Cupertino diz em julgamento que dorme bem e que não precisa se desculpar com famílias de vítimas porque não teria matado ninguém

Paulo Cupertino, acusado de matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019, prestou depoimento no Fórum Criminal da Barra Funda, na tarde desta quinta-feira (29), durante seu julgamento.

Ele chegou algemado, acompanhado por dois policiais militares e deu início à fala por volta das 18h30. O primeiro dia de julgamento foi encerrado às 22h30. O réu só respondeu a defesa e se negou a falar com o Ministério Público e a acusação.

O empresário afirmou diversas vezes que é inocente: “Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado”. Ficou nervoso em alguns momentos e precisou ser interrompido pela própria advogada.

Cupertino disse ainda que não precisa se desculpar com famílias das vítimas porque não carrega a culpa do crime.

O empresário se escondeu em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos depois do crime, em 17 de maio de 2022. Foi quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado, com identidade falsa e nome de outra pessoa, num hotel em São Paulo.

Cupertino terminou o depoimento às 20h45. Seu interrogatório durou cerca de 2 horas.

Ao longo da sessão, ele interagiu com os jurados, ficou exaltado e teve de ser orientado pelo juiz. Respondeu apenas aos questionamentos feitos por sua defesa e se recusou a falar com o Ministério Público e com acusação.

Outros depoimentos
Além do réu, outras testemunhas prestaram depoimento no Fórum Criminal.

Isabela Tibcherani, filha de Cupertino, foi a primeira. Ela contou que o relacionamento com o pai era conturbado porque ele não aceitava o namoro dela com o ator. A filha do empresário também contou que, no dia do crime, saiu de casa sem avisar aos pais, pois queria encontrar Rafael – ela estava chorando e precisava vê-lo. Na época, ela era constantemente proibida de sair de casa.

Durante o depoimento, Isabela também contou que ela e a mãe já foram vítimas de violência doméstica por parte de Cupertino: ”Um dia ele quebrou um prato de vidro na minha cabeça”.

Ao descobrir o namoro da filha com o ator, Cupertino também tirou o celular de Isabela por quase oito meses.

Ela disse que, atualmente, prefere viver reclusa e longe da exposição pública. Quando questionada se torcia pela prisão do pai, respondeu que sim. Emocionada, Isabela chorou ao falar do pai, dizendo que a atitude violenta veio de alguém que deveria representar proteção, e que ele tratava a família como se fossem animais, como um “pet”.

A terceira pessoa a testemunhar foi Vanessa Tibcherani, mãe de Isabela e ex-esposa de Cupertino. Durante seu depoimento, Vanessa revelou um histórico de violência doméstica, controle e ameaças.

“Ele cortou minha roupa toda [com o facão]. Ele cortava e me batia”, contou sobre as agressões que sofria de Cupertino.

No depoimento, ela relatou que chegou a perder um emprego por constantemente aparecer machucada no trabalho, consequência das agressões que sofria do então companheiro.

Vanessa também disse que sabia que Cupertino andava armado, embora ele escondesse a arma — “provavelmente para que as crianças não vissem”.

A irmã de Rafael iniciou o depoimento às 16h09; ela disse que tinha pouco contato com Isabela e sentiu o irmão mais triste ao longo dos anos por conta da relação familiar do casal com Paulo Cupertino, que era muito rígido com o relacionamento dos dois.

Segundo ela, a família temia mais por Isabela do que por Rafael, já que Cupertino era muito severo. Tinha uma boa vivência com Rafael: “Relação de irmãos”. Ela disse que era como uma segunda mãe da irmã mais nova. Foi ela quem contou sobre a morte dos pais à garota, que tinha apenas 13 anos à época.

A ex-mulher de Paulo Cupertino começou a testemunhar às 17h30. Ela disse que o réu era carinhoso no início da relação, que a relação com os filhos era “comum” e que ele era exigente em relação aos estudos. Quando tiravam notas baixas, recebiam castigos (como proibição de de videogame), mas não eram agredidos.

Questionada se o ex-marido já havia demonstrado comportamentos agressivos, ela negou, mas disse que Cupertino era seco e não demonstrava afeto.

Após o depoimento de Cupertino, às 20h50, Wanderley Antunes, que também é réu no processo, deu início a seu depoimento.

Ele disse que no dia do crime, Cupertino o procurou em Sorocaba (SP), estava nervoso e queria ser levado a algum lugar. Na garagem da residência, Paulo teria dito: “eu dei uns tiros”.

Wanderley afirmou que só ficou sabendo do crime no dia seguindo, pela TV. “Amigo não faz o que ele faz comigo. Não consigo fazer mais nada, minha vida virou um inferno. Paulo mentiu pra mim”, declarou.

Primeiro dia do julgamento
Após mais de cinco anos do crime, o julgamento do empresário Paulo Cupertino, acusado de matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019, começou por volta das 11h desta quinta-feira (29) no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo.

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), a expectativa é que o julgamento se estenda até sexta-feira (30).

Além do empresário, dois amigos dele também são réus no mesmo processo: Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado. Ambos são acusados de tê-lo ajudado a fugir e se esconder após o crime.

O júri popular é presidido pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri da Capital. Contudo, o Conselho de Sentença — composto por sete cidadãos convocados pelo poder judiciário e sorteados antes do julgamento começar — é responsável por definir o destino de Cupertino.

Foram sorteados quatro mulheres e três homens para compor o júri, de acordo com o TJ-SP.

Durante o julgamento, nove testemunhas devem prestar depoimento, além do interrogatório dos três réus. No total, serão nove horas de debate.

Segundo o Ministério Público (MP), Cupertino matou o artista e a família da vítima por não aceitar o namoro do rapaz com a sua filha, Isabela Tibcherani, que tinha 18 anos à época. Rafael estava com 22.

Em outras ocasiões, Cupertino alegou inocência e disse que os disparos foram feitos por outra pessoa não identificada, que, assim como ele, também fugiu após o crime.

Cupertino está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo.

Fonte: G1

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