Filha da atriz Samara Felippo é alvo de racismo em escola de alto padrão em SP; alunas escreveram ofensa em caderno

A filha de 14 anos da atriz Samara Felippo foi vítima de racismo na escola de alto padrão Vera Cruz, na Zona Oeste de São Paulo, na segunda-feira (22).

Segundo Samara e o colégio, duas alunas do 9° ano pegaram um caderno da garota, que é negra, arrancaram as folhas e escreveram uma ofensa de cunho racial em uma das páginas. Na sequência, o caderno foi devolvido aos achados e perdidos.

O g1 procurou a Escola Vera Cruz por e-mail neste sábado (27), mas não recebeu retorno até a publicação desta reportagem.

A atriz registrou boletim de ocorrência e afirmou que ainda não definiu se vai tirar a filha da escola.

Alunas foram suspensas por tempo indeterminado
Em comunicado enviado às famílias e obtido pelo g1, o Vera Cruz diz que, ao recuperar o caderno, a filha de Samara procurou a professora e a orientadora da série.

Segundo o Vera Cruz, as alunas foram convocadas para devolver as folhas arrancadas do caderno e para serem informadas oficialmente sobre as sanções que seriam aplicadas – entre elas, a suspensão por tempo indeterminado.

‘Só quero que não convivam no mesmo espaço’, diz Samara
Samara diz que pediu a expulsão das duas alunas e que considerou a escola “omissa”.

“Sim, pedi expulsão das alunas acusadas pois não vejo outra alternativa para um crime previsto em lei e que a escola insiste relativizar. Fora segurança e saúde mental da minha filha e de outros alunos negros e atípicos se elas continuarem frequentando escola. Não é um caso isolado, que isso fique claro.”

Ao g1, a atriz conta que a raiva passou, mas que ainda quer a expulsão das adolescentes porque não sente segurança da filha ocupar o mesmo espaço.

Samara diz que a filha já havia passado por episódios de preconceito anteriores, mas que só agora o “racismo se materializou”.

“Antes, ela queria não enxergar. Doía ver, só queria fazer parte de uma turma e era excluída de trabalhos, grupos, passeios, aceitava qualquer migalha e deboche feito pelas mesmas garotas, e seu nome sempre era jogado em fofocas, ‘disse me disse’ e culpada por atos que não cometia. Lembrando do caso do carregador que sumiu numa festa e a única acusada foi ela. [Não atribuo aqui esse caso as atuais agressora].”

A atriz afirma querer levantar um debate sobre o que uma escola precisa fazer para ser considerada antirracista – como se coloca o Vera Cruz.

“Tem algumas coisas na escola que eu não concordo. A política de cotas que eles adotam vai só até o quinto ano. Então, um adolescente negro que vai para a escola no sétimo, no oitavo, no nono ano, não vai se sentir representado, vai ser um ambiente hostil, majoritariamente branco. Eu quero levantar um debate assim: o que é uma escola antirracista de qualidade?”

Fonte: G1

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