Em SP, acidentes de trânsito matam uma pessoa a cada duas horas

por Redação

No estado de São Paulo, uma pessoa morre a cada duas horas em acidentes de trânsito. É o que mostra um levantamento feito pelo R7 com base no Infosiga, banco de dados do Governo de São Paulo sobre acidentes em vias no estado.

O dado alarmante chama ainda mais atenção no Maio Amarelo, mês da conscientização sobre segurança no tráfego. Especialistas apontam falta de atenção ao volante e falhas na infraestrutura como as principais causas de sinistros e reafirmam a necessidade da direção defensiva para reduzir o número de mortes.

De acordo com o Infosiga, foram registrados 1.525 óbitos em acidentes de trânsito entre janeiro e abril de 2023. O número representa uma redução de apenas 3,8% em relação ao mesmo período de 2022, que alcançou a marca de 1.585 mortes.

Dados como esse colocam o Brasil atrás apenas de Índia e China, dois gigantes populacionais, no ranking da OMS (Organização Mundial da Saúde) de países com os maiores índices de acidentes fatais de trânsito.

“Os sinistros de trânsito deixam um rastro de mortos e feridos que não pode ser aceitável em uma sociedade moderna, civilizada e com tantas tecnologias disponíveis”, afirma Michel Angelis Miquilin, vice-presidente da ABSeV (Associação Brasileira de Segurança Viária) e engenheiro especialista em segurança de tráfego da 3M.

Principais causas de acidentes
Especialistas afirmam que a causa para tantas mortes está relacionada à falta de atenção dos condutores e às falhas na infraestrutura de segurança nas vias. De todos os óbitos registrados no trânsito do estado de SP, 61% são de motoristas.

“Muitos não se concentram totalmente quando estão dirigindo. A atenção fica dividida entre a direção e o celular, principalmente. Isso faz com que, na maioria das vezes, o motorista avance a preferencial do terceiro e provoque colisão”, conta Wiliam Rocha, que trabalha há 20 anos com sinistros de trânsito para seguradoras.

Embora concorde que a desatenção e a imprudência sejam duas das principais causas de mortes no trânsito, Michel salienta que há outros fatores.

“É comum observarmos altas taxas de fatalidades e sinistros em determinados trechos, o que reforça a tese de que, além do comportamento inadequado, falhas no projeto, na infraestrutura de segurança da via e também na fiscalização contribuem para a ocorrência de acidentes”, conta.

Ainda que bem sinalizadas, as vias também devem ter uma infraestrutura de segurança preparada para “perdoar” as falhas humanas.

“Imagine um condutor imprudente que resolve dirigir com sono. O risco de morrer ou matar é maior em uma via em que não há dispositivos de contenção adequados, tais como barreiras e defesas metálicas. Esse é apenas um exemplo de como a infraestrutura pode ser eficiente para absorver os erros humanos”, explica o engenheiro.

Como evitar batidas de trânsito?
A resposta não é simples. De acordo com o Pnatrans (Plano Nacional de Redução de Mortes e Lesões no Trânsito), as principais medidas para a redução das mortes no trânsito envolvem gestão e segurança das vias, educação de condutores e pedestres, atendimento às vítimas e fiscalização.

Com seus projetos de orientação, o Pnatrans pretende reduzir em 50% os índices de mortos e feridos no trânsito no Brasil até 2030.

A campanha do Maio Amarelo tem justamente o objetivo de pôr em evidência o alto número de mortes e conscientizar sobre o trânsito seguro, além de reforçar a importância da educação de condutores e pedestres. A cor escolhida remete à atenção e advertência no tráfego, que deve ser a primeira e principal medida adotada durante a direção.

“Essa campanha é essencial, pois joga luz na problemática das 35 mil pessoas que perdem a vida no Brasil anualmente vítimas de sinistro e trânsito, da negligência dos condutores, pedestres e demais usuários das vias e do insuficiente esforço para que tenhamos veículos mais seguros trafegando por vias mais seguras”, afirma Michel.

No entanto, especialistas como Helio Moreira, superitendente do ABNT CB-16 (Comitê Brasileiro de Transporte e Tráfego), acreditam que as medidas atuais não têm sido eficientes. “Essa campanha não atinge o grande público. Fica limitada às entidades e órgãos de trânsito. O combate à ocorrência de sinistros deve ser uma atividade contínua, e não restrita a um determinado período.”

Para o consultor em engenharia de transporte Horácio Figueira, “um banner não é suficiente”. “Condutores não respeitam as regras ou porque foram mal formados, ou porque realmente não se preocupam com a segurança dos outros. Sendo assim, a ação deve ser uma reeducação diária, não só no Maio Amarelo”, afirma.

Fonte: r7

Leia também

Assine nossa Newsletter

* obrigatório