Segurança Cupertino diz em julgamento que dorme bem e que não precisa se desculpar com famílias de vítimas porque não teria matado ninguém Redação30 de maio de 2025031 visualizações Paulo Cupertino, acusado de matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019, prestou depoimento no Fórum Criminal da Barra Funda, na tarde desta quinta-feira (29), durante seu julgamento. Ele chegou algemado, acompanhado por dois policiais militares e deu início à fala por volta das 18h30. O primeiro dia de julgamento foi encerrado às 22h30. O réu só respondeu a defesa e se negou a falar com o Ministério Público e a acusação. O empresário afirmou diversas vezes que é inocente: “Impossível eu ter cometido esse crime. Não tinha motivo, nunca existiu crime premeditado”. Ficou nervoso em alguns momentos e precisou ser interrompido pela própria advogada. Cupertino disse ainda que não precisa se desculpar com famílias das vítimas porque não carrega a culpa do crime. O empresário se escondeu em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos depois do crime, em 17 de maio de 2022. Foi quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado, com identidade falsa e nome de outra pessoa, num hotel em São Paulo. Cupertino terminou o depoimento às 20h45. Seu interrogatório durou cerca de 2 horas. Ao longo da sessão, ele interagiu com os jurados, ficou exaltado e teve de ser orientado pelo juiz. Respondeu apenas aos questionamentos feitos por sua defesa e se recusou a falar com o Ministério Público e com acusação. Outros depoimentosAlém do réu, outras testemunhas prestaram depoimento no Fórum Criminal. Isabela Tibcherani, filha de Cupertino, foi a primeira. Ela contou que o relacionamento com o pai era conturbado porque ele não aceitava o namoro dela com o ator. A filha do empresário também contou que, no dia do crime, saiu de casa sem avisar aos pais, pois queria encontrar Rafael – ela estava chorando e precisava vê-lo. Na época, ela era constantemente proibida de sair de casa. Durante o depoimento, Isabela também contou que ela e a mãe já foram vítimas de violência doméstica por parte de Cupertino: ”Um dia ele quebrou um prato de vidro na minha cabeça”. Ao descobrir o namoro da filha com o ator, Cupertino também tirou o celular de Isabela por quase oito meses. Ela disse que, atualmente, prefere viver reclusa e longe da exposição pública. Quando questionada se torcia pela prisão do pai, respondeu que sim. Emocionada, Isabela chorou ao falar do pai, dizendo que a atitude violenta veio de alguém que deveria representar proteção, e que ele tratava a família como se fossem animais, como um “pet”. A terceira pessoa a testemunhar foi Vanessa Tibcherani, mãe de Isabela e ex-esposa de Cupertino. Durante seu depoimento, Vanessa revelou um histórico de violência doméstica, controle e ameaças. “Ele cortou minha roupa toda [com o facão]. Ele cortava e me batia”, contou sobre as agressões que sofria de Cupertino. No depoimento, ela relatou que chegou a perder um emprego por constantemente aparecer machucada no trabalho, consequência das agressões que sofria do então companheiro. Vanessa também disse que sabia que Cupertino andava armado, embora ele escondesse a arma — “provavelmente para que as crianças não vissem”. A irmã de Rafael iniciou o depoimento às 16h09; ela disse que tinha pouco contato com Isabela e sentiu o irmão mais triste ao longo dos anos por conta da relação familiar do casal com Paulo Cupertino, que era muito rígido com o relacionamento dos dois. Segundo ela, a família temia mais por Isabela do que por Rafael, já que Cupertino era muito severo. Tinha uma boa vivência com Rafael: “Relação de irmãos”. Ela disse que era como uma segunda mãe da irmã mais nova. Foi ela quem contou sobre a morte dos pais à garota, que tinha apenas 13 anos à época. A ex-mulher de Paulo Cupertino começou a testemunhar às 17h30. Ela disse que o réu era carinhoso no início da relação, que a relação com os filhos era “comum” e que ele era exigente em relação aos estudos. Quando tiravam notas baixas, recebiam castigos (como proibição de de videogame), mas não eram agredidos. Questionada se o ex-marido já havia demonstrado comportamentos agressivos, ela negou, mas disse que Cupertino era seco e não demonstrava afeto. Após o depoimento de Cupertino, às 20h50, Wanderley Antunes, que também é réu no processo, deu início a seu depoimento. Ele disse que no dia do crime, Cupertino o procurou em Sorocaba (SP), estava nervoso e queria ser levado a algum lugar. Na garagem da residência, Paulo teria dito: “eu dei uns tiros”. Wanderley afirmou que só ficou sabendo do crime no dia seguindo, pela TV. “Amigo não faz o que ele faz comigo. Não consigo fazer mais nada, minha vida virou um inferno. Paulo mentiu pra mim”, declarou. Primeiro dia do julgamentoApós mais de cinco anos do crime, o julgamento do empresário Paulo Cupertino, acusado de matar a tiros o ator Rafael Miguel e os pais dele em 2019, começou por volta das 11h desta quinta-feira (29) no Fórum Criminal da Barra Funda, na Zona Oeste de São Paulo. Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), a expectativa é que o julgamento se estenda até sexta-feira (30). Além do empresário, dois amigos dele também são réus no mesmo processo: Wanderley Antunes Ribeiro Senhora e Eduardo José Machado. Ambos são acusados de tê-lo ajudado a fugir e se esconder após o crime. O júri popular é presidido pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza, da 1ª Vara do Júri da Capital. Contudo, o Conselho de Sentença — composto por sete cidadãos convocados pelo poder judiciário e sorteados antes do julgamento começar — é responsável por definir o destino de Cupertino. Foram sorteados quatro mulheres e três homens para compor o júri, de acordo com o TJ-SP. Durante o julgamento, nove testemunhas devem prestar depoimento, além do interrogatório dos três réus. No total, serão nove horas de debate. Segundo o Ministério Público (MP), Cupertino matou o artista e a família da vítima por não aceitar o namoro do rapaz com a sua filha, Isabela Tibcherani, que tinha 18 anos à época. Rafael estava com 22. Em outras ocasiões, Cupertino alegou inocência e disse que os disparos foram feitos por outra pessoa não identificada, que, assim como ele, também fugiu após o crime. Cupertino está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo. Fonte: G1