Cracolândia Cracolândia segue deserta uma semana após amanhecer sem usuários; presença de GCMs também diminui Redação21 de maio de 2025023 visualizações Uma semana após amanhecer vazia, a região em que ficava o “fluxo” de usuários de drogas da Cracolândia, no Centro de São Paulo, permanece deserta. O g1 esteve no local nesta terça-feira (20). Por lá, além da diminuição na quantidade de usuários, também houve queda na presença de agentes da Guarda Civil Metropolitana (GCM). O “fluxo” se concentrava em um triângulo formado pelas ruas General Couto de Magalhães, dos Protestantes e dos Gusmões. Além dessas vias, que delimitavam a área da Cracolândia, as ruas do Triunfo e dos Andradas também não apresentavam presença de usuários circulando. A reportagem constatou a presença de dois pequenos grupos – com, no máximo, cinco pessoas – nas ruas General Osório e Helvétia. Na última sexta, o g1 obteve vídeos de comerciantes que flagravam a GCM agredindo usuários na véspera de a área ficar vazia (veja abaixo). Nesta terça, a Corregedoria da Guarda disse que já identificou alguns dos agentes que participaram das ações e que está apurando o caso. O “fluxo” desapareceu no dia 13 de maio, com a saída dos usuários da região. Alguns acabaram se espalhando para outras áreas. Em 14 de maio, mais de cem pessoas se concentravam na Praça Marechal Deodoro, mas, na manhã desta terça (20), houve uma operação de remoção. Na parte da tarde, menos de 50 pessoas permaneciam no local. O g1 encontrou um pequeno grupo de usuários na Rua Marcondes Salgado, próximo à praça, com cerca de 20 pessoas. Outro grupo também se concentrava na calçada do Terminal Princesa Isabel, onde já estavam desde a semana passada. Na última sexta (16), o g1 obteve com exclusividade uma série de vídeos que mostram GCMs agredindo usuários e comerciantes nos dias 10, 11 e 12 de maio, com chutes, socos e o uso de cassetetes (veja acima). De acordo com Rui Conegundes de Souza, corregedor da GCM, “agressão nunca fez e nunca fará parte de qualquer rotina de atuação da GCM/Polícia Municipal”. Comerciantes relataram ao g1 que as agressões na região, principalmente contra usuários, se intensificaram nos últimos dois meses. Três proprietários de estabelecimentos na região testemunharam os agentes lançando spray de pimenta, dando chutes e usando cassetetes contra os usuários de drogas. Os próprios comerciantes também disseram que foram agredidos. Em nota, a prefeitura afirmou que a GCM presta um serviço essencial para a proteção de toda a população. A Cracolândia amanheceu completamente vazia na terça-feira (13). Na noite anterior, segunda-feira (12), câmeras do comerciante Valdeizo Fortunato de Lima, de 35 anos, – que pediu para ser identificado nesta reportagem como uma forma de proteção – registraram agentes da GCM, acompanhados por outras equipes em duas viaturas, agredindo um grupo de usuários que andava pela Rua Mauá, por volta das 22h. Os agentes se aproximam do grupo e agridem as vítimas com o uso de cassetetes. Eles também aparecem armados. Pelo vídeo, é possível ver um homem sendo agredido com um cassetete e levando chutes do agente. O g1 também teve acesso a vídeos de câmeras de segurança que mostram agressões nos dias 10 e 11 de maio. No sábado, 10 de maio – mesmo dia em que Orlando Morando, secretário de Segurança Urbana de São Paulo, publicou um vídeo na Cracolândia comemorando a ausência de usuários -, um homem que comprava mantimentos em uma mercearia na Rua Mauá foi puxado e empurrado por um GCM. A vítima precisou se segurar na grade do comércio para não ser levada. No vídeo, Morando diz que a região vazia “é uma batalha que se vence a cada dia com a segurança urbana, com a saúde, com a assistência social”. Já no domingo, 11 de maio, dois homens foram abordados por três agentes – um deles é comerciante da região. No vídeo, ele aparece usando uma blusa vermelha. Durante a abordagem, um dos guardas segura um dos homens pelo pescoço e, em seguida, o agride com chutes nas pernas. Em outro momento, outro guarda também segura a vítima pelo pescoço, enquanto o primeiro desfere socos em seu rosto. Ele chega a apontar uma arma para o homem. Fonte: G1