Garrafa de uísque foi encontrada em carro de motorista que causou acidente com morte em Guarulhos; PM liberou condutor sem fazer bafômetro

Uma garrafa de uísque foi encontrada pela polícia no banco do passageiro do veículo que invadiu a contramão e provocou um acidente com morte em Guarulhos, na Grande SP.

Os envolvidos na batida, entretanto, foram liberados pela PM sem fazer bafômetro. O caso ocorreu na madrugada do último sábado (13).

De acordo com a Secretaria da Segurança Pública, os policiais avaliaram que os condutores envolvidos estavam conscientes e que seria caso de lesão corporal leve, informou o delegado.

A ocorrência foi incialmente registrada como morte suspeita ou acidental, mas depois passou a ser investigada como homicídio doloso por dolo eventual (quando se assume o risco de matar).

O carro bateu contra o veículo de Ednaldo de Souza Mendes, de 41 anos, que trabalhava como motorista por aplicativo. Ele chegou a ser levado para o hospital, passou por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos e morreu.

A Polícia Civil agora apura se o condutor do carro tinha ingerido bebida alcoólica.

Falso condutor
Felipe Gambeta Malheiro, de 21 anos, se apresentou como motorista do veículo responsável pelo acidente e alegou à polícia que perdeu o controle do carro após uma pane no sistema de tração.

Imagens de câmeras de segurança, entretanto, mostram que Felipe não era o condutor. Horas após o acidente, ele admitiu à polícia, informalmente, que mentiu e deverá responder por fraude processual.

Segundo o delegado Rogério Champion, quem conduziu o carro foi Gustavo Moreira Cardoso. Quatro pessoas envolvidas no caso serão ouvidas pela polícia na tarde desta terça-feira (16).

A Polícia Civil diz que solicitou os depoimentos dos policiais militares e dos ocupantes do veículo que provocou o acidente, além de pedir as imagens das câmeras corporais dos PMs.

Motorista deu detalhes antes de morrer, diz filho
Antes de falecer, o motorista conseguiu falar com a família sobre o acidente. Ele chegou a ficar internado e passar por cirurgia, mas não resistiu aos ferimentos.

“Como ele ainda tinha clareza de tudo, ele conseguiu falar tudo o que aconteceu. Disse que ele estava subindo a Timóteo Penteado, quando ele viu um carro vindo em alta velocidade na contramão e ele só pensou: ‘é aqui que eu morro’. Ainda tivemos esse momento com ele pra nos despedir, digamos assim”, disse Davi Silva, filho da vítima.

“Quando eu cheguei ao acidente, os policiais informaram que não era necessário o bafômetro. Me informaram que tinha um segurança num estabelecimento 24 horas, na frente de onde aconteceu o acidente. E eu conversei com esse segurança, ele relatou o mesmo acontecimento que vi no vídeo, que meu pai relatou. E ele também relatou que, quando quatro jovens saíram do carro, ele pôde ver uma garrafa de uísque vazia dentro do carro”, ressaltou Davi.

“Quando eu abri o boletim, já de óbito, eu relatei para o delegado em questão, mas nos ainda não temos acesso ao boletim da Polícia Militar. Então, nós não sabemos se esse fato foi incluído ou não”, diz o filho da vítima.

“O que fica dele é a saudade. É tentar honrar esse legado que ele nos trouxe de honestidade, de ser uma pessoa que luta sempre por aquilo que ele acha justo. E até por isso que nós queremos Justiça para o meu pai, assim como teve esse recente caso aí da Porsche. Nós também queremos que não fique assim, né. Meu pai merece ter Justiça, assim como ele sempre lutou pelo que é justo”.

Fonte: G1

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