pasta. Fonte: Com informações da Agência Estado