‘Muito crítico’: avião aterrissou ‘bem à frente’ do ponto ideal em Ubatuba, diz CEO de concessionária do aeroporto

O avião que ultrapassou a pista do aeroporto em Ubatuba e explodiu na praia nesta quinta-feira (9) utilizou menos pista do que tinha disponível — e ela já era considerada insuficiente para um pouso seguro. Isso é o que revela em entrevista ao g1 Marcel Moure, CEO da Rede VOA, concessionária que administra o aeroporto.

➡️O aeroporto de Ubatuba fica em frente à praia, com o mar à sua frente e a serra atrás. Na direção em que o avião pousou, a pista tem 560 metros disponíveis para pouso — embora tenha 940 metros de extensão. Além disso, o manual da aeronave, obtido pelo g1, aponta que, em pista molhada, o avião precisaria no mínimo de 838 metros para parar.

O CEO da concessionária que administra o local desde 2017 também afirmou que é “muito raro” que um avião deste modelo, com motor a jato, pouse neste aeroporto. Segundo Moure, o aeroporto recebe essencialmente helicópteros e aeronaves turboélice.

📍 Diferença entre as aeronaves: as turboélices foram projetados para operar em altitudes menores e em velocidade média de 500 km/h, enquanto os a jato voam mais alto e em velocidade de 800 km/h.

“A aeronave a jato tem maior velocidade também para pousar. Ela pousa com mais velocidade que uma turboélice”, explica Moure.

Aeroporto opera em condições visuais, e responsabilidade final é do piloto
O Aeroporto de Ubatuba é o principal aeroporto de turismo do litoral norte de São Paulo. São cerca de 95 pousos e decolagens por semana, sendo 60% deles concentrados aos sábados e domingos, de acordo com o CEO.

Em 2024, foram cerca de 5 mil pousos e decolagens no aeroporto. Para efeito de comparação, no Aeroporto de Jundiaí foram cerca de 50 mil, conta o presidente da Rede VOA, que administra 16 aeroportos no estado de São Paulo.

🛫 Com uma pequena movimentação anual, o local opera apenas em condições visuais e não possui torre de controle.

📻As torres de controle são exigidas em aeroportos com movimentação acima de 30 mil pousos e decolagens por ano. Entre 15 e 30 mil, os locais precisam contar com uma espécie de rádio, que presta informações sobre as condições do local, inclusive meteorológicas.

“Lá nós não temos isso. A VOA já protocolou, nós temos solicitado, estamos estudando isso com o Decea, entramos numa ordem de prioridade para podermos ativar um procedimento de instrumento, não pela Serra, mas provavelmente pelo mar, para poder trazer lá no mar, que aí você não tem os obstáculos [dos morros]”, explica Moure.

Marcel Moure contou que, no caso da aeronave que se acidentou em Ubatuba, havia um plano de voo autorizado: o avião sairia de Goiás e pousaria em Ubatuba. Se, ao chegar em Ubatuba, o piloto considerasse que as condições não estavam boas para o pouso, ele poderia seguir e pousar em São José dos Campos.

Abaixo de cinco mil pés (1.524 metros), Moure explica que a responsabilidade de pouso é do comandante da aeronave. “Existe um conceito na aviação que é a percepção situacional, e isso é muito subjetivo. Se a gente parar para pensar, a tomada de decisão é em frações de segundos”.

O CEO destaca ainda que as condições meteorológicas do momento estavam “degradadas”. Nas imagens gravadas por testemunhas do acidente, é possível observar um forte nevoeiro na região das montanhas.

Fonte: G1

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