Um público de aproximadamente 40 pessoas, entre lideranças indígenas de várias etnias, representantes de religiões de matriz africana e da sociedade civil, acompanhou nesta quinta-feira (27) a inauguração do Espaço de Cultivo e Saberes Ancestrais, instalado na Casa Municipal de Agricultura Urbana e Familiar (avenida Birinepe, 99), no Jardim Cumbica.
A ação da Prefeitura de Guarulhos visa à valorização das culturas ancestrais indígenas e afrodescendentes por meio da troca de experiências e do fortalecimento dos saberes tradicionais sobre o manejo e o uso de plantas para usos terapêuticos e culturais.
“Este evento é um marco na cidade. A ideia é resgatar e divulgar esses conhecimentos de plantas fitoterápicas ancestrais. Alguns desses cultivos servem para fins litúrgicos de religiões de matriz africana e dos povos indígenas. Muitas dessas práticas não são realizadas hoje pela falta e a dificuldade de encontrar algumas plantas”, explicou o subsecretário da Igualdade Racial, Jorge Caniba Batista dos Santos.
Parceria entre a subsecretaria, integrante da Secretaria de Direitos Humanos, e a Pasta de Serviços Públicos, o novo espaço terá a missão de preservar e difundir os saberes ancestrais, conhecimentos transmitidos há séculos pelos povos originários e tradicionais, fundamentais para a construção da identidade cultural brasileira.
A ideia é oferecer oficinas, cursos, palestras e rodas de conversa para estudantes, instituições de ensino e a comunidade, além de formar um banco de mudas e sementes com espécies fitoterápicas, preconizadas pelo SUS, para uso medicinal e em rituais litúrgicos de povos indígenas e de entidades de matriz africana.
Para a ialorixá Claudia Ty Oya, a iniciativa resgata a ancestralidade. “A melhor forma de fazer isso é com o princípio da natureza. Devolver aos povos, todos os seres humanos, sua verdadeira natureza. Somos todos natureza e vivemos nela. As ervas são essenciais para a manutenção de nossa vivência. Esta ação hoje traz visibilidade e nos une”, disse.
Já o representante da etnia Wassu, Alan Wassu, destacou o poder terapêutico das ervas. Falar das plantas é falar de vida, de cura. Nossas plantas curam. É importante o resgate da medicina dos povos indígenas”, afirmou.
A inauguração contou com a apresentação de dança da etnia Wassu Cacoal invocando proteção e com as presenças de representantes do Conselho Municipal da Promoção da Igualdade Racial, da OAB, da Câmara Municipal, do projeto Tear, do Conselho Municipal de Segurança Alimentar e Nutricional (Consan), da Aldeia Multiétnica Filhos desta Terra, de gestores municipais, entre outros.