Dono de loja saqueada na Cracolândia relata prejuízo de R$ 300 mil, diz que vai fechar e demitir 10 pessoas: ‘Roubaram tudo. Não ficou um parafuso’

Dono da loja de eletrônicos que foi saqueada na manhã do último sábado (27), na região da Cracolândia, Centro de São Paulo, o comerciante José Carlos de Souza disse que não vai mais continuar com o negócio.

Revoltado com o que chama de “falta da ação do Poder Público” na região central para deter o avanço e violência dos usuários de drogas, Souza afirmou ao SP1, da TV Globo, que teve prejuízo de mais de R$ 300 mil com a ação dos dependentes químicos e não tem mais condições de continuar com o negócio.

José Carlos de Souza abriu a loja saqueada à reportagem da TV Globo e o que se viu lá dentro, foram cenas de devastação.

Muito produto quebrado no chão, prateleiras vazias e jogadas no chão e muita bagunça. Quase 100% dos produtos foram roubados, segundo o comerciante.

“Acabei de vir do hospital porque, imagina você, uma situação dessa. Já estávamos numa situação financeira complicada. Fechamos três lojas, agora mais uma. Acabei de vir do hospital porque a pressão alterou. Cheguei agora. E talvez nossa maior revolta é com o Poder Público, que sabe o que está acontecendo, que é uma zona tomada pelos bandidos, mas não faz uma segurança, não faz o que deveria fazer”, declarou.

Por meio de nota, a Secretaria Municipal de Segurança Urbana (SMSU) informou que a Guarda Civil Metropolitana (GCM), durante ação de patrulhamento na região na manhã deste domingo (28), encaminhou 4 pessoas portando objetos eletrônicos sem procedência, para o 2º Distrito Policial da região central.

Após 25 anos de trabalho na região da rua Santa Ifigênia, José Carlos de Souza afirmou que aos pontos tem visto a dilapidação do próprio patrimônio construído, em virtude da violência.

“A primeira reação que a gente tem é de decepção, da impotência que estamos como comerciantes. Não é a primeira vez que acontece, tivemos outra loja já arrombada. Fechamos três lojas, estamos fechando mais uma. Nesse ritmo vamos acabar fechando as outras também. Não tem como continuar. Já demitimos mais de 30 funcionários e agora mais 10 vão ser demitidos quando fecharmos essa aqui também”, declarou.

Reação das autoridades
O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), disse neste domingo (28) que vai colocar mais 500 guardas civis metropolitanos (GCMs) nas ruas do Centro da capital, após mais um episódio de saque à loja de eletrônicos na região conhecida como Cracolândia.

Segundo o prefeito de SP, a escalada da violência na região central preocupa as autoridades da cidade que, segundo ele, têm “trabalhado todos os dias para vencer esse problema gravíssimo”.

“Todo esforço junto com o governo do estado, pra gente poder minimizar essa questão de segurança. A situação era bem pior, lá em 2015, 2016, depois do bolsa crack, foi para 4 mil usuários. Hoje tem entorno de mil e poucos, e a gente tem aberto pra vocês de forma transparente a contagem de todos os dias”, declarou.

O prefeito afirmou que está trabalhando com o governo de Tarcísio de Freitas (Republicanos) para diminuir a criminalidade na região e oferecer ajuda aos dependentes químicos da Cracolândia.

Nunes participou neste domingo (28), ao lado de Tarcísio, de uma celebração pelo Dia Internacional em Memória das Vítimas do Holocausto, na Congregação Israelita Paulista (CIP).

O ato lembrou os seis milhões de judeus assassinados durante o Holocausto da II Guerra Mundial, e as outras vítimas do nazismo, com o acendimento de seis velas por sobreviventes.

Mais um saque

A nova loja invadida na Cracolândia fica na Rua Santa Ifigênia, conhecida área da cidade para venda e reparo de produtos eletrônicos. O estabelecimento trabalha com venda de câmeras de segurança e saqueado na manhã de sábado (27).

O sistema de segurança do estabelecimento registrou o crime e a grande quantidade de pessoas.

No registro, centenas de pessoas caminhavam pela área. Toda a ação para levar a maioria dos produtos do comércio durou cerca de cinco minutos.

O vídeo mostra a movimentação de dependentes químicos em frente ao local. O grupo conseguiu forçar a porta do estabelecimento e levou diversos equipamentos.

Fonte: G1

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