O governo de São Paulo liberou nesta quinta-feira (25) a retomada das obras do trecho Norte do Rodoanel Mario Covas (SP-021), depois de oito anos de atraso na entrega do complexo rodoviário.
A construção era para ter sido entregue inicialmente em 2016, mas passou por sucessivos atrasos em quatro gestões diferentes de governadores do PSDB.
A previsão Via Appia, empresa que vai administrar a retomada e o pedágio cobrado nela após o fim da construção, é que o primeiro trecho seja entregue já no próximo ano, em 2025, e a obra total seja completamente finalizada até 2026.
As obras estavam abandonadas a quase seis anos e o investimento estimado para retomada é R$ 2,5 bilhões. Segundo o governo paulista, mais de 10 mil empregos devem ser gerados até a conclusão.
O contrato assinado entre o governo de SP e a Via Appia Fip Infraestrutura, da Corretora Sita, que venceu o leilão no ano passado, é de R$ 3,4 bilhões. Valor que também inclui toda a implantação do sistema de pedágios e contratação de pessoal e manutenção.
O governo paulista diz que retomada da obra se dá seis meses antes do previsto pela atual gestão.
De acordo com a gestão Tarcísio de Freitas (Republicanos), para garantir a agilidade e a eficiência do sistema viário, as obras foram divididas em dois trechos: o primeiro entre as rodovias Presidente Dutra e Fernão Dias, com previsão de entrega para setembro de 2025; e o segundo da Fernão Dias até a Avenida Raimundo Pereira de Magalhães, na capital, com conclusão até setembro de 2026.
Após as obras, o consórcio Via Appia será responsável operação e manutenção do trecho Norte por 31 anos.
Na etapa atual, as obras começam pelo primeiro trecho com a limpeza da faixa de domínio, drenagem, terraplenagem, pavimentação e abertura de acessos, além da construção e complementação de quatro viadutos que interligam a Dutra ao início do trecho norte do Rodoanel.
Os serviços fazem parte do Programa de Concessões Rodoviárias do Estado de São Paulo e são fiscalizadas pela Agência de Transporte do Estado de São Paulo (Artesp).
O trecho Norte do Rodoanel tem 44 km de extensão e seu trajeto passa pelos municípios de São Paulo, Arujá e Guarulhos, na Grande São Paulo. Com a conclusão dessas obras, que estão paradas desde 2018, o Rodoanel, que é um anel viário que liga todas as principais rodovias que chegam à capital, passará a contar com 175 quilômetros de extensão.
Serão quatro pontos de cobrança de pedágio, mas sem as tradicionais cabines. Os motoristas vão pagar por tags ou aplicativos.
“O Rodoanel Norte também vai melhorar a infraestrutura viária e logística na Grande São Paulo, reduzindo o tempo das viagens e a poluição atmosférica e sonora. O novo trecho também vai facilitar o acesso ao Porto de Santos, ampliando a capacidade de escoamento das exportações e importações nacionais”, afirma o governo paulista.
Atrasos
A obra era para ter sido entregue em 2014, mas passou por sucessivos atrasos. Em setembro de 2020, o então governador, João Doria, anunciou a retomada e que o trecho deveria ficar pronto em 2023.
A obra parada também virou descarte de lixo. A TV Globo flagrou dois homens que pararam uma camionete lotada de entulho e jogaram no meio da futura rodovia.
O trecho pendente do Rodoanel deve ligar a cidade de São Paulo à Rodovia Presidente Dutra e já custou mais de R$ 6,3 bilhões, valor 50% acima do previsto inicialmente segundo o Tribunal de Contas do Estado (TCE).
Um estudo do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), contratado pelo governo de São Paulo, encontrou, em fevereiro de 2020, quase 1.300 falhas no projeto e na estrutura da construção.
Pelo estudo, 59 pontos são considerados grandes falhas construtivas, como erosão em terrenos e estruturas, colunas desalinhadas e infiltrações.
Fonte: G1