Jovem com paralisia cerebral é aprovado na UFSCar, e vídeo de comemoração viraliza

“Passei, passei, mamãe. Eu quero correr, eu quero correr”. Foi assim que o estudante Guilherme Isaque de Souza Ferreira, de 18 anos, anunciou em casa a aprovação no curso de ciências sociais da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar).

O jovem, que tem paralisia cerebral, foi aprovado em segundo lugar por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu). Ao ver o nome na lista, a alegria tomou conta do estudante que mora na região do Brás, no Centro de São Paulo. A mãe registrou o momento em vídeo, que já teve mais de 400 mil curtidas nas redes sociais.

Em entrevista ao g1 nesta quinta-feira (6), Guilherme disse que escolheu o curso por ser envolvido na questão das lutas sociais e, principalmente, pelos direitos das pessoas com deficiência.

O jovem, que prestou alguns vestibulares como treineiro no ano passado, acredita que conseguiu a vaga na UFSCar porque gosta muito de aprender.

“Eu nunca fui um aluno nota 10, mas também nunca fui um nota 5. Sempre foi 7, 8, sabe. Gosto muito de estudar, ler e escrever”, contou. História, geografia e filosofia são suas disciplinas favoritas.

Susto, alegria e orgulho
O resultado do Sisu, que sairia no dia 26 de janeiro, foi adiado e divulgado um dia depois, o que aumentou ainda mais a ansiedade de Guilherme e outros candidatos.

Ele disse que mal conseguiu dormir e na manhã de segunda-feira (27), não desgrudava do celular. Demorou a acreditar quando viu seu nome no resultado dos aprovados. “Primeiro eu me assustei. Achava que era fake news. Quase enfartei!”, contou.

Naquele momento, a dona de casa Zilmar Lima de Souza Ferreira, de 46 anos, estava fazendo limpeza quando ouviu o filho gritando no quarto. A princípio, ela pensou que ele precisava de ajuda, mas logo percebeu que os gritos eram de felicidade.

O pai de 53 anos também estava em casa. A notícia da aprovação e a alegria do filho o deixaram “anestesiado”, contou a esposa. “Ficou sentado no sofá, nem conseguiu levantar, ficou sem forças nas pernas”.

Para a mãe, foi uma surpresa e ao mesmo tempo um susto porque ela não sabia que o filho tinha feito inscrição no vestibular da UFSCar.

A família planejar viajar a São Carlos na próxima semana para conhecer a cidade. A mãe disse que não tem condições de mudar para o interior neste momento, por isso é preciso entender melhor como é estrutura da UFSCar e se o filho terá algum suporte.

Incentivo ao estudo
Zilmar tem outro filho de 27 anos formado em biomedicina. Saber que o caçula também terá a oportunidade de frequentar a universidade a deixa ainda mais orgulhosa. “Eu só pedia: estuda, estuda, porque isso é um legado que eu posso deixar e que ninguém vai roubar”.

O marido, que atualmente trabalho como estoquista, conseguiu concluir o ensino médio, mas ela parou na sétima série. Decidida a também se dar uma oportunidade já garantiu sua matrícula para retomar os estudos.

“É um sonho dos meus dois filhos de ver eu formada. Eles estão muito felizes porque eu vou voltar para a escola. É muito emocionante e muita alegria”, contou.

Luta para viver

A paralisia cerebral de Guilherme aconteceu em decorrência da demora no parto e negligência do médico, diz Zilmar.

O bebê nasceu e entrou em coma. Tão logo saiu ficou entubado. Em meio a problemas de saúde de convulsões, a mãe disse que vivia mais no hospital do que em casa. “Foi um processo bem longo, a vida dele não foi fácil. Eu falei para ele: filho, você já nasceu lutando para viver”.

Ao longo do desenvolvimento, Guilherme passou por atendimento especializado na AACD, na unidade da Mooca, na Zona Leste, durante 12 anos.

Zilmar contou que o filho em meio a sua condição sempre perguntava se iria conseguir algo na vida. A mãe sempre repetia: “você nasceu para dar certo. Você consegue tudo que você quiser e desistir jamais. Enquanto você tiver fôlego de vida, lute e vai porque você consegue”.

é uma organização sem fins lucrativos focada em garantir assistência médico-terapêutica de excelência em Ortopedia e Reabilitação. A Instituição atende pessoas de todas as idades, recebendo pacientes via Sistema Único de Saúde (SUS), planos de saúde e particular.

Segundo o coordenador médico Marcelo Ares, o processo de reabilitação da AACD é o ponto de partida para que as pessoas com deficiência física atinjam o seu máximo potencial e tenham autonomia para suas atividades diárias, exercendo plenamente a sua cidadania.

“Contamos com uma equipe multidisciplinar com profissionais focados em oferecer ao paciente todo o apoio necessário, contribuindo para um futuro inclusivo e acessível, para que essas pessoas possam ter autonomia na vida. Dessa maneira, poderão estudar, trabalhar e a garantir acesso a direitos essenciais, como qualquer cidadão”, disse.

Fonte: G1

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