Ministério da Saúde pretende entregar vacinas contra dengue na segunda semana de fevereiro

O Ministério da Saúde quer começar a distribuir a vacina da dengue a partir da segunda semana de fevereiro para as 521 cidades com alto índice da doença. A informação foi dada nesta terça-feira (30) pela ministra da Saúde, Nísia Trindade, em reunião de emergência com o Distrito Federal e sete cidades do Entorno. “Ainda não começamos a distribuição porque estamos atendendo uma regulação técnica da Anvisa. Assim que tivermos ela pronta, começamos a distribuição”, informou Nísia.

Parte da regulação, segundo a pasta, é ter as informações da vacina em português. A expectativa do Ministério é que as demandas sejam atendidas na próxima semana para que na seguinte se inicie a distribuição.

Neste ano serão distribuídas 6,5 milhões de doses, e para 2025 o Ministério comprou 9 milhões de doses. O público-alvo serão crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, faixa etária que apresenta o maior número de hospitalizações por dengue, depois dos idosos, segundo o Ministério da Saúde.

As cidades foram selecionadas segundo os municípios com mais de 100 mil habitantes; que possuem alta transmissão de dengue e com maior número de casos em 2023 e 2024; e predominância da dengue tipo 2 em dezembro do ano passado. A pasta não informou a quantidade de doses destinadas a cada município.

Entre os sintomas mais comuns da doença estão dores de cabeça e atrás dos olhos, febre e manchas pelo corpo. Nos casos mais graves, como a dengue hemorrágica, pode haver dor abdominal, vômito, sonolência, tontura e sangramentos. Segundo a especialista Carla Kobayashi, é importante buscar ajuda médica e tratar os sintomas desde o início, mantendo-se hidratado.

Como funciona
A Qdenga é baseada no vírus vivo e atenuado do sorotipo 2 da dengue. Segundo o fabricante, é ele que fornece a “espinha dorsal” genética para haver a proteção contra os demais sorotipos. O esquema vacinal inclui duas doses subcutâneas com intervalo de três meses entre elas. A proteção contra a doença deve ter duração de até cinco anos.

Eficácia
A aprovação da Qdenga pela Agência Europeia de Medicamentos (EMA) serviu como base para a decisão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), em março de 2023.

Ao órgão europeu, a Takeda apresentou dados de 19 estudos científicos que envolveram 28 mil crianças e adultos.

O ensaio clínico final demonstrou que o imunizante foi capaz de prevenir 80,2% dos casos sintomáticos de dengue 12 meses após a vacinação.

O estudo mostrou que a vacina evitou em 90,4% as hospitalizações em casos de dengue em um prazo de 18 meses após as injeções. Após 4,5 anos da vacinação, a eficácia para casos sintomáticos caiu para 61%, mas a prevenção de internações hospitalares se manteve alta, em 84%.

Como funciona
Na prática, o vírus existente na vacina não é capaz de causar doença nas pessoas que recebem a vacina. Ainda assim, existem contraindicações. Segundo o laboratório, os seguintes grupos não devem receber a Qdenga:

  • Pessoas com imunodeficiência congênita ou adquirida, incluindo terapias imunossupressoras, como quimioterapia ou altas doses de corticosteroides sistêmicos nas quatro semanas anteriores à vacinação;
  • Indivíduos com infecção sintomática pelo HIV ou com infecção assintomática pelo HIV quando acompanhados de evidência de comprometimento da função imunológica; e
  • Grávidas e lactantes.

Efeitos colaterais
Os estudos apontaram uma série de possíveis efeitos colaterais após a vacinação.Os mais comuns (afetaram mais de uma em dez pessoas) foram:

  • dor no local da injeção;
  • dor de cabeça;
  • dores musculares;
  • vermelhidão no local da injeção;
  • mal-estar;
  • fraqueza;
  • infecções no nariz ou garganta;
  • febre.

Os efeitos adversos considerados comuns (afetaram até uma em cada dez pessoas) foram:

  • inchaço no local da injeção;
  • dor ou inflamação no nariz, ou garganta;
  • coceira no local da injeção;
  • inflamação da garganta e amígdalas;
  • dor nas articulações;
  • sintomas gripais.

Outros sintomas mais incomuns, como diarreia, coceira e erupções na pele, também foram identificados nos estudos.

Fonte: r7

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