‘Oferta de curso técnico deve crescer com o novo ensino médio’, diz especialista

por Redação

Fernanda Fujishima tem 19 anos e sonha em abrir a própria empresa. Cursando ciências da tecnologia na UFABC (Universidade Federal do ABC), a jovem descobriu a paixão pela área em que atua e pelo empreendedorismo durante o ensino técnico.

Após cursar o ensino fundamental com bolsa em uma escola particular, Fernanda conseguiu uma vaga em uma Etec (Escola Técnica de São Paulo) para cursar automação industrial integrado ao ensino médio, finalizado em 2019. “Na escola, eu gostava muito de matemática e das aulas de robótica, mas no curso técnico eu aprendi muito com os professores e me encontrei na área de tecnologia”, conta.

No início de 2020, Fernanda conquistou um emprego como aprendiz em uma multinacional e hoje já atua à frente das operações de marketplace de outra empresa do grupo. “Consegui esse emprego por causa do curso técnico. Fiz dois anos de cursinho para ingressar em uma universidade pública e tenho a intenção de estudar no exterior. Penso em uma graduação sanduíche ou mesmo uma pós, pretendo viver fora do país nos próximos anos.”

Entre os planos, a futura engenheira pretende abrir a própria empresa de desenvolvimento de softwares.

Um estudo com gestores de empresas de todo o país mostra que jovens com formação técnica no ensino médio têm mais emprego formal e evolução na carreira. Segundo o estudo, 42% das empresas informam que os jovens com formação técnica permanecem e evoluem de cargo. Além disso, 61% afirmam ter pelo menos um gestor que já ocupou cargo técnico na companhia.

“Ainda temos um percentual baixo de matrículas no ensino técnico no Brasil, ainda há o estigma de que a modalidade se encerra nela mesma, o que é falso, pois muitos jovens continuam a estudar e cursam uma universidade”, explica Carla Chiamareli, gerente de gestão do conhecimento do Itaú Educação e Trabalho, um dos responsáveis pela pesquisa.

Outro estudo, realizado pela Plano CDE, mostra que 77% dos jovens desconhecem o ensino técnico, mas a maioria (69%) optaria por essa modalidade se tivesse conhecimento e acesso. “O número baixo de matrículas também está associado à abrangência. Nem todos os estados possuem essa modalidade, e muitos estudantes consideram a forma de acesso, os vestibulinhos, algo fora do alcance deles”, avalia Carla.

A pesquisa também revela que as empresas buscam cada vez mais profissionais com melhor formação. Neste ano, com a implementação do novo ensino médio, as escolas também podem oferecer cursos direcionados para uma profissão, e em três anos os alunos saem com o certificado de conclusão do ensino médio e o diploma de nível técnico ou profissionalizante. “O novo ensino médio abre uma janela de oportunidade, e o ensino técnico deve crescer nos próximos anos.”

Araripina
A busca por profissionais mais qualificados motivou a criação do curso técnico de sistemas de energias renováveis no município de Araripina, em Pernambuco. A cidade abriga um dos parques eólicos do estado, e a criação do curso atende a uma necessidade local.

Seguindo a BNCC (Base Nacional Comum Curricular), o currículo também atende às empresas da região, ao formar técnicos capazes de trabalhar com energia limpa, e abre novas oportunidades aos jovens da localidade.

Maria Eduarda Lopes, de 17 anos, é uma das alunas. “Eu pesquisei muito antes de ingressar no curso e vi que teria muitas oportunidades no futuro”, diz a estudante. “Gosto muito de saber como as coisas funcionam, gosto de pôr a mão na massa e tenho aprendido muito.”

A estudante pretende prestar vestibular, mas ainda não escolheu o curso. “Penso em ser engenheira, mas, se não der certo, vou cursar direito e prestar concurso público.”

O curso técnico de sistemas de energia renováveis é resultado de uma parceria entre o Itaú Educação e Trabalho, empresas de energia e a Secretaria de Estado da Educação de Pernambuco.

Fonte: Com informações da Agência Estado

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