‘Me enfiei numa cama’, relata estudante de medicina que acusa Thiago Brennand de estupro

A estudante de medicina Stefanie Cohen, 30, vive há um ano com o trauma que sofreu do milionário Thiago Brennand, a quem acusa de estupro. Mas, somente agora, depois da prisão do empresário na quinta-feira (13) pela Polícia Federal e pela Interpol nos Emirados Árabes, decidiu mostrar o rosto e revelar o crime do qual foi vítima. “Não dá para dizer que a Stefanie de hoje é a mesma de um ano atrás”. “Eu me enfiei numa cama depois do que aconteceu.”

Um dia após ser preso em Abu Dhabi, nos Emirados Árabes, Brennand se tornou réu por uma nova denúncia apresentada pelo Ministério Público de São Paulo na sexta-feira (14). O empresário, que responde por lesão corporal e corrupção de menores por ter agredido a modelo Helena Gomes em uma academia de luxo em São Paulo, teve um novo pedido de prisão preventiva decretado.

De acordo com a Promotoria de Porto Feliz, no interior de São Paulo, cidade onde o réu morava antes de deixar o Brasil, Brennand cometeu cinco vezes os crimes de estupro, cárcere privado, tortura, lesão corporal gravíssima, coação no curso do processo, constrangimento ilegal por três vezes, quatro ameaças, além de registro não autorizado da intimidade sexual e divulgação de cena de estupro ou sexo por oito vezes.

Em outubro do ano passado, Stefanie se lembra que conheceu o empresário em um restaurante de São Paulo. “Cheguei atrasada, mas todo mundo sabia que eu era a Miss São Paulo”, recorda. “Ele me abordou, perguntou se eu precisava de alguma coisa, o que eu fazia da vida, falou que a família dele tinha hospitais”, diz. Depois, a estudante afirma que ele encontrou seu perfil nas redes sociais. “Ele era respeitoso e atencioso. No Instagram dele tinha fotos de família, nada que chamasse a minha atenção.”

Uma semana depois, Brennand a convidou para jantar. No restaurante, lembra Stefanie, ele pediu duas caipirinhas e as refeições. Momentos depois de ingerir a bebida, a estudante relata ter começado a se sentir mal. “Ele aparentava ser cliente regular do restaurante, pediu as bebidas e as comidas. Mas, depois, comecei a me sentir mal e desorientada.” Ao perceber que Stefanie se sentia mal, Brennand teria então oferecido ajuda e a levado a um hotel.

No hotel, segundo Stefanie, ocorreu o estupro. “Cheguei no dia seguinte com uma mordida no braço, perto do ombro”, diz. “Estava com muita dor, consegui marcar a ginecologista na segunda-feira e, segundo os exames, eu estava com pequenas fissuras nas partes íntimas e com fissuras anais. Tive que usar uma pomada por 10 dias. Foi a pior consequência física de todas. Minha região íntima toda ficou muito machucada.”

Além do estupro, Stefanie afirma que Brennad gravou um vídeo dela sem autorização no momento do crime. “Infelizmente, só lembro da pior parte, lembro de ele ter feito o vídeo. Ele ficou tentando forçar e eu falava que não. Mas, ele insitia. Aquilo me deu um desespero. Ele forçou uma relação anal.”

No dia seguinte, de acordo com Stefanie, Brennand enviou o vídeo pelo WhatsApp. “Ele me mandou o vídeo, mas só consegui assistir até ver o meu rosto”, diz ela. A estudante afirma ainda que, no dia seguinte Brennand, queria levá-la para uma fazenda, mas ela conseguiu fugir ao fazer com que o segurança do empresário fosse embora. “Ele sabia que se vazasse um vídeo meu ele acabaria com a minha vida.”

Ao acompanhar a repercussão do caso e os depoimentos da modelo Helena Gomes, vítima de agressão física de Brennand na academia, Stefanie disse que decidiu revelar os detalhes do estupro. Até então, nem mesmo os familiares da estudante sabiam que ela havia sido vítima do empresário. “Cheguei em casa, contei para a minha mãe e implorei pelo sigilo médico. Tive acompanhamento psicológico e só contei para as minhas amigas mais próximas.”

Stefanie afirma que a ginecologista que a acompanhava chegou a entrar em contato com a coordenação do curso de medicina da faculdade em que estudava para explicar o motivo das ausências da estudante. Tudo, porém, sob sigilo. “Tive que fazer provas com atestado. A faculdade teve que me dar uma chance de fazer as provas de novo.”

A estudante passou a falar sobre o crime recentemente. “Só comecei a perceber que precisava tocar no assunto quando tudo isso veio à tona. Agora, percebi que faz parte do meu processo de cura falar sobre isso”, diz ela, que saiu de casa para viver em um lugar sob proteção. “Ele estava preso, esse é o momento de mostrar o rosto como vítima sexual. Pensei que isso geraria novas denúncias e estão surgindo novas vítimas.”

O violência de Brennand interrompeu a vida de Stefanie de diferentes formas. “Estava muito feliz por ter conquistado o Miss São Paulo”, lembra. “Mas, depois do estupro, minha primeira sensação foi ter sentido muito nojo do meu próprio corpo, tinha repulsa, queria vomitar. Acreditei no que ele dizia que meu corpo era feio, que eu era flácida. Fiquei nesse estágio e só melhorei esse ano.”

Em fevereiro, Stefanie lembra que participaria de um concurso fora do Brasil, o que a fez sentir coragem de seguir apesar do abuso. “Tinha que representar São Paulo num concurso e, querendo ou não, por mais que eu não estivesse segura, eu tinha que continuar. Ele já tinha prejudicado muito. Estava muito abalada, mas tinha um propósito.”

Aos poucos, Stefanie retornou a rotina, mas alguns aspectos não são mais os mesmos. “Minha relação com os homens nunca mais foi a mesma. Tenho medo de ser abordada por uma pessoa que possa fazer algo contra mim.” Além disso, sempre que assiste às notícias sobre Brennand, Stefanie revive o abuso sexual. “Você acha que está melhorando, mas ver a cara dele na TV faz essa ferida vir à tona. Eu não aguentava mais ver a cara dele sem fazer alguma coisa.”

Assim, ao assistir aos depoimentos de Helena Gomes, Stefanie decidiu falar. Depois, ao saber da prisão de Brennand, optou por mostrar o rosto. “Me culpei durante muito tempo por não falar sobre isso, não conseguia dormir. Mas, agora, tento encorajar outras pessoas pensando em dar uma cura. Se todo mundo falar, ele pode ser derrubado.”

A estudante acredita que, agora, trata-se de uma questão de tempo para Brennand voltar ao Brasil e ser punido. “Eu não falava sobre isso com ninguém, só chorava. Mas, não queria ser a vítima só chorando o tempo inteiro, não é porque ele é rico, que temos que aguentar isso pelo resto da vida”, afirma. “Sei que tem muitas vítimas pensando que não vai ter Justiça, que ele vai ser solto. Mas é o momento de denunciar para mudar.”

Fonte: Com informações da Agência Estado

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