Na véspera dos atos de 8 de janeiro, quando o Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Supremo Tribunal Federal (STF) foram invadidos e depredados por vândalos, a Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal descartou a possibilidade de atos de violência e disse que o protesto daquele dia seria uma “simples manifestação de cunho pacífico”, segundo a Polícia Federal.
As informações foram apresentadas pela PF à Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do Congresso Nacional que investiga os episódios do 8 de Janeiro. Segundo a corporação, o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues, pediu uma reunião de urgência em 7 de janeiro com representantes do Governo do DF para tratar das manifestações que aconteceriam naquele fim de semana, e ouviu da administração local que o movimento não seria radical.
Rodrigues solicitou o encontro após a Diretoria de Inteligência Policial da Polícia Federal ter constatado já no dia 5 de janeiro uma “mobilização de pessoas para Brasília com propósitos de confrontar os resultados das urnas eleitorais”. De acordo com a corporação, a movimentação para um protesto na capital do país era evidente em redes sociais e, dessa forma, não era “necessário conhecimentos técnicos de inteligência para identificação do risco e da ameaça iminentes”.
Durante a reunião com o Governo do DF, Rodrigues “externou a preocupação da Polícia Federal com o deslocamento de pessoas para Brasília marcadas para o dia seguinte objetivando ocupar a Esplanada dos Ministérios e contestar o resultado das urnas”.
O diretor-geral da Polícia Federal destacou, ainda, o elevado grau de ameaça à segurança e solicitou providências visando o isolamento da Esplanada dos Ministérios “de modo a impedir a aproximação daquelas pessoas que se mostravam, pelas redes sociais, inconformadas com os resultados das eleições presidenciais”. Segundo ele, aquela movimentação “seria, em tese, por si só um ato criminoso, pois atentaria contra o Estado democrático de Direito, conforme legislação de regência”.
Apesar do posicionamento de Rodrigues, os representantes da Secretaria de Segurança Pública do DF que estiveram na reunião manifestaram um entendimento diferente, alegando que o protesto programado para o 8 de Janeiro se trataria de “uma simples manifestação de cunho pacífico”.
Governo do DF sabia de riscos e alertou para invasão
A postura da Secretaria de Segurança Pública no encontro com Rodrigues foi totalmente diferente de um alerta emitido pela Subsecretaria de Inteligência da pasta no dia anterior ao encontro com o diretor-geral da PF, apontam as investigações.
Em relatório enviado em 6 de janeiro ao então secretário de Segurança Pública, Anderson Torres, o setor de inteligência alertou para a convocação de um ato intitulado “tomada de poder pelo povo” e disse que “as divulgações apresentam-se de forma alarmante, dada a afirmação de que a ‘tomada de poder’ ocorreria principalmente com a invasão ao Congresso Nacional”.
O documento da Subsecretaria de Inteligência destacava também que os manifestantes defendiam ações como “ocupar órgãos públicos que representam os Três Poderes” e “impedir o acesso de servidores aos órgãos”.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública do DF disse apenas que “todos os fatos relacionados à operação do dia 8 de janeiro de 2023 estão em processo de apuração”.
Fonte: r7