Baiana radicada nem São Paulo há 11 anos, a comerciante Ângela Alves de Oliveira teve a loja invadida e saqueada por usuários de droga da Cracolândia, no Centro de SP, na noite desta quarta-feira (1) e se diz “desolada e triste” com o prejuízo de mais de R$ 80 mil.
Em entrevista ao SP2, ela contou que essa foi a segunda vez que a loja de eletrônicos dela e do marido, a Carlos Eletrônicos, foi invadida por dependentes químicos na rua Santa Ifigênia, desde o início da pandemia.
Devendo dois meses de aluguel da empresa, por causa do último saque e dos efeitos nocivos da Cracolândia no movimento do comércio da região, Ângela afirmou que agora está completamente falida e sem condições de se reerguer.
Segundo a empresária, na noite de quarta (1), por volta das 21h, ela recebeu ligações dos vizinhos da loja informando sobre a tentativa de saque no estabelecimento.
Ela e o filho tentaram ir ao local para impedir a ação dos usuários de drogas, mas foram agredidos pelo grupo.
“Os vizinhos começaram a ligar e quando a gente desceu, para tentar evitar e conversar para não arrombar a loja. Mas eles já começaram a jogar pedra, atirar faca. Tinha um ou outro que levantou arma. A gente teve que voltar e esperar que levassem tudo”.
Ângela tem três filhos. A menor tem apenas nove anos de idade. A família mora de aluguel no Centro e, desde 2016, está na fila da Prefeitura e do Governo de São Paulo para adquirir uma casa própria financiada pelo Poder Público.
“Preciso de um novo trabalho ou alguém que me financie uma máquina de sorvete, para eu começar a trabalhar e pagar quem eu devo. Porque meu pai me ensinou que a única coisa que a gente tem na vida é o nome da gente. Que você nunca pode sujar esse nome. Preciso de uma ajuda para voltar a viver e trabalhar e ser digna de levar o pão de cada dia para casa, pagar os clientes que me confiaram o celular e que também não tem dinheiro pra comprar outro”, desabafou.
O que diz a SSP
Por meio de nota, a Secretaria de Segurança Pública de São Paulo (SSP) disse que a Polícia Civil já está conduzindo diligências no local com o objetivo de coletar informações que possam auxiliar no registro e na identificação dos envolvidos.
“Até o momento, não foi encontrado o boletim de ocorrência relacionado ao caso. É imprescindível o registro formal das ocorrências para auxiliar nas investigações e na reorientação do patrulhamento ostensivo nas ruas”, afirmou.
Apesar da nota da polícia, a empresário não se conforma com o descontrole da violência na Santa Ifigênia, por causa da Cracolândia.
Fonte: G1