De uma só vez, Tarcísio movimenta 34 coronéis da PM de SP, incluindo integrantes do alto comando

Um ato do governador Tarcísio de Freitas, do Republicanos, publicado no Diário Oficial desta quarta-feira (21), movimentou, de uma só vez, 34 coronéis da Polícia Militar de São Paulo, entre eles integrantes do alto comando.

As substituições atingiram três postos estratégicos: o subcomando, o Centro de Inteligência e o comando do CPChoq, unidade a que a Rota está subordinada. Por isso, as mudanças não foram bem recebidas pelos coronéis.

Militares ouvidos pela TV Globo consideram que o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, se “intromete constantemente” em decisões da PM que tendem a evitar confrontos e ações letais, o que provocou um desgaste na relação de Derrite com o comando da PM.

O secretário vinha estudando essas alterações há meses, de acordo com apuração da TV Globo, por entender que parte do comando da PM resistia às ordens dadas por ele. O objetivo é passar um recado de que, de agora em diante, a polícia deve cumprir as diretrizes da SSP.

Três pontos estão no centro das divergências entre os coronéis e o secretário, segundo apurou a TV Globo:

O que os militares consideram “constantes intromissões” de Derrite nas decisões da PM;
A contrariedade dos coronéis em relação ao antagonismo do secretário em relação às câmeras (os coronéis entendem que as câmeras são importantes para a lisura do policiamento);
Os coronéis são contrários às operações no litoral nos moldes atuais. Entendem que é preciso dar uma resposta, mas a reação não pode causar tantas mortes.
O antigo subcomandante, coronel Freixo, homem de confiança do comandante-geral, era um defensor das câmeras corporais e se opôs, recentemente, à deflagração de mais uma fase da Operação Escudo, após a morte do PM da Rota na Baixada Santista. A operação foi rebatizada como “Operação Verão”.

Já o novo chefe da Inteligência, coronel Pedro Luís, é homem de confiança de Derrite. O militar estava lotado na secretaria.

O novo comandante do CPChoq, coronel Racorte, é declaradamente contrário ao uso de câmeras corporais.

A troca de cargos abriu uma crise na PM. Grande parte dos coronéis substituídos não foi comunicada com antecedência, o que contraria a prática dentro da corporação. O mais delicado, contudo, é que muitos coronéis mais antigos ficaram subordinados a coronéis mais jovens, o que quebra a tradição dentro de instituições militares.

Além das movimentações, houve a promoção de três tenentes-coronéis para o posto de coronel.

Em nota, a SSP informou que “a atual gestão da Secretaria da Segurança Pública reconhece e valoriza o trabalho dos policiais paulistas e informa que desde o início do ano, uma série de promoções por mérito e movimentações de rotina foi efetivada junto às polícias Civil, Militar e Técnico-Científica do Estado. Tais medidas são planejadas e executadas a partir de critérios estritamente técnicos com o objetivo de aprimorar constantemente a atuação policial e reforçar a segurança de toda a população”.

Fonte: G1

Notícias Relacionadas

Mulher que estava com estudante no hotel em que ele foi morto diz ter medo de sofrer retaliação e cita ‘falta de preparo’ de PMs

Mortes pela PM de SP aumentam 46% em 2024, segundo ano da gestão Tarcísio

Pai de estudante de medicina de 22 anos morto pela PM em SP conta que viu o filho vivo no hospital: ‘Me ajuda, dizia ele’