Jogador de futebol e outras seis pessoas morrem em ação policial no Amapá; agentes foram afastados

O atleta de futebol Wendel Cristian, ex-jogador do Ypiranga Clube, Trem e EC Macapá, times tradicionais do Amapá, está entre as vítimas da ação que terminou com sete mortes na capital do estado, na madrugada deste domingo. Os nove policiais militares envolvidos foram afastados na manhã desta segunda-feira. A determinação partiu do governador do Amapá, Clécio Luís (Solidariedade), e foi confirmada em coletiva pela Secretaria de Justiça e Segurança Pública (Sejusp) do estado. Um inquérito foi aberto para investigar a ocorrência.

O caso ocorreu no bairro Pantanal, na Zona Norte da cidade, e todas as vítimas estavam em um mesmo carro. A ação policial foi motivada por “denúncia de tráfico de drogas” e “presença de indivíduos armados” em um veículo do mesmo modelo do que foi alvejado, um Onix Plus branco. Segundo o boletim de ocorrência, os policiais “revidaram a injusta agressão” após serem recebidos com disparos, e aprenderam sete armas, sendo uma de grosso calibre, além de dinheiro em espécie e porções de crack, maconha e cocaína.

“Estamos em uma política de enfrentamento às organizações criminosas do nosso estado, e há informações concretas que, entre as pessoas que vieram a óbito, há integrantes de facção criminosa. Por outro lado, é importante salientar que todas as providências e medidas cabíveis para apuração dos fatos estão sendo tomadas”, informou o secretário de Justiça e Segurança Pública, José Netto, em vídeo publicado nas redes sociais.

Em nota, a Sejusp afirmou que o caso está sendo investigado “com rigor e imparcialidade” pela Polícia Civil para identificar se houve “excessos ou uso desproporcional da força”. A pasta informou, ainda, que um dos mortos foi identificado como Erick Marlon Pimentel Ferreira, apontado como liderança do tráfico da região e com “extensa ficha criminal”. Entre os mortos também está o adolescente Max Dias Toloza, de 14 anos.

Nas redes sociais, o governador Clécio Luís publicou que, além do afastamento dos policiais militares, determinou a “rigorosa apuração dos fatos” e a assistência aos familiares. “Agiremos com firmeza e responsabilidade para que tudo seja devidamente esclarecido”, escreveu Clécio.

Confira as vítimas:

Erick Marlon Pimentel Ferreira;
Thiago Cardoso da Fonseca;
Emanuel Brayan Pimentel Ferreira;
Wesley Jhonata Monteiro Ribeiro;
Cleiton Ramon da Silva Pereira;
Wendel Cristian Conceição Wanderley;
Max Dias Toloza, de 14 anos.
Versão contestada
Segundo informações de testemunhas, o grupo voltava de uma partida de futebol quando foi atingido, e não houve confronto. “Aos julgadores da Internet, esse jovem é uma prova que inocentes perderam a vida de forma cruel”, escreveu uma mulher nas redes sociais, se referindo ao atleta Wendel Cristian. “A polícia matou um jovem que não tinha uma passagem na polícia, era acadêmico de educação física e se formaria esse ano, era trabalhador e jogador de futebol”, publicou outro internauta.

O Ypiranga Clube, da primeira divisão amapaense, publicou uma nota em que lamentou o falecimento de Wendel, que defendeu o clube em 2024: “uma perda precoce que nos deixa consternados”. O EC Macapá também divulgou uma nota de pesar, afirmando que o atleta defendeu a equipe em 2023, sendo campeão sub-20.

Além dos clubes, a Ordem dos Advogados do Brasil no Amapá (OAB-AP) se manifestou. De acordo com o órgão, uma advogada, que estava no local no momento da ocorrência, foi detida e algemada enquanto “defendia os direitos de um dos cidadãos”. “É importante que todos saibam que a prisão de um advogado só pode ocorrer em casos extremos de flagrante delito por crime inafiançável”, lembrou a instituição, que também destacou que “todo e qualquer abuso contra advogados no exercício de sua profissão será fortemente combatido”. Segundo a polícia, a mulher teria sido presa por desacato.

Fonte: OGLOBO 

Notícias Relacionadas

Quadrilha de receptadores de celular que planejava atuar no show de Lady Gaga é presa

STF julga nesta semana denúncia contra núcleo golpista acusado de espalhar desinformação

Conheça as estratégias dos bandidos e não caia no golpe da biometria facial