Ex-gari é melhor brasileiro na São Silvestre pelo 2º ano consecutivo; conheça Johnatas Cruz

Pelo segundo ano seguido, Johnatas Cruz foi o melhor corredor brasileiro na prova masculina da São Silvestre. Na edição de 2024, realizada nesta terça-feira, o mineiro terminou na quarta colocação, duas acima da que havia chegado na última prova. Esse é mais um feito que comprova a evolução do atleta que percebeu o dom para a corrida trabalhando como coletor de lixo nas ruas de São Paulo.

Johnatas, que hoje é corredor profissional e representa o Praia Clube, de Uberlândia, completou o percurso em São Paulo em 45 minutos e 32 segundos, pouco mais de um minuto atrás do queniano Wilson Too, que venceu a prova. Após cruzar a linha de chegada, Johnatas destacou a força mental necessária para se dar bem na prova de rua.

Confira os cinco primeiros colocados da prova masculina:

1º lugar: Wilson Too (Quênia) – 44m21
2º lugar: Joseph Panga (Tanzânia) – 44m51
3º lugar: Reuben Poghisho (Quênia) – 45m26s
4º lugar: Johnatas Cruz (Brasil) – 45m32s
5º lugar: Nicolas Kosgei (Quênia) – 45m41s
Entre as mulheres, Agnes Keino (51m25s), do Quênia, cruzou a linha de chegada em primeiro lugar. A brasileira Núbia de Oliveira conquistou a terceira colocação.

Frentista, gari, jogador de futebol…
Natural de São Pedro dos Ferros, cidade de pouco mais de 7 mil habitantes na Zona da Mata Mineira, Johnatas foi morar em São Paulo com 12 anos e começou a trabalhar como frentista em um posto de combustíveis aos 18 anos.

Em 2012 mudou de emprego: passou a trabalhar com coleta de lixo, mas sem deixar o esporte de lado. A ideia inicial era ser jogador de futebol.

Em entrevista à TV Globo após a São Silvestre de 2023, Johnatas falou sobre a primeira aposta dele no esporte. Ele chegou a passar em uma peneira do Corinthians, mas não seguiu com a carreira por causa do trabalho.

– Não deu para continuar o sonho de ser jogador, mas a gente dá para o gasto como atleta – brincou.

Foi o trabalho como coletor de lixo que fez com que o caminho do esporte voltasse a cruzar o caminho de Johnatas.

– Ser coletor não é fácil, principalmente na cidade de São Paulo. Muito cansativo, desgastante, mas revela grandes talentos. As pessoas ali suportam um volume de corrida diário de 23km, 25km. Pensei: acho que vou me dar bem na corrida – revelou em um vídeo postado nas redes sociais.

Entrou na corrida de rua em 2015 e passou a conciliar as duas funções: durante o dia, treino; à tarde descanso. À noite, a corrida era atrás do caminhão de lixo.

Não demorou para aparecerem os resultados: em 2018, foi o segundo colocado no aniversário de São Paulo, primeira corrida dele. No mesmo ano, chegou na 13ª posição na corrida de São Silvestre, o 4º brasileiro mais bem colocado.

Johnatas começou com os treinos, conciliou com a coleta de lixo, percebeu evolução, mas chegou em um ponto que precisava escolher: ou correr ou trabalhar. Ele deixou de ser coletor em 2022 e passou a se dedicar ao esporte.

A dedicação tem dado resultado: em 2023, além da São Silvestre, o atleta foi quarto colocado e brasileiro mais bem colocado na Maratona dos Jogos Pan-Americanos, em Santiago.

Johnatas Cruz ainda conquistou a medalha de ouro no Campeonato Sul-Americano de Meia Maratona, disputado em Santa Cruz de La Sierra, na Bolívia, e dos 10 km da Copa Brasil de Cross Country.

Fonte: GE

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