‘Crime organizado viu pena baixa e altos lucros’, diz diretor de Meio Ambiente da PF

O diretor da Amazônia e Meio Ambiente da Polícia Federal, Humberto Freire, foi o convidado desta quarta-feira (2) do JR Entrevista. Em conversa com o jornalista Yuri Achcar, Humberto Freire destacou a atuação da unidade no combate ao crime ambiental e a necessidade de aumento das penas. A diretoria, criada na gestão do governo Lula, conta com mais de 400 policiais, mas o delegado reconhece que o número é insuficiente. “A gente precisa ampliar o efetivo para que a gente possa atuar em todas essas frentes que a legislação confere a Polícia Federal com mais qualidade e com mais assertividade.”

Segundo o investigador, o crime organizado tem visto nas infrações contra o meio ambiente uma boa oportunidade de lucro devido às penas baixas. “O crime organizado viu essas penas baixas e altíssimos lucros, e passou a investir fortemente, sobretudo, nos últimos anos, nesses crimes ambientais”, destacou. Ele ainda citou que o crime ambiental já é a terceira atividade criminosa mais rentável do planeta.

Por isso, segundo ele, há a necessidade de modernização da legislação criminal e a discussão sobre temas ambientais importantes. “A gente precisa que novas leis surjam, como, por exemplo, o Marco Legal do Ouro, que está em tramitação no Congresso Nacional, e a regulamentação do Marco Legal do Carbono”, cita. “Aquilo que se falava há anos de que precisamos avançar porque um dia a conta vai chegar, o fato é que hoje a conta já chegou”, completou.

Ele destaca que a pauta climática precisa ser enfrentada com “muita seriedade e rigidez”. Para ele, é preciso que os crimes contra o meio ambiente parem de ser vistos como menores. “Não só em nível de Brasil, mas em nível mundial, infelizmente os crimes ambientais ainda são tidos como crimes de menor importância ou de menores consequências”, enfatiza. “Para você ter uma ideia, quando a pena é muito baixa, muitas vezes a gente sequer consegue um mandado de prisão contra esses criminosos”, lamenta.

Hoje, na Polícia Federal, são mais de 100 inquéritos abertos sobre as queimadas que assolam o país. “Estamos aprofundando para chegar naqueles que provocaram os incêndios criminosos e a gente identificar a motivação, pois, às vezes, pode ter outro crime, conexo de grilagem, de terra posterior e aproveitamento econômico das áreas que, muitas vezes, são públicas”, destacou.

Fonte: r7

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