Dólar opera em queda e vai a R$ 5,75, com recuo de ‘tarifaço’ de Trump e ata do Copom no radar; Ibovespa cai

O dólar passou a operar em queda nesta terça-feira (4) e atingiu R$ 5,75 na mínima do dia, conforme investidores repercutiam o enfraquecimento do “tarifaço” proposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, nos últimos dias.

Apesar de a China ter respondido às tarifas impostas pelos Estados Unidos, anunciando novas taxas aos produtos norte-americanos importados pelo país nesta terça-feira (entenda mais abaixo), a leitura do mercado ainda é que as ameaças tarifárias de Trump estão perdendo a força.

Isso porque na última segunda-feira (3), tanto o México quanto o Canadá anunciaram acordos com os EUA para suspender as tarifas durante um mês. Em troca, os dois países assumiram o compromisso de reforçar a proteção de suas fronteiras.

Na agenda do dia, ficam sob os holofotes os novos dados de atividade dos Estados Unidos e a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central do Brasil (BC).

No documento, divulgado nesta terça, a instituição informa que projeta uma inflação acima da meta pelo menos até junho deste ano e destaca a preocupação com a alta dos preços dos alimentos, que deve “se propagar para o médio prazo”.

O Ibovespa, principal índice acionário da bolsa de valores brasileira, a B3, também opera em baixa.

Dólar
Às 13h30, o dólar caía 0,98%, cotado a R$ 5,7584. Na mínima do dia, chegou a $ 5,7569. Veja mais cotações.

No dia anterior, a moeda norte-americana fechou em queda de 0,38%, cotada a R$ 5,8153.

Com o resultado, acumulou:

queda de 0,38% na semana e no mês;
recuo de 5,90% no ano.

No mesmo horário, o Ibovespa caía 0,46%, aos 125.392 pontos.

Na véspera, o índice fechou em queda de 0,13%%, aos 125.971 pontos.

Com o resultado, acumulou:

queda de 0,13% na semana e no mês;
ganho de 4,73% no ano.

O que está mexendo com os mercados?
Os desdobramentos do “tarifaço” imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, continuam a fazer preço nos mercados pelo mundo.

Nesta terça-feira (4), a China impôs novas tarifas sobre importações dos EUA, em retaliação às taxações norte-americanas. O gigante asiático determinou um imposto de 15% para carvão e Gás Natural Liquefeito (GNL) dos EUA e 10% para petróleo bruto, equipamentos agrícolas e alguns automóveis. As taxas passam a valer na próxima segunda-feira (10).

A decisão do gigante asiático é mais um passo na guerra comercial entre as duas maiores economias do mundo, e coloca a atenção dos mercados sobre a efetividade da ameaça tarifária dos Estados Unidos — estratégia antiga usada pelo país para favorecimento próprio.

Desde sexta-feira (31), quando anunciou novas tarifas para três de seus principais parceiros comerciais, Trump já fez acordo com o México e com o Canadá. Em ambos os casos, o tratado determinou a pausa das tarifas durante um mês, além de medidas de ambos os países para controlar o que passa por suas fronteiras.

Por outro lado, no entanto, a briga tarifária entre EUA e China segue na mira dos investidores, em meio a temores de que a taxação possa aumentar a inflação no país norte-americano, por conta da alta nos preços de produtos e matérias-primas.

Esse cenário, caso se concretize, pode colocar ainda mais pressão no Federal Reserve (Fed), o banco central norte-americano, em um momento em que a instituição tenta controlar os preços no país. Se a inflação subir demais, a instituição pode precisar aumentar os juros novamente.

Juros mais altos tornam o crédito mais caro para a população e empresas, reduzindo o consumo e, consequentemente, a pressão inflacionária. Mas também elevam a rentabilidade dos títulos públicos dos EUA, considerados os ativos financeiros mais seguros do mundo.

Nesse caso, há uma maior atração de investidores para os Estados Unidos, o que pode fortalecer o dólar em relação a outras moedas, como o real. Caso isso se concretize, há um impacto global dos preços, já que muitos contratos de importação e exportação são feitos na moeda norte-americana.

Isso pode acelerar a inflação em mais países, especialmente aqueles que têm os EUA como principais parceiros comerciais

De olho nos juros
Já no cenário doméstico, as atenções ficam voltadas para a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que aconteceu na semana passada. O encontro terminou na decisão, por parte do colegiado, de mais um aumento da taxa básica de juros (Selic), em 1 ponto percentual.

No documento divulgado hoje, o comitê disse que as expectativas de inflação elevaram-se de forma significativa nos últimos meses – para o curto, médio e longo prazo. As projeções da instituição apontam para uma inflação acima da meta pelos próximos seis meses consecutivos.

A partir de 2025, com o início do sistema de meta contínua, o objetivo é de uma inflação de 3% – e será considerado cumprido se a inflação oscilar entre 1,5% e 4,5%.

No regime de meta contínua, porém, se a inflação ficar fora do intervalo de tolerância por seis meses consecutivos, a meta é considerada descumprida. Dessa forma, se as projeções se concretizarem, 2025 terá um novo estouro da meta de inflação.

Entre os pontos de pressão para a inflação, o Copom destaca a alta dos preços dos alimentos, a pressão do dólar sobre a economia e as perspectivas mais cautelosas sobre a capacidade do governo de equilibrar as contas públicas.

Com esses fatores no radar, a instituição já indicou um novo aumento de 1 ponto percentual em sua próxima reunião, o que deve levar a taxa Selic a 14,25% ao ano. Outras altas ainda devem vir pela frente e o mercado projeta os juros a 15% ao ano ao fim de 2025.

Juros maiores por aqui atraem mais investidores, porque os títulos públicos passam a entregar rentabilidades mais atrativas também. Isso pode ajudar a reduzir a pressão do dólar.

Fonte: G1

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