O empresário Fernando Sastre de Andrade Filho, condutor do Porsche que bateu no Sandero do motorista de aplicativo Ornaldo da Silva Viana e causou sua morte na madrugada do último domingo (31) em São Paulo, bebeu “alguns drinks”, foi a uma casa de pôquer, discutiu com a namorada e “acelerou” o carro de luxo antes do acidente.
A informação é de uma estudante que namora Marcus Vinicius Machado Rocha, amigo de Fernando que estava no Porsche como passageiro. Até a quinta-feira (4), o namorado dela continuava internado na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital São Luiz Anália Franco, na Zona Leste, sem previsão de alta. A estudante ainda disse que ele está entubado, com quatro costelas quebradas e teve o baço retirado numa cirurgia.
A garota deu depoimento na quarta-feira (3) no 30º Distrito Policial (DP), Tatuapé, acompanhada de seu advogado, José Roberto Soares Lourenço, que também defende os interesses de Marcus. O rapaz ainda não foi ouvido pela investigação.
Marcus, de 24 anos, estava no banco do carona do Porsche quando ocorreu a batida depois de um posto de combustíveis na Avenida Salim Farah Maluf, no Tatuapé. Fernando, de 24 anos, teria tido um corte na boca, mas não foi levado a nenhum hospital. Ornaldo, de 52, chegou a ser socorrido, mas morreu depois (saiba mais abaixo).
Procurado pelo reportagem, Lourenço disse que seus clientes não vão falar com a imprensa neste momento.
“Marcus continua internado e demais informações quanto ao estado de saúde a família não autorizou a passar”, falou o advogado.
‘Ingeriram alguns drinks’
Segundo a namorada de Marcus, os dois, Fernando e a namorada do empresário se encontraram por volta das 21h30 de sábado (30) no restaurante Pocheteria, na Rua Professor João de Oliveira Torres, no Tatuapé.
“Porém, não os viu ingerir bebida alcoólica” na casa de pôquer, segundo a testemunha. Ela disse que todos deixaram o lugar por volta das 2h de domingo, quando “perceberam que Fernando estava um pouco alterado, iniciando uma discussão” com sua namorada, que pedia “que Fernando não dirigisse”.
Vídeos gravados por câmeras de segurança mostram um pouco dessa discussão (veja acima).
“Não chegaram a um acordo e Fernando não quis deixar outra pessoa dirigir o seu veículo”, contou a testemunha. Nesse momento, “Marcus Vinicius se dispôs a ir com Fernando para que este não fizesse nada de errado.”
A jovem falou que o “planejado seria ir até a casa de Fernando, deixá-lo lá”, onde ela pegaria Marcus e também levaria a namorada do empresário para casa no mesmo veículo.
Saíram, então, da casa de pôquer, Fernando dirigindo seu Porsche com Marcus no banco do carona e as duas jovens em outro automóvel, como mostram imagens de câmeras de segurança.
A testemunha disse ainda que tentou segui-lo, mas como estava devagar, decidiu ligar para Marcus, que “atendeu com voz muito fraca, dizendo que haviam sofrido um acidente”.
Em seguida, a garota falou que ela e a namorada de Fernando chegaram ao local da batida. E que viu Marcus “descendo do carro e caindo no chão, alegando estar sentindo muitas dores”.
A testemunha contou ainda que “viu Fernando saindo do veículo e sentando no chão em estado de choque. Ela ainda disse que tentou ajudar outras pessoas no socorro de Ornaldo, iluminando o veículo com a luz de seu celular. Em seguida, uma ambulância dos Bombeiros o socorreu.
A garota comentou que ela e a namorada do empresário ficaram próximas de Marcus e Fernando. Em seguida, apareceu a mãe do motorista do Porsche, Daniela Cristina de Medeiros Andrade, e uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) chegou e levou Marcus.
Vídeos gravados por testemunhas mostram os dois amigos sentados na calçada após o acidente. Eles aparecem cercados por algumas pessoas.
Empresário pagou R$ 300 em ‘open bar’
Fernando pagou R$ 300 para entrar na casa de pôquer, segundo uma das sócias do Encore Bar e Restaurante LTDA, nome fantasia do estabelecimento. A proprietária prestou depoimento à polícia na quarta.
Ela contou que o empresário ficou cerca de 2h30min na casa, que tem “open bar”, com comida e bebida inclusos no valor da entrada. Mas “não sabe informar se Fernando ingeriu bebida alcóolica”.
A mulher ainda falou que as câmeras de segurança da Encore gravam as imagens por 3 horas, e que “após isso, os novos registros são regravados em cima dos antigos”. A polícia foi ao local e apreendeu computadores para tentar ver as imagens. Mas investigadores acham que elas não mostrarão o momento que Fernando estava na casa.
Segundo os policiais, o empresário pagou R$ 400 para jogar no estabelecimento e ganhou R$ 675 nas apostas. De acordo com a investigação, a proprietária da casa de pôquer apresentou os alvarás que comprovam que o local funciona de forma legal.
Fonte: G1