Nunes critica Uber por também oferecer transporte por moto em SP: ‘estou indignado de ver uma empresa só visando o lucro’

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), criticou nessa quarta-feira (22) a decisão da empresa de aplicativo Uber de também oferecer o serviço de transporte de passageiros por moto na capital paulista, a exemplo da concorrente 99. Segundo ele, a empresa só visa o lucro e desconsidera o risco à vida das pessoas.

O anúncio ocorreu em meio a uma disputa jurídica entre a Prefeitura de São Paulo e a 99.

Quando a 99 anunciou o serviço, Nunes chegou a dizer que a empresa iria promover uma “carnificina” na cidade em razão da falta de segurança das motos e pediu à população que não usasse o serviço. Desde então, a prefeitura tem feito apreensões de motocicletas que estavam sendo usadas como mototáxi.

A Uber informou que resolveu colocar a plataforma de motos no ar depois que uma nova decisão judicial impediu que a concorrente 99 fosse multada em R$ 1 milhão por dia por manter o serviço no ar, apesar de um decreto do prefeito Ricardo Nunes (MDB) proibir esse tipo de serviço na cidade.

Durante uma entrevista à imprensa na Zona Sul, o prefeito afirmou nesta quarta que vai apresentar uma queixa-crime contra as duas companhias para que sejam investigadas pela Polícia Civil por infração da lei municipal.

“Vamos entrar hoje com uma ação junto à Polícia Civil comunicando o descumprimento da legislação e fazendo uma queixa-crime, um comunicado de descumprimento. Isso vai ensejar um inquérito policial porque a gente tem apresentado dado, tem conversado e falado que essa atividade vai aumentar o número de óbitos. Mesmo assim, eles insistem em fazer essa atividade”, declarou.

Ricardo Nunes também afirmou que notificou a 99 e vai notificar a Uber informando que, caso não desistam de oferecer o serviço e descumpram o decreto municipal que proíbe esse tipo de transporte, passarão a ter a cobrança de multa de R$ 50 mil por dia.

De acordo com o prefeito, desde o início de janeiro, a cidade já tem cerca de 100 motociclistas internados nos hospitais municipais em razão de acidentes como moto.

Desse total, 47 motociclistas aguardam na fila para a realização de cirurgias.

“Os dados são assustadores com relação ao número de acidentes e óbitos. A gente tem agora 100 pacientes que estão internados por causa de acidentes de moto, só os ocorridos em 2025. 100 pessoas internadas nos equipamentos públicos municipais, com todo o custo da prefeitura. Ortopedia, raio-x, médico, remédio, cirurgia. Tudo isso é custo da Prefeitura de São Paulo, além de 47 estarem aguardando cirurgia, porque tiveram alguma fratura no corpo”, disse.

Uber também entra na briga

Conforme o g1 publicou, a Uber lançou na manhã desta quarta-feira (22) seu serviço de moto na cidade de São Paulo

Em comunicado distribuído à imprensa, a Uber afirmou que, a exemplo da 99Moto, o Uber Moto também estará presente apenas fora do centro expandido da capital paulista.

Na avaliação da empresa, isso “permitirá uma análise cuidadosa da sua demanda e utilização, ao passo que atende também quem mais precisa de alternativas acessíveis de mobilidade na capital”.

Em seu comunicado, a Uber ressaltou que, na decisão, “o juiz lembrou que a modalidade já está presente em diversas capitais do país, argumentou que está ‘pacificado pelo julgamento do Tema 967 do STF que é inconstitucional a proibição ou restrição de transporte privado individual por motorista cadastrado em aplicativo, por constituir violação aos princípios da livre iniciativa e da livre concorrência’”.

A Uber destacou ainda que o juiz “apontou para julgamentos anteriores de outros municípios e estados que consideraram inconstitucionais leis que tentaram proibir o serviço”.

A empresa argumentou que o serviço Uber Moto já está presente em várias partes do país e “tem se estabelecido como alternativa em especial onde o transporte público é menos presente, principalmente nas regiões periféricas das cidades, com os preços em média 40% mais baixos do que o UberX”.

Na época, o aplicativo foi justamente alvo do decreto Municipal nº 62.144/2023, do prefeito Ricardo Nunes, impedindo qualquer operação de transporte de passageiro por meio de motos na cidade.

Fonte: G1

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