Homem que levou cobra à UPA após ser mordido diz já ter capturado mais de 350 serpentes

O homem, de 58 anos, que levou uma cobra jararaca (Bothrops jararaca) à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guarujá (SP) após ser mordido na mão direita pelo animal, contou já capturou mais de 350 serpentes com as mãos. Porém, essa foi a primeira vez que ele sofreu uma mordida.

José Carlos Rodrigues dos Santos é artesão e extrai matéria-prima em áreas de mata, o que lhe proporciona muito contato com répteis. A imagem de José segurando a cobra com a boca aberta na UPA do Perequê, em 5 de agosto, teve grande repercussão (veja acima).

Segundo ele, a decisão de levar o animal no posto de saúde foi para ajudar os profissionais a identificar a medicação adequada. Ele contou ao g1 que, após a mordida, tem enfrentado dificuldades para trabalhar devido à inflamação e inchaço na mão.

O artesão, que ainda sente dor, disse que faz cestas, vassouras, móveis e cadeiras e está trabalhando “forçado”. “Quando eu trabalho, a mão incha, está inchada, [mas] incha mais. Eu tenho que trabalhar para me manter.” O médico prescreveu 21 dias de repouso junto com a medicação.

Mordida

José estava trabalhando quando foi chamado pelo vizinho para retirar uma cobra que havia aparecido na casa do homem. Ele contou que tem o costume de pegar serpentes com a mão. “Como eu trabalho com matéria-prima da mata, cipó, fui tentar retirar e ela mordeu. Ela ficou grudada no meu dedo.”

O artesão contou que retirou o animal do dedo e foi até a torneira para lavar a mão na água. Os moradores do local colocaram a serpente no saco, e o vizinho o levou ao hospital. “Mas não amarraram direito e, no meio do caminho, a cobra escapou. Eu tive que pegar de volta.”

Durante o atendimento médico, o artesão contou que pensaram que o animal estava morto e foram mexer nela, que saiu novamente. “Eu tive que pegar de volta”. Para ele, a sensação é muito ruim e passa um filme do ocorrido na cabeça.

Ele contou que sempre pega cobras com as mãos, mas que essa foi a primeira vez que foi mordido pelo animal. “Às vezes eu encontro em algum local, pego e solto lá no mato, entendeu? Já peguei mais de 350 cobras”.

O artesão explicou que levou a serpente ao hospital para facilitar na identificação do soro que lhe seria dado e que não pensou em matar o animal. “Meu objetivo era levar ela viva. Meus avós são indígenas, então ensinavam que não é para matar. Eu tenho respeito”.

Entenda o caso

A Prefeitura de Guarujá informou, por meio de nota, que o paciente deu entrada na UPA do Perequê por meios próprios e segurava o animal vivo em uma sacola plástica. O Grupamento de Defesa Ambiental (GDA), da Guarda Civil Municipal (GCM), foi acionado para recolher a cobra.

A vítima relatou aos guardas que, enquanto estava trabalhando percebeu a presença do animal e tentou retirar o réptil do local, momento em que foi mordido.

Como não sabia a espécie da serpente, ele levou a cobra até a unidade de saúde para que o médico identificasse e aplicasse o soro antiofídico.

O caso ocorreu em 5 de agosto. Na unidade, o paciente foi medicado e posteriormente encaminhado ao Hospital Santo Amaro (HSA). A equipe da GDA recolheu o animal e realizou a soltura no Morro da Barra, próximo à Santa Cruz dos Navegantes.

O HSA informou que o paciente foi atendido na Unidade de Urgência e Emergência da Unidade Hospitalar, com o ferimento na mão direita, e recebeu o soro antiofídico. Além disso, foi internado na enfermaria, recebendo acompanhamento protocolar do caso e recebeu alta em 9 de agosto.

Fonte: G1

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