Dez crianças foram mortas a tiro este ano no Rio; veja quem são

por Redação

A lista de crianças mortas por armas de fogo na Região Metropolitana do Rio não para de aumentar. Neste sábado, foi incluído nesse levantamento mais um nome: o da menina Eloah da Silva dos Santos, de 5 anos, atingida por um tiro quando estava em casa, no Morro do Dendê, na Ilha do Governador, Zona Norte do Rio.

As vítimas têm em comum o fato de terem tido uma morte repentina enquanto viviam momentos rotineiros. Com idades entre 9 e 13 anos, todas elas moravam em áreas periféricas.

Relembre a história das crianças
Juan Davi de Souza Faria, 11 anos

Era Revéillon, a família de Juan comemorava a entrada de 2023 em uma festa com música e alegria, em Mesquita, na Baixada Fluminense. O menino, de 11 anos, assistia, segundo seus parentes, a queima de fogos no quintal de casa quando foi atingido por um disparo na cabeça.

Ele foi levado até o UPA de Edson Passos, porém, não resistiu aos ferimentos e morreu.

— Foi tudo muito rápido. Às 23h59 estávamos na sala, foi o tempo de ligarmos a televisão e virou o ano. Então, fomos para a varanda ver os fogos. O barulho alto foi lá pela 0h05. Juan caiu da cadeira logo em seguida, já com sangue. Não entendemos nada, não imaginávamos que pudesse ser tiro. Pensamos, no começo, que ele tinha só caído e batido a cabeça — disse um primo do menino.

Rafaelly da Rocha Vieira, 10 anos

Na noite de 26 de janeiro, Rafaelly da Rocha Vieira, de 10 anos, brincava com outras crianças na porta de sua casa, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Após homens encapuzados passarem atirando na esquina próxima à Rua Doutor Monteiro de Barros com Avenida Getúlio de Moura, a menina foi atingida por um dos disparos.

— Ela estava no portão da casa dela brincando com uma amiguinha. Uma sobrinha minha disse que ela correu assustada com os tiros. Se tivesse ficado atrás do carro, teria sobrevivido — lamentou a madrinha de Rafaelly, Elza Alaíde, ao GLOBO.

Rafaelly chegou a ser socorrida, mas não resistiu. Segundo a família, ela tinha completado dez anos seis dias antes e teria uma uma festa de aniversário.

Maria Eduarda Carvalho Martins, 9 anos

Era um bloco de carnaval, no dia 19 de fevereiro, na Praia do Anil, em Magé, na Baixada Fluminense. A menina Maria Eduarda Carvalho Martins, de apenas 9 anos, foi atingida por um tiro durante uma briga entre um policial civil e um bandido em um bloco de Carnaval. No tiroteio, uma mulher também foi morta e 16 pessoas ficaram feridas.

Ester de Assis Oliveira, 9 anos

Ester voltava da escola quando foi atingida por uma bala perdida, no dia 5 de abril, em Madureira, na Zona Norte do Rio. No momento, havia confronto entre traficantes das comunidades da região, numa tentativa de invasão do Morro do Cajueiro. Ela voltava da escola com uma prima quando parou para comer um bolo que havia ganhado numa comemoração de Páscoa. Depois do doloroso adeus à filha, Thamires desabafou: “Arrancaram o meu coração”.

— Tiraram um pedaço de mim. Ela só tinha nove aninhos, tinha tudo para viver ainda. Arrancaram a vida da minha filha injustamente. Ela estava vindo da escola. Só quero justiça pelo que fizeram com a minha filha, para nenhuma mãe sentir a dor que estou sentindo hoje. Arrancaram o meu coração — lamentava a mãe de Ester, que não soltava o ursinho de pelúcia que pertencia à filha.

Jhenyfer Luz Silva de Souza, 12 anos

Jhenyfer foi morta vítima de bala perdida no dia 15 de abril, em Itatiaia, no Sul Fluminense. O caso aconteceu durante um tiroteio entre traficantes, que dispararam contra um desafeto no bairro Nova Conquista. Jhenyfer Luz Silva de Souza foi atingida nas costas e não resistiu.

Lohan Samuel Nunes Dutra, 11 anos

No dia 30 de abril, Lohan Samuel, de 11 anos, morreu após ser baleado num tiroteio no Complexo do Chapadão. Segundo familiares, ele e a irmã de criação Kailany Vitória Fernandes, de 19 anos, que também morreu, estariam no portão de casa, na localidade conhecida como Praça do Areal, quando foram atingidos por disparos.

Uma conhecida da família, que também preferiu não se identificar, disse que Lohan era uma criança “inocente, cheia de vida, de sonhos”, além de muito querido por todos na região.

Yan Gabriel Marques, 12 anos

No último fim de semana, Yan Gabriel, de 12 anos, morreu atingido no rosto por um tiro de bala perdida, enquanto brincava, em Nova Iguaçu, Baixada Fluminense. O tiro teria sido disparado durante uma disputa por território entre grupos rivais de milicianos que atuam na região. Segundo relatos nas redes sociais, a guerra é travada por milicianos liderados por Gilson Ingrácio de Souza Junior, o Juninho Varão, e Luís Antônio da Silva Braga, o Zinho.

Após a morte de Yan, a escola de futebol na qual o adolescente jogava suspendeu as aulas por uma semana.

Dijalma de Azevedo, 11 anos

Dijalma de Azevedo, de 11 anos, morreu na manhã desta quarta-feira após ser baleado próximo de um condomínio na Estrada do Bosque Fundo, em Maricá, na Região Metropolitana do Rio. No momento em que foi atingido, ele usava o uniforme de escola municipal da cidade e estava a caminho da unidade de educação.

Segundo a Polícia Militar, equipes do 12º BPM (Niterói) realizavam policiamento quando foram recebidas a tiros no local. Uma viatura também foi atingida por disparos. Os agentes afirmam que, após confronto, já encontraram a vítima sem vida no chão.

Thiago Menezes Flausino, de 13 anos

O adolescente que sonhava ser jogador de futebol pilotava uma moto e passava na esquina da Estrada Marechal Miguel Salazar com Rua Geremias quando foi baleado, durante uma ação do Batalhão de Polícia de Choque (BPChq). Parentes afirmam que o primeiro tiro atingiu Thiago numa das pernas, ele caiu e os demais disparos — cinco ao todo — foram feitos quando o garoto estava caído no chão.

Tio do jovem, Hamilton Bezerra Flausino falou sobre a ação policial:

— A política de confronto não é a solução. Inocentes morrem, porque é mais fácil comprar drogas do que pão.

Eloah da Silva dos Santos, de 5 anos

Após a morte de Wendel Eduardo, de 17 anos, que, segundo a Polícia Militar trocou tiros com agentes do 17º BPM (Ilha do Governador), no último sábado, moradores realizaram um protesto nas imediações do Morro do Dendê. Na ocasião, tiros foram disparados, de acordo com relatos de testemunhas.

Eloah brincava em casa, na localidade Cova da Onça, na comunidade, quando foi baleada.

— A viatura da polícia passou mandando tiro. Foi na hora que ouvi o estalo na janela. Quando fui ver, ela (Eloá) estava caída em cima da cama. Estava sentindo muito dor. Eu tentei reanimá-la, mas não teve mais jeito — contou a mãe da menina, Ana Cláudia da Silva, de 31 anos.

Fonte: G1

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