Jogo da NFL em São Paulo inicia novo capítulo para a liga no Brasil e serve de ensaio para expansão

por Redação

Embora o futebol americano ainda pareça “alternativo” para o grande público, o jogo entre Philadelphia Eagles e Green Bay Packers, primeiro da NFL na América do Sul, será o ápice de um longo processo de popularização da modalidade no Brasil. E o evento desta sexta-feira, na Neo Química Arena, em São Paulo, pode ser o ponto de inflexão para o esporte, que já tem em terras verdes e amarelas uma de suas principais casas.

Com cerca de 38 milhões de torcedores — segundo estimativas da NFL —, 8 milhões deles ávidos, o Brasil é o terceiro maior mercado consumidor da liga de futebol americano, atrás de Estados Unidos e México. Esse foi um dos motivos que abriram o olho da organização nos últimos anos, até que aparecesse uma brecha para o confronto desta sexta-feira, válido pela primeira rodada da nova temporada.

Membros da Conferência Nacional (NFC), Eagles e Packers são duas das franquias mais populares do esporte e estiveram nos playoffs da última edição. Portanto, trata-se de um confronto já decisivo “importado” para o país numa sexta-feira à noite — é a primeira vez que um jogo acontecerá nesse dia da semana.

A NFL foi apresentada ao público brasileiro ainda nos anos 1990, com algumas transmissões na TV aberta. De lá para cá, viveu momentos de maior ou menor destaque. E sua popularidade nas últimas temporadas foi potencializada pelas redes sociais. Em 2015, a Effect Sport, agência que é a representante oficial da liga no Brasil, iniciou um trabalho focado no ambiente digital.

Os sinais promissores vindos do Brasil são muitos, a ponto de Miami Dolphins e New England Patriots escolherem o país para investir na exploração de suas imagens em busca de novos fãs. A competição ainda voltou à TV aberta, e o NFL In Brasa, evento que reúne torcedores para assistir ao Super Bowl, a final da liga, surpreendeu os americanos em 2023 e 2024. Além disso, os cerca de 42 mil ingressos colocados à venda para Eagles x Packers em São Paulo esgotaram em duas horas.

— O que a NFL viu do modo como o brasileiro torce a fez perceber que havia algo diferente. Nossa empolgação, nossa vibração e nossa paixão trazem outro sabor para a liga, o que é importante — diz Pedro Rego Monteiro, CEO da Effect.

A “turnê internacional” da NFL não é algo novo. Como uma maneira de expandir seu alcance global, a liga costuma levar partidas da temporada regular para mercados considerados estratégicos — como Inglaterra, Alemanha e México.

Os mexicanos foram os primeiros a receber um jogo, em 2005, ainda sem a chancela do projeto global, que só nasceu em 2007, quando a Inglaterra passou a ser a “casa” das partidas internacionais. O desejo de expansão fez com que se aumentasse o interesse em explorar cada vez mais outros mercados, como a Alemanha, que sediou três jogos nos últimos dois anos e será palco de mais um em 2024.

Primeiro de muitos?
O Brasil, mais distante do centro econômico mundial, finalmente ganhou uma chance. E a alta procura por ingressos, o sucesso de ações e as visitas recentes de jogadores indicam que o país pode ter um lugar cativo na lista de prioridades.

— A paixão dos torcedores fez o Brasil merecer um jogo — resume Peter O’Reilly, vice-presidente executivo internacional de eventos da NFL. — Ser a terceira maior fan base coloca o país em foco rapidamente. O Brasil era um lugar onde queríamos que os jogos internacionais fossem jogados.

A escolha do país como sede de uma partida oficial não deve ser um fato isolado. A tendência é que ele seja considerado mais uma casa da liga fora dos Estados Unidos, como a Espanha, que também receberá um confronto da NFL pela primeira vez, no ano de 2025.

Por mais que a opção pelo Brasil tenha gerado polêmica e muita desinformação — sobre saúde e segurança pública — por parte de veículos de mídia americanos e até mesmo por jogadores, o interesse da liga em manter o país como um palco recorrente é real. O duelo entre Eagles e Packers não será apenas o pontapé inicial de 2024 para as duas equipes, como também pode funcionar como largada para uma série de partidas de temporada regular por aqui.

— Isso não é um ponto final ou um momento isolado. É outro começo para essa jornada da NFL no Brasil, que tem uma longa história. Esse é o início do próximo capítulo. É a oportunidade de seguir construindo a NFL no Brasil, e tomara que possamos voltar muitas outras vezes nos próximos anos — projeta O’Reilly.

Fonte: OGLOBO

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