São Paulo Racismo Filha de síndico grava vídeo com ofensas racistas, sugere esfolar vizinha para ‘clarear’ pele e diz que ‘pretos deviam morrer’ Redação30 de dezembro de 2024029 visualizações A família de uma menina negra de 12 anos denunciou à Polícia Civil um caso de racismo, gordofobia e xenofobia em um condomínio de prédios na Zona Norte da cidade de São Paulo no mês de dezembro. Em dois vídeos gravados por uma moradora de 11 anos e compartilhados em um grupo de WhatsApp de moradores, a criança, que é filha do síndico, faz diversas ofensas e sugere que uma das vizinhas deveria esfolar a pele até ficar “branquinha” e “mais bonita”. Os pais da garota mencionada nos vídeos tomaram conhecimento do caso em 18 de dezembro, após serem avisados pela filha e também por outros moradores do mesmo condomínio. As gravações, que juntas têm cerca de 14 minutos, foram apresentadas na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi) e obtidas pela GloboNews. Em nota, a Secretaria da Segurança Pública informou que o caso é investigado pelo 19º Distrito Policial (Vila Maria), responsável pela área dos fatos, para apurar o crime de injúria racial. “As partes serão notificadas para a realização de oitivas. Diligências prosseguem para o esclarecimento dos fatos”, disse a pasta. 👉 Por envolver uma criança com menos de 12 anos, a legislação não prevê a responsabilização criminal ou enquadramento por ato infracional da menina que gravou e compartilhou os vídeos. Mas, segundo o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), os pais também têm responsabilidade pelo comportamento, falas e atitudes da filha. Para o advogado Diego Moreiras, que representa a família da vítima, não cabe nesse caso uma punição para a criança que gravou os vídeos, mas vai pedir na Justiça que ela passe por acompanhamento psicológico e orientação, como prevê o ECA. Para ele, há evidências de que os pais foram negligentes em relação ao comportamento da menina e devem responder na esfera cível e criminal. Ataques racistas, gordofóbicos e xenofóbicosA reportagem optou por não identificar nenhuma das crianças para protegê-las, independentemente da participação nas gravações. Em um dos vídeos, a garota conversa com uma outra menina, que não aparece no vídeo, e deixa claro que se refere à uma determinada moradora. A menina também diz que “pretos são burros”, que “ser racista é bom” e que tem nojo de pretos. “Pretos são ridículos e pretos deviam todos morrer, o sangue deles deve ser mais escuro que o nosso, gente escura dá nojo, eu tenho nojo de gente escura”, afirma a garota. Ao tomar conhecimento dos vídeos, a mãe da vítima disse ter ficado em choque. “Foi pesado pra mim. É difícil falar sobre, porque no dia eu fiquei muito em choque. Sabe quando você não tem reação?”, disse a coordenadora de eventos Luana Anjos, mãe da vítima de racismo. O casal procurou o pai da criança que fez as gravações e as compartilhou. Ele é síndico do condomínio. Mas, segundo a família, o acolhimento e o pedido de desculpas não foram imediatos e as medidas tomadas foram insuficientes para que a situação não se repita. “Foi uma situação muito séria que eles estão levando na brincadeira. Eles estão levando na brincadeira, Só que de lá para cá é a gente que tem ficado preocupado”, lamentou o auxiliar de RH e músico Anderson Silva dos Anjos, pai da menina ofendida. Nos vídeos, também são proferidas ofensas xenofóbicas e gordofóbicas em relação a outros moradores do condomínio. Em uma mensagem publicada em um grupo de WhatsApp dias depois, o síndico diz lamentar o ocorrido e se retratou sobre o ato praticado pela filha. Ele disse ainda que não concorda com o que foi dito pela filha. “Nós estamos arrasados como pais e acho que falhamos em algum momento”, escreveu na mensagem. A GloboNews tentou contato com os responsáveis pela criança que gravou os vídeos, mas até a publicação da reportagem eles não tinham sido localizados. Fonte: G1