São Paulo Justiça anula julgamento de Paulo Cupertino após réu destituir advogado de defesa; novo júri será marcado Redação11 de outubro de 2024032 visualizações O julgamento de Paulo Cupertino, que começou na tarde desta quinta-feira (10), foi anulado pela Justiça de São Paulo no início da noite após o réu destituir o seu advogado por se sentir “indefeso”. A informação foi confirmada pelo Tribunal de Justiça (TJ) por meio de sua assessoria de imprensa. Um novo júri será marcado pelo juiz Antonio Carlos Pontes de Souza para julgar o empresário e os dois amigos dele no processo que apura os assassinatos de Rafael Miguel e dos pais do ator em 9 de junho de 2019 na Zona Sul da capital paulista. Até a última atualização desta reportagem, no entanto, o magistrado ainda não havia marcado uma data. Segundo o Ministério Público (MP), Cupertino matou com 13 tiros Rafael, de 22 anos, e o casal João Alcisio Miguel, de 52, e Miriam Selma Silva Miguel, 50. De acordo com a acusação, o empresário cometeu o crime por ciúmes, por não aceitar o namoro da filha, Isabela Tibcherani, com o ator. Ela tinha 18 anos à época. Atualmente está com 23. O empresário de 54 anos responde ao processo preso. Ele é acusado por triplo homicídio duplamente qualificado, por motivo fútil e recurso que impossibilitou a defesa das três vítimas. Os outros dois réus no mesmo processo são Eduardo Jose Machado, de 45 anos, e Wanderley Antunes Ribeiro Senhora, de 59. O MP os acusa de favorecimento ilegal porque, segundo a denúncia, ajudaram Cupertino a fugir e a se esconder após assassinar Rafael e a família. Ambos respondem em liberdade. Cinco anos após o crime, o julgamento de Cupertino havia começado por volta das 15h30 no Fórum Criminal da Barra Funda, Zona Oeste. Mas foi anulado pelo juiz do caso às 19h30 após o empresário desistir da defesa de seu advogado, Alexander Neves Lopes. Segundo Alexander Neves Lopes, advogado destituído pelo réu, Cupertino o desconstituiu “porque ele achou que tudo aquilo era um grande circo, porque ora ele ficou com algema, depois sem algema. Simplesmente por isso”. Com a lei não permite que um réu seja julgado sem um defensor, coube ao magistrado dissolver o Conselho de Sentença para o réu constituir um novo advogado, que precisará se inteirar do processo. Além disso, outros sete jurados terão de ser escolhidos novamente. E, apesar de terem ocorrido dois depoimentos nesta tarde, as testemunhas serão ouvidas de novo. Ex-mulher de réu depõe primeiro Vanessa Tibcherani, de 44 anos, é ex-esposa de Cupertino e mãe de Isabela. Ela estava com a filha quando as três vítimas foram mortas na frente da casa em que morava, na Estrada do Alvarenga, no bairro Pedreira. Câmeras de segurança gravaram o crime (sabia mais abaixo). Segundo Vanessa, quem cometeu o crime foi o ex-marido dela. Ela foi também a primeira das 15 testemunhas a ser ouvida nesta tarde. Falou por cerca de uma hora e meia na presença do ex-marido, que permaneceu algemado. Depois do depoimento dela, quem falou foi Isabela. A estudante, porém, pediu para ser ouvida sem a presença do pai. Cupertino, que usava roupas civis em vez do uniforme de presidiário, foi retirado do plenário. Justamente após a filha dar sua versão, o réu decidiu destituir sua defesa. O crime Câmeras de segurança gravaram quando um homem atira em Rafael, João e Miriam em frente à casa em que Isabela morava com a mãe. Ela e Vanessa viram a chacina, mas não foram atingidas pelos disparos. Ambas contaram à polícia que quem atirou nos três foi Cupertino, que fugiu após o crime. Segundo elas, é o empresário quem aparece nas imagens dos vídeos. O assassino deu sete tiros em Rafael (um na cabeça, outro no peito, três nas costas e dois no braço esquerdo). João foi atingido por quatro disparos (um no peito, dois no braço esquerdo e outro no braço direito). E Miriam acabou baleada duas vezes (uma no peito e outra no ombro). Mais câmeras de monitoramento registraram o momento em que o assassino fugiu. Cupertino chegou a se esconder em outros estados e países. Ele só foi preso quase três anos após o crime, em 17 de maio de 2022, quando a Polícia Civil o encontrou escondido e disfarçado, com identidade falsa e nome de outra pessoa num hotel em São Paulo. Policiais do Departamento Estadual de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) de São Paulo, chegaram a comemorar a prisão de Cupertino quando o levaram para a sede do órgão. Eles gravaram o preso dentro do elevador, enquanto apontavam o dedo para ele. Cupertino chegou a dizer aos jornalistas que acompanharam sua prisão que ele é “inocente” e não matou “ninguém” (veja vídeo abaixo). Apesar disso, ficou em silêncio quando foi interrogado na delegacia e não falou nada sobre o assassinato e sua fuga. O empresário está preso preventivamente no Centro de Detenção Provisória (CDP) de Guarulhos, na Grande São Paulo. Em novembro de 2022, Cupertino, Eduardo e Wanderley foram interrogados pela Justiça. Naquela ocasião, o empresário optou por ficar em silêncio e não responder aos questionamentos da promotora Soraia Bicudo Simões. Já os colegas dele negaram ao MP, na ocasião, ter envolvimento com o crime. O que diz Cupertino Antes de ser destituído por Cupertino, o advogado Alexander havia dito ao g1 que seu cliente iria alegar no interrogatório no júri que quem atirou nas três vítimas foi outra pessoa. O que diz Eduardo Também procurado pelo g1 antes do júri, o advogado Mario Bernardes de Oliveira, que faz a defesa de Eduardo, contou que estava confiante na absolvição de seu cliente. De acordo com ele, o réu é inocente.“Estamos confiantes que o senhor Eduardo será inocentado, vez que simplesmente ele confiou que o réu Paulo [Cupertino] iria de fato se apresentar perante à polícia. Ele não tinha conhecimento de que o mesmo iria se homiziar. Ele não ajudou na fuga, no dia seguinte ao ocorrido, o Cupertino ligou para ele pedindo ajuda para conseguir um advogado e se apresentar. Foi o único contato que tiveram”, falou o advogado. O que diz Wanderley O g1 não conseguiu localizar os advogados de Wanderley para comentar o assunto até a última atualização desta reportagem. Quando foi interrogado, o réu também negou as acusações de ajudar Cupertino a fugir e se esconder para não ser preso. Fonte: G1