Gripe Aviária Gripe aviária em humanos: entenda os pontos de alerta sobre letalidade, mutações e vacina Redação20 de maio de 2025026 visualizações A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) divulgou na segunda-feira (19) um comunicado informando que segue monitorando os casos de influenza aviária detectados em uma granja comercial no Rio Grande do Sul. A nova cepa de H5N1 apresenta alta transmissibilidade e, em humanos, apresenta taxa de letalidade de aproximadamente 48%, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Embora não haja registros de contágio entre pessoas até o momento, estudos indicam que o vírus já passou por adaptações que lhe permitem replicar-se facilmente em mamíferos. Essa descoberta tem gerado grande preocupação entre médicos e pesquisadores consultados pelo g1. O infectologista Jean Gorinchteyn, Secretário de Saúde de São Bernardo do Campo (SP). O que é a gripe aviária?O médico Igor Marinho, infectologista do Hospital das Clínicas, esclarece que a H5N1 é uma variante da Influenza A que afeta tanto aves quanto mamíferos. A transmissão para humanos ocorre por meio do contato com secreções de animais infectados, sendo a doença letal para ambos. Apesar da alta taxa de contaminação entre animais, não há evidências de transmissão da doença pelo consumo de ovos ou carne de aves e mamíferos contaminados. Sintomas da gripe aviáriaOs sintomas da gripe aviária são semelhantes aos da Influenza comum, podendo variar de leves a graves. Gorinchteyn lista os mais frequentes: Febre.Tosse seca.Espirros.Coriza.Secreção nasal.Dor de garganta.Falta de ar.Dores ao respirar.Pneumonite (inflamação dos pulmões).Insuficiência respiratória.Comorbidades aumentam o risco de forma grave da doençaOs infectologistas detalham que, assim como em outros tipos de gripe, bebês, crianças, idosos e pessoas com comorbidades pulmonares e cardiovasculares são mais vulneráveis a desenvolver quadros graves da doença. O infectologista também chama a atenção para a possibilidade de infecções bacterianas simultâneas. “Enquanto o sistema imunológico combate o vírus, bactérias podem se aproveitar da fragilidade do organismo e se instalar. Nesses casos, um tratamento intensificado é necessário”, afirma. Como é feito o diagnóstico?Segundo o infectologista do Hospital das Clínicas, os hospitais dispõem de testes para diagnosticar a influenza aviária. Marinho explica que a realização desses testes depende de alertas epidemiológicos. Uma vez diagnosticado, o paciente deve permanecer em isolamento para acompanhamento e tratamento dos sintomas. Mesmo sem diagnóstico confirmado, em casos de contato com aves contaminadas, o protocolo deve ser o mesmo, de acordo com Gorinchteyn: o período de incubação do vírus é de três a cinco dias após o contágio. Pode virar pandemia?Biomédica, pesquisadora e professora da Escola de Saúde da Unisinos, Mellanie Fontes-Dutra enfatiza que manter-se vigilante e acompanhar a evolução dos casos é crucial para evitar uma nova epidemia – e até mesmo uma pandemia. “Nas últimas décadas, temos observado surtos de gripe aviária de maior magnitude e um aumento na diversidade de hospedeiros. Estudos recentes mostram que pinípedes, como leões e lobos marinhos, têm sido afetados com crescente frequência por essa infecção, com alta mortalidade”, aponta a pesquisadora. Gripe suína teve origem em coinfecçõesAinda segundo a pesquisadora, a temida mutação pode ocorrer em coinfecções, quando um animal hospedeiro – um mamífero, por exemplo – é infectado simultaneamente por diferentes cepas de influenza, como a suína, a aviária e a humana. “Quando um hospedeiro é suscetível a múltiplos vírus, ele pode ser contaminado por dois ou mais ao mesmo tempo, resultando na formação de um novo vírus. Foi assim que surgiu a gripe suína. E esse é o nosso maior receio com a chegada do inverno, período de surto de influenza A entre humanos, o que pode levar a coinfecções entre H1N1 e H5N1, tornando a gripe aviária mais potente”, alerta Dutra. A pesquisadora explica que, ao entrarem em contato, os diferentes vírus podem se recombinar e gerar uma nova cepa. “Esse hospedeiro pode ser um animal ou uma pessoa imunossuprimida. Não sabemos como esse novo vírus se comportaria. Por isso, é fundamental acompanhar com cautela o surgimento desses novos casos.” A vacina da gripe protege contra a influenza aviária? A vacina da gripe, disponibilizada gratuitamente pelo SUS na maior parte do Brasil, não oferece proteção contra a influenza aviária. No entanto, Mellanie ressalta que a vacinação contra a H1N1 pode prevenir casos de coinfecções. Fonte: G1